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POV AutoraAs gotas de chuva caindo sobre as plantas do caminho distraem Marjorie da inevitável ansiedade. O calor do carro fechado a conforta, de certa forma. Seu bebê está quieto, dormindo, como um ótimo garoto. Luana e Rafael admiram a paisagem lá fora mas, diferentemente de Marjorie, estão serenos e quietos. Para a felicidade de Marjorie, Luana acaba com o silêncio instaurado dentro do automóvel.
— Nossa, eu nem acredito que vocês vão casar. — Eufórica, como Marjorie não via a irmã há tempos, Luana fala. A menina realmente gosta disso tudo. Gosta de Rafael, gosta da família que Marjorie está criando e a está incluindo, e gosta, acima de tudo, de Roberto. As duas nunca tiveram uma figura masculina em casa, e ter Roberto protegendo-as e cuidando das duas, mesmo sem nenhuma obrigação com a mais nova, a encanta. Para Luana, Roberto é o homem perfeito para Marjorie, e, bom, para Marjorie também.
— Nem eu, Lua. Nem eu. — Marjorie continua a encarar o nada, enquanto responde a irmã. Tudo o que a mulher pensa é no que vai fazer quando isso acabar. Ela não quer que isso acabe, mas e se acabar? E se acabar porque é justamente com ela? Já que nada em sua vida veio fácil. Ela está com medo e, bom, não é pra menos.
— Pai, por que a minha mãe gosta da Marjorie mas você não gosta do tio Fraga? — Inocentemente, Rafael indaga ao pai, que logo encara Marjorie com um olhar cansado.
— Porque o tio Fraga é um... — Antes de completar sua frase, Roberto recebe um olhar repreensivo, lançado por Marjorie, e então logo muda seu discurso. — Porque não concordo com os ideais dele.
— Mas não devemos respeitar quem é diferente? — Os papéis sempre foram invertidos. Luana sempre se pareceu mais com Roberto e Rafael com Marjorie. Não se sabe ao certo o porquê disso, mas Marjorie olha, orgulhosa para o garoto, através do retrovisor interno do carro.
— Se a pessoa defender bandido, não precisamos respeitar. — De forma abrupta e até agressiva, Luana toma a frente antes que Nascimento respondesse ao filho.
— Luana! — Marjorie a repreende, virando o rosto. William possivelmente vai acordar com tanto barulho.
— O quê? Acha que depois de tudo o que eu passei com aqueles caras, eu vou dar moral pra bandido? — Desde que se mudou para Niterói, Luana já não é mais a mesma. E não apenas com Marjorie, mas com muita com em sua vida. Afinal, ninguém ficaria bem depois de tudo o que a menina passou.
— Eu também já passei por muita coisa, mas a gente não pode generalizar. Fora que todo mundo merece uma segunda chance. — Marjorie encara a irmã através do retrovisor interno do carro.
— Merecem bala. — Sabendo das possíveis reações de Marjorie, Roberto fala, implicando com sua mulher.
— Ja chega! — Marjorie dá um tapa forte na coxa do noivo, e o vê sorrir. — Cuidado com meu pinguinzinho aí atrás.
— Ai, que estranho. Eu namoro o irmão do meu sobrinho. — Rindo, Luana faz uma careta de estranheza, enquanto encara Rafael.
— Até hoje eu não entendi esse namoro de vocês. — Abrindo a boca para que Marjorie lhe dê um biscoito, Roberto fala.
— Quem tem que entender é a gente, né? — Com a resposta na ponta da língua, a mais nova responde.
— Toma o teu. — Marjorie ri da resposta da irmã, enquanto coloca o biscoito na boca de Roberto.
— Mas Rafael é menor de idade. — Em um tom de ameaça, Roberto fala.
— É só que já convivemos muito na escola e depois que vocês ficaram juntos, nós começamos a conviver mais. — Tentando amenizar o clima hostil que sua namorada instaurou, Rafael responde.
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Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO
FanfictionNa favela onde Marjorie cresceu, há pouca expectativa de vida; ou você vira um traficante ou vira fiel de um. Ela não queria isso. Ela não queria ser usada por um traficante como troféu, então decidiu se tornar acompanhante de luxo de ricaços do Leb...