Capítulo 71- Pov Harry

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Enquanto conduzo até à prisão relembro o que se passou com a Megan.

-Tu és a pessoa mais importante da minha vida, por favor não me deixes.- imploro.

-Tu também eras a pessoa mais importante da minha vida, pena que tenhas estragado isso também.- diz e entra rapidamente no carro da Sophia.

Bato com força no volante e respiro fundo tentando acalmar-me. Não posso chegar lá a chorar.

Assim que chego à prisão estaciono, entro dentro do edifício e depois de fazer tudo o que é preciso, sento-me numa cadeira à espera que o tragam. Pouso as mãos na mesa e olho para as mesmas enquanto sou consumido por lembranças de ontem. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde a Megan ia descobrir tudo e que provavelmente não me ia perdoar, mas tinha a esperança que ela só descobrisse quando já não tivesse importância e que ela não me deixasse... ou melhor ainda, que não descobrisse de todo.

-Olha quem é ele.- oiço o meu pai dizer interrompendo os meus pensamentos e olho para ele. Ele senta-se numa cadeira do outro lado da mesa e quando o polícia se afasta, volta a falar- Já estavas com saudades?- pergunta divertido.

-Estás feliz por me teres tirado a única coisa boa na minha vida?- pergunto ignorando a sua pergunta.

-Dói, não dói?- pergunta fazendo uma pequena pausa- E ela não morreu, agora imagina o que me fizeste passar.

-Eu não tive culpa.- digo entre dentes.

-Claro que tiveste! Tu mataste-a!- diz mais alto e eu engulo a seco- Tu mataste a tua mãe e agora vais sentir o que eu sinto desde esse dia.

Debruço-me sobre a mesa e olho-o com raiva- Se fazes alguma coisa à Megan.

-Eu?! Eu não posso fazer nada, estou aqui fechado lembras-te?- respiro fundo para não lhe saltar para cima.

-Se mandas alguém fazer algo à Megan vais desejar ter morrido em vez da mãe.

-Já desejo.- diz quando me levanto.

-Boa. Também eu.- digo sério e começo a ir-me embora.

-Adeus filho.- consigo ouvi-lo dizer mas nem me incomodo em olhar para ele.

Volto a entrar no carro e começo a conduzir até casa. Agarro o volante com força e quando olho para as minhas mãos vejo que tenho os dedos brancos da força que estou a fazer.

A meio do caminho olho para o lado e vejo um bar aberto. Tento ignorá-lo, mas quando dou por mim já arrumei o carro e estou a entrar no mesmo.

Ao entrar vejo que o bar se encontra vazio e quando estou prestes a dar meia volta para me ir embora uma empregada aparece. Caminho até ao balcão e ela segue os meus movimentos com o olhar.

-Estamos fechados.- ela diz.

-A porta está aberta.- comento e vejo que ela se prepara para responder mas interrompo-a pousando um monte de notas em cima do balcão. A empregada arregala os olhos mas fica séria de seguida tentando não parecer surpreendida e pega nas notas guardando-as no bolso.

-O que é que vais querer?- pergunta apoiando os cotovelos no balcão fazendo as mamas ficarem à mostra.

-Whisky.- digo e ela vai buscar uma garrafa e um copo. Pousa o copo à minha frente e depois de meter o líquido no mesmo pega na garrafa- Deixa-a ficar.- digo e ela assente antes de desaparecer do meu campo de visão deixando-me sozinho no bar.

Passado um bocado, quando já vou a meio da garrafa, a rapariga volta a aparecer e desta vez tem o decote muito mais acentuado.

-Então e o que é que um rapaz tão giro faz num bar durante o dia?- pergunta mas eu não respondo- Chateaste-te com a namorada?- pouso o copo com mais força em cima do balcão e consigo senti-la a sorrir- Já vi que sim.

Ficamos em silêncio por alguns segundos e quando estou prestes a agradecer-lhe mentalmente, ela começa a andar e vem-se sentar no banco ao lado do meu.

-Se quiseres eu posso ajudar-te a esquecê-la.- diz pousando a mão na minha perna. Não digo nada mas retiro a mão dela da minha perna- Já vi que agora não estás interessado na minha proposta, mas tens aqui o meu número para quando quiseres aceitar a minha proposta.- ela diz pondo um papel no bolso do meu casaco.

-Acho que ele não vai precisar disso.- oiço uma voz que reconheceria em todo o lado, Louis. A rapariga revira os olhos e volta a desaparecer -O que é que estás aqui a fazer?

-A beber.- digo o óbvio talvez já um pouco afetado pelo álcool.

-Eu percebi isso. Mas porque é que estás a beber às- pausa para ver as horas- três da tarde?

-Como é que me encontraste?- pergunto ignorando a sua pergunta.

-Faltaste ao nosso almoço hoje e a minha mãe disse que te devia ter acontecido alguma coisa, porque tu nunca faltas.- diz dando ênfase à palavra "nunca"- Eu disse-lhe que provavelmente estarias com a Megan, mas ela insistiu e só me parou de chatear quando fui ver a localização do teu telemóvel.

-Não preciso de um babysitter.- digo bebendo outro gole da garrafa, mas o Louis tira-ma da mão.

-De nada. Agora vamos embora.

-Não posso conduzir.- comento fingindo-me chateado.

-Obviamente.- revira os olhos.

-Vou ter de ficar aqui.

-Vou ter de te levar a casa.- corrige-me.

-Não vou deixar o meu carro aqui.

-Já pedi para o virem buscar.

-Claro que já pediste...- digo revirando os olhos- Tens de ter sempre uma resposta para tudo não tens?- comento tentando pegar na garrafa outra vez mas o Louis volta a pegar nela atirando-a para o lixo desta vez.

-Então caralho?! Isso foi caro.- o Louis olha para mim interrogativo.

-Desde quando é que uma garrafa de whisky é cara?

-Eu posso ter dado um pouco mais do que era necessário.- digo e o Louis volta a revirar os olhos.

-Ok, chega. Vamos.- diz visivelmente irritado. O Louis pega-me no braço e puxa-me até à rua- Entra.- diz abrindo a porta do carro.

Faço o que ele me manda sem argumentar e ele entra para o lugar do condutor. Começa a conduzir e nenhum de nós fala.

Passado um bocado olho para a janela e volto a pensar na Megan. Cerro os punhos com força e quando paramos num semáforo o Louis quebra o silêncio.

-O que é que se passou? Foi alguma coisa com a Megan?- cerro o maxilar quando ele diz o nome dela e respiro fundo antes de responder.

-A culpa é dele. Se ele não tivesse aparecido eu estaria com a Megan neste momento.- digo com ódio na voz quando o carro começa a andar outra vez.

-Ele quem? O amigo loiro dela?- olho para ele interrogativo e ele encolhe os ombros- O que é que aconteceu?

-O meu pai.- digo entre dentes e o Louis trava o carro bruscamente antes de olhar para mim chocado. Ouvimos uma buzina vinda do carro atrás de nós e, depois de o Louis mandar o condutor para o caralho, volta a olhar para mim- Se ele não tivesse aparecido e não tivesse contado à Megan que eu escondia algo dela, ela não me tinha deixado.

-O que é que ele lhe contou?- pergunta querendo confirmar a sua suspeita.

-Isso que estás a pensar. O nosso plano para deitarmos a empresa do pai dela a baixo.

-Como é que ele?- abana a cabeça tentando organizar os seus pensamentos- Ok, tu vais-me contar exatamente o que aconteceu.- diz e eu assinto.



Secrets H.S.   #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora