Capítulo 62

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Perdoem os erros.

Aquiles encarava o doutor como se ele estivesse ficado completamente louco. Já Rebecca o encarava com outros olhos, ela podia ver que ele temia algo, poderia ser o medo de ver algo muito ruim novamente ou... ver algo consigo mesmo que não gostaria.

Mais o fato era que Rebecca o compreendia, afinal passar décadas temendo um dom deveria ser aterrorizante. Ela sabia que ao receber um dom daqueles seria uma grande responsabilidade, já que ela teria que domar não só os seus dons como o dom do futuro. Rebecca não tinha medo de desafios, o que ela queria mesmo era conseguir controlar os seus poderes e quem sabe voltar para o seu posto de delegada. Com certeza a mentira de Gael estava se extrapolando e Rebecca precisava tomar uma decisão rápida. Afinal pelas suas contas, ela só teria algumas semanas para sentir a adrenalina pulsar em seu corpo mais uma vez.

Talvez se ela aceitasse o dom, séria a ponta do iceberg perfeita para que ela pudesse voltar para o seu trabalho... ou não.

— Você só pode estar ficando louco! Ela não vai pegar o seu dom. Rebecca foi criada para ser uma pecadora e não uma Xamã.

— Isso é papo furado. Todos nós podemos lidar com qualquer poder sobrenatural. Tenho certeza que as visões não irão chegar com força total sobre Rebecca já que ela será metade pecadora e metade Xamã.

— Isso é porquê você não passa de um fraco. Quer desfazer dos seus dons porquê não aguenta as responsabilidades que vem junto a ele. — O doutor estreitou os seus olhos.

— Não diga coisas que você não sabe. — Grunhiu ele. Aquiles bufou com sarcasmo.

— Não diga você coisas no qual não sabe. Se você passar esse dom para Rebecca não sabemos o que irá acontecer. Ela pode morrer no meio desse percurso suicida.

— Ela não irá morrer! Rebecca é metade imortal lembra-se?

— E metade humana também. Se o sangue humano lutar contra o poder que você irá passar para ela, será fatal.

— Ela não irá morrer! — Garantiu o Xamã. — Você não tem certeza disso! — Rangeu Aquiles.

— Eu sou o doutor aqui Aquiles, não se esqueça disso. — Aquiles lançou um olhar áspero na direção do doutor.

Rebecca estava pensativa a respeito, ela sabia que correria muitos riscos se tomasse um poder no qual ela não tinha o conhecimento. Mais também ela sabia que correria riscos se não tentasse.  Rebecca sabia que as chances de ter visões seriam  mínimas, mais ainda assim a esperança de que talvez ela pudesse ver o futuro e quem sabe muda-lo era tentador.

— E se eu topar? Quero dizer quanto tempo estarei fora do ar? Sei que esse poder poderá me devastar, assim como o poder dos pecadores me devastou. Aquilo me fez apagar por dias e sei que agora não será diferente, então quanto tempo?

Os olhos de Aquiles se estreiram enquanto os do Doutor tornaram-se vividos. Aquilo parecia ser esperança?

— Você não irá sugar o poder dele Rebecca. — Disse Aquiles com o olhar duro. Ele esta a repreendendo, estava lhe censurando feito uma criança birrenta e Rebecca não gostou nada daquilo.

— Não cabe a você decidir isso! — Disse ela em um rosnado.

— Mais cabe a mim protege-la! E isso inclui a você mesma. — Rebecca bufou.

— Como você é ridículo.

— E como você é inconsequente e mimada. Está colocando sua vida em perigo, e tudo afim de quer? De ser a salvadora mais uma vez? Não se esqueça Rebecca de para quem você foi destinada de verdade. Aquele homem.. — Aquiles apontou em direção a cama. Os olhos de Rebecca acompanharam os seus dedos e quando eles pousaram sobre Max, ela pôde perceber o quão egoísta ela estava sendo novamente!  — Ele precisava de você e de preferência bem viva, por um acaso não passou pela sua cabeça como ele irá reagir ao acordar e perceber que você não está ao lado dele? Ele ficará devastado, assim como um dia eu fiquei. E acredite já passei por isso uma vez e não desejo esse sentimento para ninguém.

Rebecca engoliu a seco.

— Rebecca não escute o que esse salafrário diz. Ele está apenas tentado te manipular. — Garantiu o doutor.

Aquiles estreitou os seus olhos.

— Do que você está falando? Por um acaso você estar nós chamando de mentirosos? — Grunhiu Aquiles.

Suas mãos estavam agarradas sobre a cadeira, os seus olhos fulminavam o doutor com tanta fúria que chegava a sair faíscas. Já o doutor lhe lançava um olhar zombateiro. Parecia que ele não se intimidava tão rápido, ele estava bem relaxado sobre a cadeira. Seus músculos estavam encostados sobre a base da cadeira e seus braços jogados ao lado do seu corpo, os seus óculos levemente enclinados sobre a ponta do seu nariz, assim como ela havia visto quando ele estava na sala de estar. O seu estilo nerd meio desarrumado lhe dava um ar de homem sexy e inteligente.

— Mentirosos? Não! — Desdenhou ele. — Digamos que quando vocês querem algo e conseguem, logo depois de utilizado vocês descartam feito copo plástico.

Aquiles arqueou uma das sobrancelhas.

— E digamos que você não está querendo fazer o mesmo? Você só está dizendo isso a Rebecca porquê precisava dela para livrar-se desse seu dom ridículo.

O doutor estreitou os seus olhos mais uma vez. Tornando os seus lábios em uma linha fina, ele quase rosnou.

— E você só há quer para alimentar o seu líder. Vocês pecadores são tão superficiais, acham que o mundo girar em torno apenas de vocês e ainda assim pensa que usando a manipulação nas pessoas elas irão se dobrar e...

— Agora já chega! — Gritou a delegada, enquanto se levantava da cadeira em um impulso. Logo os olhares assustados miraram sobre ela com curiosidade e temor.

Rebecca encarava ambos como uma mãe desapontada. Ela estava furiosa e cheia de palavras duras para falar, ela não era uma marionete. Em toda a sua vida Rebecca nunca havia se deixado ser usada por ninguém e não seria agora que iria acontecer.

— Você. — Seus olhos foram em direção a Aquiles. — Pare de dizer o que devo ou não fazer. Antes de ser pecadora, eu sou uma mulher de princípios e sei muito bem responder por mim e sozinha... E você.. — Seus olhos voltaram em direção ao doutor. — Pare de tantar me manipular com os seus joguinhos. Sei o rancor que você guarda da minha raça e eu não preciso ser vidente para ver isso em seus olhos. Lhe aconselho a se tratar e retirar toda essa mágoa que você carregar consigo e acredite, o que te digo é como amiga, não me trate feito uma inimiga.

O doutor permaneceu calado. Os seus olhos agora transbordava culpa. Talvez fosse culpa por não ter superado a morte da sua família ou culpa por não ter conseguido salva-las a tempo.

— Em relação ao assunto vidente devo confessar que fique tentada a aceitar. Mais como Aquiles havia dito, eu tenho uma pessoa que necesdita da minha atenção e de preferência acordada. Então por mais que a sua proposta seja tentadora querido doutor terei que passar. — Seguindo  em direção a porta Rebecca virou-se e chamou Aquiles em um simples movimento de mãos. — O que ainda está fazendo ai? Vamos, precisamos de um vampiro.

CORROMPIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora