Capítulo 12

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Adoro quartas-feiras....quando são feriados, como hoje.

Acordo às nove, mas fico a mexer no telemóvel e por isso acabo por me levantar às dez e meia. Visto-me e depois saio de casa para fazer uma corrida matinal porque me faz bem ir arejar a cabeça de vez em quando.

Quando volto já é meio-dia e meio e por isso vou tomar banho. De seguida visto as primeiras calças e a primeira camisola que me aparecem à frente e pego num casaco antes de me dirigir para um restaurante perto de casa.

Assim que lá chego peço uma sandes com frango e alface, umas batatas fritas e um Ice Tea. Como com calma e vou observando as pessoas à minha volta. Depois de comer e de pagar saio do restaurante e vejo um jardim com um parque infantil do outro lado da rua. Dirijo-me até lá e sento-me no chão ao pé de uma árvore. Fico algum tempo a observar as crianças a brincar e a pensar em coisas aleatórias que me vêm à cabeça e de repente sinto uma coisa a tocar na minha perna interrompendo os meus pensamentos.

Reparo que é uma bola de futebol e pego nela para poder entregar ao menino que me olha atentamente. Entrego-lhe a bola sorrindo e depois de agradecer, corre para o pé dos amigos para continuarem a brincar. Continuo o que estava a fazer por mais alguns minutos e depois acabo por voltar para casa.  

Quando chego a casa vou até à cozinha beber um copo de água e depois acabo na sala onde guardo o meu piano. Sento-me no banco e toco em algumas teclas apenas para apreciar o som que elas produzem. De repente o Harry invade os meus pensamentos e eu dou por mim a sorrir. Abano a cabeça envergonhada pelos meus próprios pensamentos e começo a tocar a "All of me" do John Legend. Enquanto toco o Niall vem-me a cabeça e em menos de dois segundos humor muda drasticamente. Relembro-me da nossa situação e de repente perco a vontade de tocar seja o que for. Lentamente desloco-me para a sala e ligo a televisão com esperança que esteja a dar algum filme que eu goste. Vejo que estão a dar alguns filmes que conheço mas acabo por escolher um ao calhas e deitar-me no sofá sem sequer prestar atenção à televisão.

Fico no sofá umas duas horas e quando me farto de estar neste estado meio depressivo levanto-me e vou preparar algo para comer. Como não tenho muita fome porque ainda nem oito da noite são, aqueço alguns restos que tinha no frigorífico e volto para o sofá com um tabuleiro no colo. Depois de comer vou guardar tudo na cozinha e fico mais algum tempo na sala, acabando por adormecer no sofá.

Quando acordo reparo que é uma e meia da manhã e por isso desligo a televisão e vou até ao meu quarto. Visto o pijama e deito-me na cama. Fecho os olhos por alguns segundos mas acabo por perceber que agora que acordei, perdi o sono.

Como não vale a pena ficar aqui no escuro sem fazer nada e o meu computador está no andar de baixo levanto-me e é para lá que me dirijo. Ligo o computador e enquanto ele liga vou até à cozinha buscar um bocado de chocolate. Quando me preparo para voltar para a sala olho para a janela e reparo que se conseguem ver mais estrelas do que é normal. Mudo de planos e dirijo-me até ao jardim de trás. Assim que meto um pé na rua percebo o frio que está e corro até à sala para ir buscar o meu telemóvel e uma manta. Quando volto para a rua enrolo à manta e deito-me no chão. Ponho música a dar a partir do meu telemóvel, num som suave e baixo, e pouso as mãos em cima da minha barriga enquanto observo o céu. 

Quando era criança, eu, a minha mãe e o meu pai vínhamos para aqui à noite e ficávamos a falar e a observar as estrelas. Depois o meu pai começou a viajar por causa do trabalho e então passou a ser uma coisa minha e da minha mãe. Com o tempo começámos a fazer isto com menos frequência. Depois quando eles discutiam eu sabia que nem valia a pena perguntar e quando um dia eles decidiram acabar com o seu casamento de 12 anos, nunca mais voltámos a fazer esta pequena tradição de família. Eu tinha apenas 10 anos quando eles se separaram, e não lidei muito bem com isso, chorei dias e dias porque queria que voltássemos a ser uma família feliz e unida, mas isso não ia voltar a acontecer. Fiquei com o meu pai porque a minha escola e amigos estavam aqui e nas férias ia sempre ter com a minha mãe, mas por mais que eles me tentassem compensar com a separação deles, esta casa nunca mais foi a mesma, tudo mudou, e o pior é que nem sempre foi para melhor.

Fecho os olhos e sinto algumas lágrimas a caírem-me dos olhos, eu não gosto de pensar muito nisto porque acabo sempre por chorar, mas de certa forma até me faz bem relembrar o passado, enquanto era uma criança que só queria crescer e nem se apercebia de que aquela era a melhor fase da vida dela, uma criança que não sabia que os pais se iam separar e que não tinha preocupações. Eu choro mas não é só por sentir falta de ter uma família feliz e que está presente, uma família que sou eu, o meu pai e a minha mãe, eu choro também porque são estas memórias que fazem de mim quem sou e porque para além de ter momentos maus que me marcaram, também existem muitos momentos bons e divertidos que eu posso reviver na minha memória sempre que quiser, posso lembrar-me de como era a vida quando vivíamos os três aqui.

Limpo algumas lágrimas e volto a focar a minha atenção no lindo manto azul-escuro cheio de estrelas que se encontra por cima de mim. Antes o meu sonho era conseguir contar todas as estrelas que existiam no céu, mas perdia-me sempre então aos poucos fui desistindo.

Rio com o pensamento, como eu disse, uma criança com a vida toda pela frente e por descobrir. Mais tarde aprendi que as estrelas são infinitas e que não vemos nem metade das que existem e nesse dia ri-me de mim mesma por ter acreditado que conseguia contar todas as estrelas do céu.

Acho que sempre gostei de observar o céu porque é um mar de infinitos, infinitas estrelas, infinito tamanho, um infinito de sonhos...

Olho para o meu telemóvel e vejo que já passam das 3:00 da manhã, desligo a música e vou para a cama. Não devia estar acordada a estas horas porque amanhã tenho aulas, mas se tivesse ficado no quarto não teria dormido na mesma, por isso aproveitei o tempo de uma maneira diferente.

Programo o alarme para amanhã, deito-me e acabo por adormecer, não sem antes pedir para que isto tudo não passe de uma confusão passageira e que amanhã já esteja tudo bem.



Olá!

Espero que estejam a gostar da fic.

Bjs

xxDaniela

Secrets H.S.   #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora