Jack Kline

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Talvez eu esteja ferrada, ou muito ferrada.

A mais de um mês sem dar sinal de vida. Sam e Dean devem achar que estou morta, não estou, mas tenho certeza de que eles vão se certificar de que isso aconteça apenas por não ter dado notícias.

Mas o que posso fazer? Eu precisava desse tempo sozinha. Caçar é uma das coisas que mais me acalma. E, sendo a Winchester mais problemática, poucas coisas me acalmavam.

Abro a porta do carro ouvindo-a ranger. Passo minha mão pela lataria da pick-up preta. Papai ficaria orgulhoso se a visse.

Balanço a cabeça afastando esses pensamentos.

Caminho lentamente até a entrada do bunker. Abro a porta com certo cuidado e entro. Surpreendo-me ao ver um garoto parado no meio da sala do mapa. Era como eu chamava onde ficava a mesa do mapa.

Desço as escadas vagarosamente tomando o cuidado para que ele não me veja, o que foi fácil já que ele estava de costas. Me aproximei vagarosamente, eu tinha a vantagem de ser pequena, logo conseguia me mover sem fazer nenhum ruído. Peguei minha adaga e me aproximei ainda mais, quando fiz menção de colocar a faca em seu pescoço senti uma força me jogar para trás fazendo meu corpo colidir com a parede.

O garoto vira-se para mim, revelando seu rosto e os olhos amarelos, ele levanta o braço e sinto meu corpo ser praticamente esmagado contra a parede.

- O que você quer?

Ele pergunta, mas não há qualquer chance de eu conseguir responder. O ar começava a me faltar.

Ele é um anjo?

Espero que Sam e Dean estejam em casa, não tenho faca de anjo. Porém mesmo que tivesse uma, não há a mínima possibilidade de eu sair da pegada desse garoto.

- Jack, está tudo bem? Eu ouvi um barulho.  - Sam fala aparecendo na sala junto com Dean, ele olha para o garoto e logo olha para mim - Linda?

Sam corre desesperado em direção ao ser.

- Ela me atacou. - O garoto fala ainda olhando diretamente pra mim.

- Jack, solta ela. - Dean fala para o garoto e ele parece hesitar - É a nossa irmã.

Jack olha para mim parecendo surpreso, então abaixa a mão fazendo a pressão que me empurrava contra a parede se dissipar, caio no chão sentindo enfim o ar voltar aos meus pulmões. Dean me ajuda a levantar colocando-me em uma cadeira.

- Você está bem? Quer água?

- Aceito uma cerveja.

O loiro me olha em silêncio por segundos. Queria que continuasse assim.

- Linda, onde esteve? - Sam me pergunta.

Solto um suspiro.

- Por aí. - dou de ombros, me encostando a cadeira.

- Por aí? Você acha ok, sumir sem dar  notícias? Achamos que estivesse morta!

Faço uma falsa expressão triste.

- Sinto muito te decepcionar, irmão.

- Linda, não fala isso, sabe que nos preocupamos! 

Eu suspiro, lembrando do porque eu havia sumido.

- Da mesma forma que se preocupam com Adam?

Vejo os dois ficarem em silêncio.

- Ele está naquela merda de jaula... A anos e vocês não fizeram nada! Não me admira se fizerem o mesmo comigo.

- Não tínhamos o que fazer Linda, você está sendo egoísta!

- Pense nos seus atos e veja quem está sendo realmente egoísta Dean. - levanto começando a sair daquela sala.

Com toda essa discussão eu sequer tive tempo de perguntar quem era o garoto na sala.

Sigo pelos corredores, sentindo meus nervos a flor da pele. Eles nunca entenderiam, Adam era meu irmão completo, sempre fomos só nós dois até que ele se foi e eu conheci os Winchester. Eu os considerava irmãos, mas com o passar do tempo eu percebi que no final era só os dois que importava, Dean ou Sam nunca se sacrificariam por mim ou Adam como fazem um pelo outro.

Após horas trancados no quarto ouço batidas na porta.

- Me deixa em paz.

Ouço a porta abrir e me viro vendo o garoto, Jack eu acho.

- Desculpa... eu só queria me desculpar.

Eu me sento na cama observando o garoto por segundos.

- O que você é?

Ele entra no quarto ficando ao lado da porta.

- Ah, eu sou um Nefilim.

Isso explica algumas coisas.

- Do tipo metade anjo metade humano?

- Isso.

- O que faz aqui? Não deveria saber sobre esse lugar.

- Eu não sabia. Vi você vindo para cá e... resolvi me desculpar por... ter te machucado.

Um sorriso irônico brota em meus lábios.

- Acredite, a coisas que doem mais do que ser jogado contra uma parede.

- Tipo o que?

Sinto um bolo se formar em minha garganta e as lágrimas voltarem aos meus olhos.

- Tipo o fato de alguém muito importante ter ido embora e ninguém fazer nada para mudar isso.

O garoto fica em silêncio por alguns segundos.

- Minha mãe foi embora. Acho que agora ela está no céu pelo menos.

A forma com que ele falou me fez sorrir. Eu não entendia o motivo, mas estava sorrindo.

- Sorte a dela.

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