— Califórnia; Lana del Rey______♡______
POV Capitão NascimentoAo chegar em casa, Marjorie já está dormindo. É foda nem sempre estar com ela quando ela dorme, e nem sempre acordar quando ela acorda. Apesar de gostar do que eu faço, eu queria poder ter uma rotina com ela e com Rafael.
Depois do banho, me deito ao lado dela, agarrando seu corpo contra o meu. Inspiro todo seu perfume, dando um beijo no pescoço dela e fecho os olhos. Gosto desse cheiro. Me lembra paz.
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Coloco o fuzil de lado, me apoiando no muro com a mão direita. Tento respirar mas tenho dificuldade nisso. Minha visão está cada vez mais turva e meu braço dormente. Eu vou morrer na favela e nem vai ser por troca de tiro. Porra, tô infartando.
Tudo o que passa na minha cabeça agora é Rafael e Marjorie. Não posso morrer e deixá-los aqui. Rafael não pode ter como figura paterna o idiota do Fraga. E Marjorie... Não posso deixar ela sozinha. Eu não quero deixar ela sozinha.
— Tá tudo bem aí, cara? — A mão de Neto repousa sobre meu ombro.
Ainda me apoiando na parede, uso a outra mão para alargar a gola da minha camisa. Está me sufocando.
Não consigo responder o que ele me pergunta. Só consigo focar em tentar respirar e não cair morto aqui agora.
— Você não tá bem, cara. — Neto pega a arma da minha mão, colocando a bandoleira em si próprio.
— Mathias. Chega aqui. — Em um grito baixo, Neto chama por Mathias. — Capitão não tá bem. Me ajuda a descer com ele.
Meu coração se acelera cada vez mais. É como se a dor e a dormência nos meus braços se intensificassem cada vez mais.
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POV Marjorie CerradoCorrendo pelos corredores desse maldito hospital, procuro por Neto ou Mathias. Um dos dois têm que estar aqui.
Meu coração se acelera tanto que ouço ele bater em meu ouvido. Não gosto desse hospital. Lembro da vez em que Beto tomou os tiros e ficamos aqui. Agora isso. Esse hospital é maldito.Marjorie, deixa de ser louca. O hospital tem o que a ver?
Me aproximo da recepção, falando com a atendente com uma ansiedade inigualável.
— Boa tarde. O senhor Roberto Nascimento foi trazido pra cá com sintomas de infarto. — Comunico.
— Ele foi levado para a sala da médica. Estão conversando.
— Conversando? Mas ele estava passando mal.
— Ele já está melhor, senhora.
— Eu posso entrar?
— Na verdade, não. Se fosse antes, quando ele estava tomando a medicação, até poderia. Mas agora estão conversando e geralmente esses pacientes querem privacidade. — Ai que vontade de dar na cara dessa velha. Eu quero ver meu Beto. Eu só vou descansar quando eu ver ele. Ele estar conversando nao significa que já está bem. Ele precisa de mim. Precisa dos meus cuidados.
Quando a minha visão começa a escurecer, me lembro que estou desde a manhã sem comer nada. Como minha mãe dizia, saco vazio não para em pé. Com dificuldade, sigo para a lanchonete e compro um café com biscoitos e um pão doce. Eu deveria ter tomado café da manhã mas pão doce vai resolver minha breve desnutrição.
Sentada na cadeira próxima a entrada, vejo um rosto conhecido, infelizmente. Mas o que é que esse homem está fazendo aqui?
— Ele já foi atendido. — Diógenes se senta a minha frente, colocando os braços na mesa.
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Insensatos | CAPITÃO NASCIMENTO
FanfictionNa favela onde Marjorie cresceu, há pouca expectativa de vida; ou você vira um traficante ou vira fiel de um. Ela não queria isso. Ela não queria ser usada por um traficante como troféu, então decidiu se tornar acompanhante de luxo de ricaços do Leb...