Capítulo 77 Parte 01 (Final)

760 77 15
                                    

Perdoem os erros.

Versão Álvaro.  

Ele caminhava pela floresta sentindo o cheiro da sua própria desgraça. O que havia feito? Porque estava sentindo aquele aperto no peito novamente? Ele sentia as suas costa pesarem, ele estava caminhando mais não sentia o peso das botas pisarem sob a terra úmida, ele podia vê o sacudir do vento em suas roupas encharcadas mais não sentia o calafrio em sua pele quando o vento o tocava, era como estar em transe, ele não sentia, não ouvia, nem muito menos falava apenas podia vê a cena em sua frente se desenrolar enquanto o peso do luto o tomava novamente em um abraço frio e familiar.

O sangue que ainda estava em suas mãos era fresco, o cheiro do seu filho estava por toda a espessura de seu corpo, ele se sentia que acabará de levar o seu próprio filho para o matadouro. Então era essa a sensação de estar morto e ainda respirar? Por um instante ele sentiu o seu rosto úmido, seus olhos ardiam e os seus lábios estavam completamente secos, ele sabia o que estava fazendo e era covarde o suficiente para não assumir os seus sentimentos a verdade era que ele queria gritar, ele queria dizer coisas que jamais se permitiu se quer pensar, ele sabia que era um fraco, que era um covarde mentiroso, um homem que jamais conseguiu superar o seu passado, um verdadeiro fracasso.  Colocando o seu único filho no chão da floresta Álvaro se juntou ao seu filho e deitou-se de forma que pudesse vê o que se passava a cima de suas cabeças. O céu estava lindo era azul e tinha até estrelas, a verdade era que depois de séculos Álvaro nunca havia feito aquilo, deitar-se sobre o chão de barro e observar estrelas era coisas do seu passado, um passado que ele amou profundamente e tão intensamente que sentia até mesmo o ar lhe faltar em seus pulmões. Lembranças de sua antiga mulher lhe tomaram e estar ali deitado junto ao seu filho quase morto só o fazia lembrar o quão amaldiçoado ele era. 

Lagrimas que tanto ele teimou em não deixar escapar caíram de seus olhos fazendo com o que o seu coração se partisse também. Era como estar de frente a um rio prestes a secar, o rio encolhe, a terra úmida surge e quando achamos que ela vai  secar e se tornar uma terra oca e vazia surgem vestígios de agua mais uma vez e tudo se tornar cheio. Ele sentia elas se dissolvendo em seu rosto como chuva sobre a pele, elas eram quentes e lhe lembravam dela, Álvaro sentiu o gosto amargo da dor penetrar em seu peito como uma flecha. Era insuportável, era infinita durante séculos ele prometeu a si mesmo jamais se render, jamais se entregar ao sentimento que quase o matou por dentro mais era impossível. A verdade foi que durante anos Álvaro achou tinha conseguido superar a dor, ele achou que era superior a ela, que estava sempre um passo a frente, que ela jamais o alcançaria novamente mais ali deitado sobre a grama ele pode vê que na verdade ele nunca esteve a frente dela, pelo contrario, ele sempre esteve atrás e como uma boa jogadora a dor sempre se manteve oculta em seu peito. 

Duas horas antes.

Sentado sob o chão úmido com terra Álvaro esculpiu a sua ultima flecha o colocando junto as outras próxima ao seu corpo, estava  anoitecendo e todos já estavam prontos próximos a margem da floresta. Álvaro conhecia muito bem aquelas redondezas e não eram muito boas para um ataque surpresa, além da floresta ser bastante úmida e cheia de animais perigosos as arvores eram muito juntas e estreitas para uma fuga é quase desproporcional comparando a velocidade sua com a de um vampiro. O Beta não era um mestre ingênuo os campos eram totalmente favoráveis a ele, ele possuía uma floresta que dava acesso a uma montanha e que nelas possuíam cavernas, o sol era quase imperceptível naquele lugar situações perfeitas para um vampiro.

—  No que está pensando?

Álvaro não notou quando o seu filho se aproximou. Ele estava atrás de si em uma postura formalmente igual a sua, era incrível como ele se parecia tanto com a mãe e tinha os gestos igual os do pai, ele era a junção perfeita de ambos. Álvaro tinha a certeza de que se ela estivesse ainda viva iria ama-lo em cada detalhe assim como ele o ama. Ele ainda não acreditava em como Gael poderia estar vivo durante tanto tempo e como havia sobrevivido atravessando tanto século e ainda assim ser completamente humano. Álvaro tinha duvidas para tirar em relação ao seu filho com o criador mais ele sabia que aquele momento não era o certo, ele sentia que Gael precisava de tempo e se ele fosse sincero consigo mesmo diria que ele também, a verdade era que todos precisavam e isso incluía o criador. 

CORROMPIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora