Os encantos de Sevilha

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Não foi nada fácil deixar o meu país de origem, mas também foi muito doloroso descobrir que não sou filha biológica dos pais que tanto amo.
A avó materna do Eduardo (minha avó), nos recebeu muito bem na casa dela, mas estamos casados, em breve seremos pais e precisamos ter o nosso lar.
O Edu havia saído para procurar trabalho, e tentar conseguir algum lugar para morarmos. Ele domina o espanhol muito bem, e eu, tenho uma noção básica e vou estudar para aprender a falar corretamente.

Ele voltou na hora do almoço.

—Meu bem, desculpe por não esperar você, mas não quero que meu bisneto sinta fome.–Dona Matilde disse, tocando em minha barriga.

—Vó, não tem problema.–O Edu respondeu, nos beijando e sentando à mesa.

Ele entregou currículos, e visitou alguns apartamentos, e disse que há chances de conseguir um emprego logo.
Depois do almoço, sentamos na sala para conversar.

—Dona Matilde, em primeiro lugar, quero dizer que não sou do mesmo nível social que vocês. Meu pai tem uma loja, e agora também trabalha em uma lanchonete. Minha mãe o ajuda, atendendo no estabelecimento. Eu fazia faculdade e trabalhava na empresa do marido de sua filha.–Falei, explicando uma parte da história.

—Quando conheci a Jéssica, sentia necessidade de tê–la ao meu lado, mas eu queria afastá–la e por isso eu falava coisas para aborrecê–la. No entanto, parece que o destino, tentava a todo custo nos unir. Estudávamos na mesma faculdade, ela foi trabalhar na empresa do meu pai.–O Edu explicou.

—Dona Matilde, o marido de sua filha é um mulherengo de carteirinha. Desculpe por falar assim, mas acabamos de descobrir dois casos amorosos dele. Um caso recente, que fez sua filha pedir o divórcio, e um caso antigo, que nos fez descobrir algo inacreditável.–Fiz uma pausa.

—Vó, uma amante antiga do papai, fez uma troca na maternidade onde Jéssica e eu, nascemos. Ela é sua neta, filha da Mariana. Eu sou filho do casal que a criou.–O Edu finalizou.

Dona Matilde começou a passar mal, pediu um copo com água e rapidamente, o Edu pegou.
Quando parecia melhor, ela quis ouvir tudo outra vez. Mais uma vez, explicamos o ocorrido. Ela nos abraçou, chorou e começou a falar.

—Mariana sempre foi uma pessoa difícil. Sempre muito orgulhosa, de nariz em pé. Quando ela ficou noiva do Alberto, pedi para ela desistir dele, mas ela insistiu no casamento. Eu sabia que ele não era homem pra casar. Era mulherengo além da conta. Não levaria o casamento a sério. Quando já estavam casados, Mariana teve um caso com um jovem aqui de Sevilha. Ele também era casado, mas não tinha filhos. Quando fiquei sabendo da infidelidade dela, fui contra. Depois, descobri que ela estava grávida. Coloquei em dúvida a paternidade da criança, pedi que ela fosse honesta consigo mesma e com o marido. Ela ficou aborrecida e voltou para o Brasil. Quando fiquei muito doente, minha filha não me visitou uma única vez. Bianca foi quem veio cuidar de mim.–Ela desabafou, entre soluços.

Depois de uma tarde cheia de revelações, dona Matilde foi descansar, e o Edu me levou para dar uma volta pela cidade.
Sevilha é cheia de atrações culturais, prédios históricos e belos jardins. A cidade ganha mais vida no verão. Em Sevilha, existe linha de metrô, entretanto, ele não passa pelo centro histórico.
A catedral é um dos mais importantes pontos da cidade.Situada na bela plaza de Los Reyes, foi construída pelos mouros no séc. XII. É a maior catedral gótica do mundo.
A Torre Giralda é a construção mais alta de Sevilha, oferecendo aos visitantes uma panorâmica sobre a cidade. Há também, a Plaza de España, projetada pelo arquiteto sevilhano Aníbal González. Abriga um edifício de 1914, que simboliza o abraço de Espanha, às suas antigas colônias —Virado em direção ao rio Guadalquivir.
O museu de dança flamenca—Museu Del Baile De Flamenco (único no mundo), apresenta quatro espetáculos por noite. Cada show tem duração de 1 hora.
A 15 minutos da catedral de Sevilha, há o Mercado Lonja Del Barranco, onde servem vinhos excelentes e frutos do mar deliciosos. Sem falar, nos saborosos doces da região.
Como sei de tudo isso?
O Edu, foi meu guia turístico.

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