CORROMPIDO

Capítulo 15

Perdoem os erros.

Rebecca esperou nos aposentos de Max como uma verdadeira estátua, seus pés estavam cravados sobre o chão de mármore enquanto ela se debruçava sobre a porta francesa. Ela sabia que estava sendo enxerida em espiar as conversas alheias, mais de algum modo Rebecca tinha a leve impressão de que o principal ponto da conversa séria ela. Talvez fosse paranoia em sua cabeça, ou algum instinto reprimido, talvez ela só queira saber quem realmente é!

Suspirando drasticamente, Rebecca decidiu não ficar mais esperando. Ela queria respostas e era isso que ela iria ter. Decidida e cheia de coragem Rebecca abriu as portas francesas em um estrondo que ecoou por toda a casa silenciosa. Automaticamente ela as fechou no modo mais silencioso que podia. 

— Que ótima carreira de detetive Rebecca. — Resmungou, enquanto se dirigia sobre as pontas dos pés em direção a cozinha novamente.

Ao se aproximar o suficiente da cozinha, Rebecca franziu o cenho. O lugar estava silencioso, nada saia daquela cozinha à não ser um suave barulho de água.

Rebecca esticou o seu pescoço ao máximo, de costas à ela, Rebecca pôde ver com atenção o homem loiro debruçado sobre a pia, em suas mãos estava uma bucha e um copo. Ele fazia cada passo com suavidade e lentidão, aquilo era magnifico.

— Ficou entediada no quarto Rebecca? — Rebecca levou um sobressalto. Sua voz era de um tom melancólico e sereno, ele ainda estava de costas perante ela quando Rebecca decidiu aparecer em seu campo de visão por completo.

— Há Sim, quero dizer aquele quarto é muito silencioso e escuro. — Murmurou, enquanto se aproximava do balcão se juntando ao homem desconhecido. Seus olhos percorreram toda a cozinha a procura de Max.

— Ele não está aqui. — Rebecca virou-se e o encarou fixamente novamente.

— Como disse? — Perguntou com as feições franzidas. Os olhos de Red miraram sobre os dela mais uma vez. Ele lhe lançava um olhar limpo e sincero, parecia ler a sua alma em silêncio.

— Eu disse que Max não está aqui. Infelizmente teve que sair, mais em breve voltará não se preocupe. — Disse formal, enquanto lavava o seu último talher.

— Para onde ele foi? — Perguntou com as feições curiosas.

— Trabalho. — Foi apenas isso que Red conseguiu dizer. Seus lábios se fecharam feito uma lápide. Mentir para ela estava o matando, mais infelizmente não requer a ele dizer a verdade. Max deveria fazer-lo.

Rebecca encostou-se em uma baqueta da cozinha, com os braços cruzados acima dos seios, ela fez um rápido checape em sua mais novo acompanhante da noite. Com os seus ombros largos e os cabelos bagunçados o homem que estava em sua frente  parecia um verdadeiro ator de Hollywood. Sexy e silencioso. Seus cabelos era de um tom dourado, totalmente bagunçados como se fossem da sua verdadeira natureza, seus olhos prateados seduziram todos que o encarava. Rebecca se sentia uma cobra dançarina, enquanto os seus olhos era uma flauta hipnotizante.

— Está com fome? — Perguntou enquanto quebrava o seu longo contato visual.

Rebecca deu de ombros.

— Na verdade não. Acho que não sou muito de comer. — Murmurou enquanto alisava o roupão negro sobre os seu corpo.

— Entendo, e então o que quer fazer esta noite? — Perguntou com as feições calmas.

Suas mãos posaram sobre o balcão, enquanto seus olhas lhe avaliava novamente. Mais desta vez não teve o contato de Rebecca, ela simplesmente preferiu o seu roupão do que o olhar dele.

— Eu não sei. Talvez dormir?

Red bufou com sarcasmo.

— Fala sério, o que mais você tem feito na vida é dormir. Sei que não é isso que deseja. — Disse convicto.

Rebecca levantou os seus olhos novamente.

—  E o que eu desejo? — Perguntou lhe lançando um olhar questionador.

Agora foi a vez de Red dar de ombros.

— Em primeiro lugar saber quem realmente é, e depois descobrir o porquê da perda de memória. Sei como é se sentir deslocado. — Murmurou. Suas feições estavam tristes e sinceras.

De alguma forma Rebecca se sentiu aflita com a revelação do homem desconhecido. O seu coração se afundou em cada palavra dita, ele estava triste também, assim como ela. Por trás da calmaria que ele tentava demosntrar, ela pôde ver um poço de tristeza que ele carregava consigo. Rebecca pôde ver em seus olhos prateados um imenso vazio,e por mais que ele tentasse esconder aquilo por trás de uma camuflagem amarga, Rebecca via o quão menino aquele homem poderia ser.

— Eu ja sei o que podemos fazer essa noite. — Disse Rebecca enquanto lançava a Red um olhar determinado.

Red arqueiou uma de suas pesadas  sobrancelhas louras.

— Sério? E o que seria? — Perguntou em um tom bem humorado enquanto via a agitação da sua acompanhante.

Ela estava eufórica. Seus pesados cabelos negros percorriam por todos os seus trabalhados ombros, eles balançavam suavemente enquanto ela se movia em sua cadeira em modo frenético e aleatório.

Red lhe lançou um olhar sarcástico. De algum modo a alegria repentina de Rebecca, fez com que a melancolia que ele guardava em seu interior fosse despachada deixando apenas um alivio em vê-la animada.

— Então. — Rebecca saltou da sua cadeira em um sobressalto. — Eu quero assistir um filme. Nada melhor que uma sessão de filmes para afastar as tristezas do coração, e eu acho que nós dois estamos precisando disso. — Disse com as feições firmes.

Red lhe lançou um sorriso sarcástico.

— E quem foi que disse que eu estou com magoas no coração? — Perguntou em tom zombateiro.

Rebecca deu de ombros.

— As vezes não é preciso dizer nada o nosso silêncio já conta tudo. — Murmurou.

Red a encarou fixamente. Ela  realmente era uma sabia fêmea.

— Tudo bem vamos! Mais eu escolho o filme. — Disse Red enquanto se direcionavam para fora da cozinha.

— Feito. E a propósito qual é o seu nome mesmo? — Red lhe lançou um olhar intimo por cima dos ombros. — Red... Meu nome é Red.

Rebecca franziu o cenho.

— Seu nome é uma cor? Quero dizer nada contra mais... uma cor? — Red deu de ombros.

— Não ligo muito para o meu nome. Afinal nome são apenas palavras. — Disse em um tom formal.

Rebecca pareceu pensativa em relação ao seu nome. O seu silêncio era como um enterro fúnebre quieto e triste. Mais logo toda essa tristeza foi embora quando ela resolveu se pronunciar de novo.

— Na verdade eu gosto de Red. — Confessou Rebecca, enquanto ambos se direcionava a uma espécie de sala de vídeo. — É diferente, e apenas você o tem.

— E vermelho é a minha cor favorita. — Acrescentou.

Red lhe lançou um olhar curioso. Ninguém nunca havia admirado o seu nome, e saber que ela havia se agradado era ainda muito melhor.

— Que bom Rebecca. Agora vamos, ou a nossa sessão nunca irá começar tenho certeza que irá se agradar das variadas exibições de filmes que nós temos aqui.  — Rebecca lhe lançou um sorriso sarcástico enquanto ambos entravam na sala.

— Tenho certeza que sim.