Capítulo 41

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— E agora? –olhei para ele, sentindo um pequeno desespero.
— E agora nós vamos ter que ficar aqui –retrucou.
— Mas já anoiteceu, não é perigoso? –perguntei preocupada.
— Só se alguma alma penada atrás da gente –respondeu, rindo em seguida e eu dei um soco em seu braço.
— Idiota! –ele sabe que eu morro de medo dessas coisas e por isso fez essa brincadeira.
— Não existe possibilidade nenhuma de um guincho vir até aqui –comentou– Essa estrada fica péssima quando chove, a lama toma conta.
— Precisamos avisar aos nossos pais, eles vão ficar preocupados.
— Vou ligar para o meu pai –eu assenti e Luan tirou o celular do bolso, lingando o aparelho em seguida.
Ele discou o número e levou o celular até a orelha. Depois de alguns segundos meu tio atendeu.
— Oi pai, então o carro atolou. Acho que estamos na metade do caminho. Não, não tem como o guincho chegar até aqui, a estrada está horrível –explicou– O jeito vai ser passar a noite aqui dentro do carro. Sim, estamos bem. Tá bom, fala para ela não se preocupar. Tchau, amanhã de manhã eu ligo de novo –disse e finalizou a ligação em seguida.
— O que ele disse? –perguntei curiosa.
— Ele até cogitou vir nos ajudar, mas a estrada está muito ruim –falou– Ele disse para nós ficarmos aqui dentro e não sair por nada, porque a moça do tempo lá do jornal avisou que alguns raios podem cair hoje.
— Hoje com certeza não é o meu dia –falei, balançando a cabeça em negação.
Eu odiava chuvas fortes, odiava trovões e odiava mais ainda os raios. Por quê logo hoje, Deus?
— Vamos para o banco de trás? É mais confortável do que aqui –Luan chamou e eu assenti– Passa primeiro, depois eu vou.
Passei para o banco traseiro, ajeitei as coisas que estavam em cima, no piso do carro e me acomodei, Luan veio logo em seguida, e se acomodou ao meu lado.

— Tá frio, né? –Luan disse, abraçando o próprio corpo em seguida.
— Eu peguei uma coberta lá em casa, está nessa sacola aí –apontei para a sacola que estava próxima ao pé de Luan– Mesmo tendo trazido um casaco, fiquei com medo de sentir muito frio durante a viagem.
— Obrigado Deus, por favor minha amiga pensar em tudo –ele disse, juntando as mãos e eu ri.
Luan pegou a coberta e abriu a mesma, nos cobrindo em seguida.
Peguei meu celular na esperança de olhar alguma coisa na internet.
— Mas que merda! –exclamei e Luan me olhou– A internet não pega –reclamei.
— Aqui é péssimo de internet mesmo.
— O que nós vamos fazer? Eu não estou com sono –perguntei.
— Não sei –ele deu de ombros– Eu posso cantar, nós podemos contar histórias, sei lá –soltou uma risada baixa.
— Pode ser...
Ficamos ali cantando e contando várias histórias por um tempo, mas depois paramos, entrando em um silêncio absurdo.
De repente Luan começou a mexer em algumas sacolas, me deixando curiosa para saber o que ele iria fazer.
— O que está procurando? –perguntei.
— O vinho.
— Estão aqui –apontei para a sacola que estava perto de mim– Para que você quer?
— Para beber, né Lívia?! –respondeu óbvio e eu dei risada– Já que não tem outra coisa para fazer e ainda temos muito tempo aqui.
— Você vai dirigir amanhã, Luan –falei.
— Amanhã é outro dia –retrucou, se esticando para pegar o vinho na sacola perto de mim.
Luan tirou o litro de lá, abriu o mesmo e deu um gole.
— Quer? –me ofereceu.
— Não. Você sabe que eu não bebo –respondi, fazendo careta.
— Você bebe vinho sim. Eu vi você bebendo no natal, Lili –respondeu.
— Bebi apenas uma taça –lembrei.
— Então, você vai ter que tomar pelo menos um gole –esticou a garrafa para mim outra vez e me encarou– Garanto que não vai se arrepender –piscou para mim.

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