Capítulo 62

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Enquanto caminhamos até ao elevador, sinto alguns olhares curiosos em mim o que me faz aproximar-me mais do Harry e olhar para o chão. O Harry apercebe-se do meu desconforto e aperta-me a mão fazendo-me olhar para ele. Assim que o faço, ele sorri-me e eu retribuo-lhe com um pequeno sorriso.

Entramos no elevador e, depois do Harry carregar no botão do último andar, o mesmo começa a trabalhar. Assim que as portas se abrem, saímos do mesmo e o Harry começa a guiar-me para algum sítio. Para de andar quando nos cruzamos com uma senhora com um sorriso simpático e eu aproveito esse momento para olhar o espaço à minha volta, sempre atenta à conversa deles.

-Chloe, diz que peço desculpa mas a reunião vai ter de ser adiada.- o Harry diz e a senhora que descobri que se chama Chloe, olha para ele com os olhos arregalados.

-Mas senhor...Harry, nós demorámos muito tempo para conseguir esta reunião.

-Eu sei, mas se não fosse importante eu não cancelava a reunião. Diz-lhes que surgiu um imprevisto ou que eu me senti mal. Não sei, inventa qualquer coisa.- ele diz e a Chloe assente- Ah, já agora.- diz voltando a chamar a sua atenção- Não quero ser interrompido até ordem em contrário, seja o que for.- ele informa.

-Com certeza.- a Chloe diz assentindo com a cabeça. Olha para mim de relance e depois começa a andar desaparecendo do nosso campo de visão.

Olho para o Harry confusa mas ele não diz nada. Recomeça a andar e eu continuo a segui-lo até entrarmos numa sala com aspeto de escritório.

O Harry dirige-se até à secretária existente na sala e senta-se na cadeira que se encontra atrás da mesma enquanto eu continuo à porta do escritório sem saber o que fazer.

-Podes-te sentar.- ele quebra o silêncio apontando para uma cadeira do lado contrário da secretária ao que ele está.

-Estou bem em pé.- digo séria enquanto ando até ele. Paro ao lado da cadeira e cruzo os braços olhando para ele- O que raio é que se está a passar? O que é isto?- pergunto olhando à minha volta.

-Isto é uma empresa.- o Harry diz o óbvio e eu reviro os olhos.

-Já tinha chegado aí. Mas é de quê? É de quem? Porque é que tu estás aqui e porque é que toda a gente te olha como se fosse um ser todo poderoso? Porque é que o Louis também faz parte disto? Melhor, quem é o Louis?

-O Louis é o meu melhor amigo. Tu já o conheceste.- o Harry responde calmamente e eu respiro fundo tentando não lhe saltar para cima.

-Eu sei que já o conheci!- digo aumentando um pouco o meu tom de voz- De tudo o que eu perguntei foi só isso que ouviste?

-Era a mais rápida de responder, por isso decidi começar por aí.- ele diz encolhendo os ombros.

-Continua!- mando- Sem mais brincadeiras.- digo séria.

-Ok, eu explico tudo.- ele diz e eu assinto- Tudo começou na faculdade.- franzo a testa mas não digo nada deixando-o continuar a falar- Quando estava na faculdade, a minha mãe tinha uma colega de quarto que se chamava Johannah, é a mãe do Louis já agora.- começa e eu assinto- Elas tornaram-se muito próximas, quase como se fossem irmãs, e, quando saíram da faculdade decidiram criar uma empresa de investimentos e TICS, esta empresa.- diz olhando à sua volta. Aproveito a sua pausa para me sentar na cadeira ao meu lado e vejo-o a sorrir vitoriosamente perante a minha ação- Passado uns anos o Louis nasceu e passado mais uns, nasci eu. Não tenho muitas memórias do tempo em que a minha mãe estava viva, mas lembro-me que vinha para aqui todos os dias, assim como o Louis e lembro-me perfeitamente de andarmos a correr de um lado para o outro enquanto as nossas mães tentavam trabalhar e controlar-nos ao mesmo tempo.- diz focando algo atrás de mim e sorrindo com as memórias- Quando a minha mãe morreu, a empresa ficou apenas na posse da mãe do Louis, e, por mais que ele tentasse, a Johannah nunca deixou o meu pai tocar nesta empresa. O tempo foi passando e eu e o Louis fomo-nos tornando uma espécie de irmãos, tal como as nossas mães, e crescemos a preparar-nos para as substituir. Desde que nos trouxeram aqui pela primeira vez, que nos disseram que um dia isto ia ser nosso. Obviamente seria mais tarde, mas quando a minha mãe morreu a Johannah decidiu que assim que nos formássemos iria passar a diretoria da empresa para nós. Como sabes, o Louis é mais velho, e por isso, ele já trabalha aqui a tempo inteiro, com a orientação da mãe obviamente. E assim que eu me formar é isto que eu vou fazer. Sempre que eu saio à pressa da escola é para vir para aqui porque o Louis precisa de ajuda. Esta empresa é metade minha e metade dele, por isso, eu tenho de fazer a minha parte. Nunca te traí e nunca o vou fazer, porque sejamos sinceros, seria o filho da puta mais burro do mundo se o fizesse, e agradecia que confiasses mais em mim tal como eu confio em ti. Todas as vezes que desapareço repentinamente é para vir para aqui trabalhar, apenas trabalhar.- Diz num tom calmo, como se já tivesse pensado nesta conversa antes e fica a olhar para mim à espera de alguma reação. Pisco os olhos algumas vezes enquanto assimilo tudo o que ele me disse e abro a boca para falar algumas vezes, mas não digo nada- Não vais dizer nada?

Secrets H.S.   #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora