Voar Outra Vez

Capítulo 58

• UM MÊS DEPOIS •

|Lívia|

— Filha, você já está pronta? –minha mãe entrou em meu quarto perguntando.
— Já, mãe. Só estou tentando me acalmar –respondi me sentindo muito nervosa– Todos já chegaram? –perguntei.
Por ser somente um casamento no Civil, nós resolvemos nos casar em um sítio, ao ar livre, onde depois aconteceria a festa.
— Já. –ela respondeu enquanto arrumava meu vestido– Você está tão linda –minha mãe estava emocionada.
— Obrigada mãe –agradeci sorrindo– O Luan está ai? –perguntei esperançosa.
— Não. Sua tia me disse que ele vai gravar um programa hoje, por isso não teve como vir –ela respondeu e eu senti meu coração apertar e os olhos se encherem. Respirei fundo, tentando afastar os pensamentos e as lágrimas que estavam prestes a rolar por meu rosto.
— Podemos começar –ela assentiu e saiu dizendo que iria chamar meu pai.
Acabei deixando algumas lágrimas escaparem, mas quando ouvi a maçaneta se mexer enxuguei rapidamente o rosto.
— Está chorando filha? –meu pai perguntou.
— Estou um pouco nervosa –sorri sem graça e ele assentiu.
— Você está linda, minha princesa –disse ele ao me olhar dos pés a cabeça.
— Obrigada pai – o abracei e ele retribuiu.
— Vamos? As pessoas já estão te esperando e o Ricardo também –eu assenti e nós nos soltamos. Peguei o buquê em cima da cama e saí do quanto junto com meu pai.

{...}

Hora de entrar. Meu coração batia acelerado, uma sensação ruim tomava conta de mim. Uma mistura de nervosismo e tristeza.
— Coloque um sorriso nesse rosto, filha –eu apenas assenti e peguei no braço do meu pai.
Coloquei o sorriso mais falso que consegui em meu rosto e entrei, vendo todas as pessoas que eu amava ali, menos ele.
Quando chegamos ao altar, meu pai me entregou para Ricardo que sorriu e disse que eu estava linda. Agradeci e nos viramos para o juiz que começou a fazer o discurso de todo casamento.
Demos início à cerimônia e a todo momento eu olhava ao redor, com a esperança de que Luan poderia aparecer a qualquer momento.
— Lívia Coutinho, aceita Ricardo Oliveira como seu esposo? –O juiz perguntou chamando minha atenção e só então eu percebi que Ricardo já havia dito "sim". Um enorme nó se formou em minha garganta.  As lembranças de Luan se declarando pra mim, a música descrevendo o que passamos. Meus olhos se encheram e eu rapidamente olhei para minha mãe que sussurrou um "diga sim Lívia!".
— Sim –respondi breve e coloquei a aliança no dedo de Ricardo, vendo ele respirar aliviado em seguida.

|Luan|

Esse mês passou tão rápido. Eu cheio de shows, Clara com várias provas na faculdade. Quase não nos vemos e nem ficamos juntos.
Agradeci muito à Deus por ter conseguido a gravação do domingão do Faustão bem no dia do casamento dela. O dia em que eu perderia para sempre o amor da minha vida.
— Eu preciso beber! –exclamei assim que entrei na van, para ir em direção ao hotel– Vamos parar em algum bar no caminho e encher a cara.
Estávamos em São Paulo por causa da gravação e Clara tinha ido comigo, mas estava no hotel me esperando.
— E a Clara? –Diguinho perguntou.
— A Clara tá estudando lá no hotel, nem vai sentir minha falta –respondi sem ligar para mais nada– E aí, vocês vão comigo, ou vão pro hotel?
— Claro que nós vamos –Diguinho respondeu animado.
— Mas e a imprensa, Luan? –Well perguntou, chamando minha atenção.
— Quero que se foda! Hoje eu tô precisando tomar um porre daqueles.
Paramos em um bar, e eu não estava nem ligando se iriam ou não me reconhecer, só precisava afogar minhas mágoas.
Sentei em uma cadeira perto do balcão junto com os meninos e pedi uma dose de uísque duplo.