Coração doendo

1.3K 132 5
                                    

Quando encontrei a Jéssica na faculdade, tentei me explicar, ela apenas me ouviu sem pronunciar uma palavra.

Fiz muito mal em não contar sobre a Débora.
Agora sei, que deveria ter agido de forma diferente.
À noite, decidi que não me daria por vencido. Eu não iria desistir assim tão fácil.
A Jéssica teria que me ouvir, dizer alguma coisa, o silêncio dela estava acabando comigo.

Peguei a chave do carro, o meu celular e saí.
Eu estava indo para a casa dela, precisava resolver essa situação.
No caminho, passei por uma rua que se encontrava totalmente deserta.
Ao me aproximar um pouco mais, pude ouvir os gritos de uma mulher.
Parei o carro e vi que se tratava da Jéssica. Ao me ver, ela pediu ajuda.
Imediatamente, saí do carro e fui salvá-la das mãos daquele bêbado cretino.

Ele estava a agarrando e sem pensar duas vezes, bati nele, o deixando caído no chão.
Jéssica estava muito nervosa. Ela chorava, me abraçava e agradecia.
Fomos para o carro, eu a levei para casa.
Quando chegamos, eu não entrei. Conversamos durante poucos minutos, depois não resisti e a beijei.
Ela ficou sem jeito, mas mesmo estando chateada comigo, correspondeu ao beijo.

Esperei que ela entrasse em casa e depois, voltei para o carro e segui meu caminho.
Tive receio de que ela chegasse a pensar, que eu estava me aproveitando da situação para fazê-la me perdoar.
Acabei deixando o assunto que me levou à casa dela, para depois.

Não consegui dormir direito. Levantei cedo, tomei um banho, me vesti formalmente, fiz a primeira refeição do dia e saí.

O relógio marcava 7:10hs, quando cheguei à empresa. Assim que entrei, meu pai pediu que eu fosse à sala dele.
Entrei em minha sala para guardar meus objetos e em seguida, fui ver o que ele queria.

-Eduardo, sabe quem me ligou para reclamar de você?_falou, "brincando" com uma caneta.

-Não faço a menor ideia! Quem foi essa celebridade? Porque deve ser no mínimo, uma celebridade, para o senhor dar tanta importância._respondi, já imaginando de quem se tratava.

-A sua noiva, foi quem falou comigo. Ela disse que você não dá a menor importância, a este noivado._ele explicou.

-Que mulher inteligente! Como ela percebeu? Realmente, não estou nem aí para esse noivado.

-Eduardo, você tem um compromisso com a Débora. Esse noivado é muito importante._ele estava irritado.

-Importante para quem? Para o senhor e a sua empresa?_gritei.

-Fale baixo! Eu sou seu pai, e dentro desta empresa, sou seu chefe! É necessário que você e Débora se casem. Preciso ampliar nossos negócios e conto com a ajuda do pai dela para isso.

-Por acaso, estamos à beira da falência e você não quer nos contar?

-Não diga bobagem! Nosso patrimônio é muito alto, mas é sempre bom aumentá-lo._pude ver um sorriso se formar no canto da boca dele.

Saí aborrecido, abri a porta da minha sala e entrei.
Dei um soco na mesa, joguei vários papéis no chão e sentei. Coloquei as mãos na cabeça e comecei a pensar na minha vida.
A Bianca tem razão, quando diz que eu deveria tomar uma atitude de homem.
Eu queria ser menos covarde.

Eram 11:00hs da manhã, peguei minhas coisas e saí da empresa.
Dirigi até um bar, estacionei o carro e entrei no estabelecimento.
Sentei, pedi uma bebida e aliviei as mágoas no álcool. Senti vontade de chorar, mas por vergonha das pessoas alí presentes, segurei as lágrimas. Eu chorava internamente, não estava me sentindo bem.
Achei melhor não dirigir após ter bebido e liguei para o Beto vir me buscar.
Falei o endereço de onde estava e pedi que ele viesse de táxi, porque ele iria dirigir no meu carro.

Aproximadamente meia hora depois, o Beto chegou.

-Edu, o que aconteceu? Por que bebeu desse jeito?

-Me tira daqui!_pedi.

-Vem comigo!_ele me tirou do banco, onde eu estava sentado.

Tirei dinheiro da carteira e deixei em cima do balcão, para pagar a conta.
Saímos do bar e entramos no meu carro.
Falei para o Beto, que não queria ir para casa. Pedi que me levasse ao meu apartamento.

Quando chegamos, Beto subiu comigo e só foi embora depois que me deixou no conforto do meu "lar".

-Edu, vou telefonar para a sua mãe e dizer que você está aqui._ele disse, discando o número no celular.

-Pra minha mãe não. Liga pro celular da Bianca!_pedi.

-Ok!_ele fez o que pedi.

-Bianca está se arrumando para sair. É hoje que ela vai fazer a prova do vestibular. Ela prometeu, que quando sair da faculdade vem te ver. Agora vou indo! Se cuida!

Ele saiu do meu apê, me deixando sozinho, deitado, me recuperando do efeito do álcool.

--------

Alguém aí com pena do Edu?
Tadinho né gente?

Trocados Na MaternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora