Capítulo LXXXIX

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POV Autora

As gotas de chuva caindo sobre as plantas do caminho distraem Marjorie da inevitável ansiedade. O calor do carro fechado a conforta, de certa forma. Seu bebê está quieto, dormindo, como um ótimo garoto. Luana e Rafael admiram a paisagem lá fora mas, diferentemente de Marjorie, estão serenos e quietos. Para a felicidade de Marjorie, Luana acaba com o silêncio instaurado dentro do automóvel.

— Nossa, eu nem acredito que vocês vão casar. — Eufórica, como Marjorie não via a irmã há tempos, Luana fala. A menina realmente gosta disso tudo. Gosta de Rafael, gosta da família que Marjorie está criando e a está incluindo, e gosta, acima de tudo, de Roberto. As duas nunca tiveram uma figura masculina em casa, e ter Roberto protegendo-as e cuidando das duas, mesmo sem nenhuma obrigação com a mais nova, a encanta. Para Luana, Roberto é o homem perfeito para Marjorie, e, bom, para Marjorie também.

— Nem eu, Lua. Nem eu. — Marjorie continua a encarar o nada, enquanto responde a irmã. Tudo o que a mulher pensa é no que vai fazer quando isso acabar. Ela não quer que isso acabe, mas e se acabar? E se acabar porque é justamente com ela? Já que nada em sua vida veio fácil. Ela está com medo e, bom, não é pra menos.

— Pai, por que a minha mãe gosta da Marjorie mas você não gosta do tio Fraga? — Inocentemente, Rafael indaga ao pai, que logo encara Marjorie com um olhar cansado.

— Porque o tio Fraga é um... — Antes de completar sua frase, Roberto recebe um olhar repreensivo, lançado por Marjorie, e então logo muda seu discurso. — Porque não concordo com os ideais dele.

— Mas não devemos respeitar quem é diferente? — Os papéis sempre foram invertidos. Luana sempre se pareceu mais com Roberto e Rafael com Marjorie. Não se sabe ao certo o porquê disso, mas Marjorie olha, orgulhosa para o garoto, através do retrovisor interno do carro.

— Se a pessoa defender bandido, não precisamos respeitar. — De forma abrupta e até agressiva, Luana toma a frente antes que Nascimento respondesse ao filho.

— Luana! — Marjorie a repreende, virando o rosto. William possivelmente vai acordar com tanto barulho.

— O quê? Acha que depois de tudo o que eu passei com aqueles caras, eu vou dar moral pra bandido? — Desde que se mudou para Niterói, Luana já não é mais a mesma. E não apenas com Marjorie, mas com muita com em sua vida. Afinal, ninguém ficaria bem depois de tudo o que a menina passou.

— Eu também já passei por muita coisa, mas a gente não pode generalizar. Fora que todo mundo merece uma segunda chance. — Marjorie encara a irmã através do retrovisor interno do carro.

— Merecem bala. — Sabendo das possíveis reações de Marjorie, Roberto fala, implicando com sua mulher.

— Ja chega! — Marjorie dá um tapa forte na coxa do noivo, e o vê sorrir. —  Cuidado com meu pinguinzinho aí atrás.

— Ai, que estranho. Eu namoro o irmão do meu sobrinho. — Rindo, Luana faz uma careta de estranheza, enquanto encara Rafael.

— Até hoje eu não entendi esse namoro de vocês. — Abrindo a boca para que Marjorie lhe dê um biscoito, Roberto fala.

— Quem tem que entender é a gente, né? — Com a resposta na ponta da língua, a mais nova responde.

— Toma o teu. — Marjorie ri da resposta da irmã, enquanto coloca o biscoito na boca de Roberto.

— Mas Rafael é menor de idade. — Em um tom de ameaça, Roberto fala.

— É só que já convivemos muito na escola e depois que vocês ficaram juntos, nós começamos a conviver mais. — Tentando amenizar o clima hostil que sua namorada instaurou, Rafael responde.

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