Capítulo LXXV

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POV Marjorie Cerrado

— Vai embora. — Ameaço fechar a porta, mas Diogenes se coloca entre ela.

— Espera, Marjorie. O que está acontecendo com a gente? — Diógenes se aproxima, segurando levemente o meu braço.

— Você é um criminoso e minha amiga está morta por sua culpa. É isso o que está acontecendo. — Dou um passo pra traz, afastando o corpo dele do meu.

— Vamos conversar direito. — Ele consegue entrar em casa, e então eu fecho a porta. Acho que ele pode ser o desgraçado que for, mas não me machucaria. — Por favor, filha.

— Não temos nada pra conversar! — Grito, me recostando na porta.

— Mas você vai me ouvir e pronto! — A voz de Diógenes é carregada por uma certa frustração e irritação. — Eu posso ser o que você quiser, mas não vou levar a culpa por algo que eu não fiz.

— Fala o que você quer, velho. — Respiro fundo, passando as mãos pelo rosto.

— Porra, Marjorie, eu não mandei Marcelo fazer nada com Ludmilla. Eu juro pra você.

— Eu não acredito em você, maldito. Sai da minha casa.

— Eu acabei com Marcelo por você. Acha que eu faria alguma coisa se eu tivesse mandado ele?

— Você o quê? — Meu olhar segue diretamente até os olhos de Diogenes, sem desviar. Ele que matou Marcelo? Mas eles eram sócios.

— Eu matei aquele desgraçado depois do que ele fez com você e eu não me arrependo. Me arrependo, na verdade, de não ter feito isso antes. Teria te poupado de muita coisa.

— Sabe o que teria me poupado? Você não ter aparecido. Teria me poupado de muita dor de cabeça e de coisas que... — Coloco a palma na testa, respirando fundo e tentando não chorar.

— Desculpa, Marjorie. Eu queria ter cuidado de você. — Se aproximando, Diógenes me prende em seus braços. Merda de velho maldito. Eu odeio como ele me faz duvidar de todas as minhas certezas.

— Espera... Como você fez isso se estava preso? — Me afasto.

— Prefiro que fique sem saber. A ignorância é uma benção.

Nossa conversa é interrompida pela porta se abrindo com ignorância. Assustado, Beto surge na sala. Ao ver Diógenes, suas sobrancelhas se estreitam, e ele guarda novamente a arma que estava em sua mão.

— O que faz aqui? — Se colocando entre mim e Diógenes, Roberto pergunta. Fica lindo de farda.

— Vim ver minha filha e meu netinho. — Com um cinismo evidente no rosto, Diógenes sorri.

— Pode ir embora. Marjorie não quer ver você.

— Eu só vou se a minha filha mandar. — Eu odeio como Diógenes consegue me fazer esquecer de todas as besteiras que ele faz. Só nessa conversa que tivemos, eu já esqueci do desgraçado que machucou ele pode ser e que é. Eu queria que ele ficasse e me falasse as coisas que só ele sabe, mas eu preciso e prefiro esse tempo com Roberto. Diógenes eu vejo depois.

— Diógenes, por favor. Conversamos depois. — De uma maneira mais branda, eu falo. Abro a porta, e Diógenes sai por ela. Antes que eu a feche novamente, Diógenes me lança apenas um olhar melancólico e sai. Ele perdeu tudo. Perdeu trabalho, perdeu Lilian, não que isso seja ruim, mas perdeu muita coisa e eu sinto pena disso. Mas ele procurou. Ele fez por onde.

— Por que deixou esse homem entrar na nossa casa? — "Nossa casa".

— Eu queria ouvir o que ele tinha pra falar.

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