Meu Universo Particular

Capítulo 43 - Podem me acompanhar?

Ellen

O dia estava chuvoso, era manhã. E nós estávamos em uma sala de espera. O ambiente bem iluminado, com luzes brancas extremamente fortes, pessoas a toda hora adentrando.. correndo. Médicos e enfermeiras. Mark fora pegar um café, já que.. passamos a noite toda aqui.. sentados nessas cadeiras pretas sem conforto algum, com uma corrente de ar que batia hora ou outra e nos deixava batendo o queixo. Estávamos pouco cansados e muito ansiosos, mas.. nem por um breve segundo cogitamos a possibilidade de sair daqui. De ir embora.. jamais o deixaríamos. Os médicos já não vinham dar notícias a algum tempo o que só nos deixava ainda mais nervosos. E por isso Mark fora andar e pegar o café que eu dissera ainda agora. O que acontece é que.. segundo os médicos, está tudo bem. Patrick está estável, nós ainda não pudemos vê-lo.. por alguma razão.. razão essa que desconheço, mas, o médico disse que ele está bem, que dorme tranquilamente, e que pode ter tido um trauma leve em alguma região da cabeça devido à queda repentina, por isso talvez não acorde tão cedo, mas que assim que os resultados chegarem ele vem e nos informa. Disse também que ele teve um colapso nervoso, e que seu coração acelerou-se demais por algum tempo, e que por isso ele está sedado. Passou bem a primeira noite de observação e se os resultados da TC do crânio (exame que mostrará imagens bem detalhadas da cabeça) sair "limpo" ele poderá sair dentro de alguns dias. Só o querem aqui até os resultados de além desse, mais alguns exames, e para continuar monitorando os batimentos e ver se continuam normais. Ele acordou brevemente ontem ao que soubemos e perguntou por mim. — Certas lágrimas involuntárias caem nesse momento de meu rosto—
Mas logo dormiu novamente. Efeito de algum remédio que lhe deram. O médico disse que um por vez hoje poderemos entrar no quarto. Mais tarde. Cristina esteve aqui, mas já fora.. ela tinha que voltar ao trabalho depois desse tempo que esteve fora está "tudo uma bagunça" segundo ela. E eu a disse pra ir.. ainda que, ela insistira muito para ficar. Mark tem sido um ótimo ouvinte nessas últimas horas.. e nós acabamos nos acalmando.. cada um a seu tempo e a seu modo. Claro que.. ainda estou nervosa. Cada palavra que Jillian dissera ainda ecoava em minha cabeça.. e eu não sei o que fazer, não sei o que.. nós faremos. Tem sido difícil. Se ela quem estivesse com ele aqui.. talvez já o teria visto a essa altura. Já que.. quando demos entrada o médico fez questão de dizer em alto e bom tom "somente familiares" "amigos esperam aqui" — e ela, bom é a mãe da filha dele não é. Isso deve contar em alguma coisa.—
"Fizeram bem em trazê-lo mas, como não tem ligação parental com ele, aguardem segunda ordem e por favor preencham essa papelada." Foi tudo. E assim, tivemos de fazê-lo. Queria ter dito que estávamos juntos, que éramos namorados ou qualquer coisa. Mas não o fiz. —Suspiro— Não mudaria nada de toda forma e eu nunca me senti tão impotente na vida. Mas o que me importa é que ele vai ficar bem, ele está bem.
Ellen
Ellen
Ouço ao fundo uma voz conhecida me chamar algumas vezes. Pisco um instante e o observo.. Mark, com o braço estendido em minha direção e um copo de plástico com o cheiro que vem dele exalando em minhas narinas, café. Obrigado Deus.
- Obrigada.
Pego o copo, e sorrio.
- Imagina.. você está bem?
Ele diz sentando-se ao meu lado
- É.. bem..
Respondo sem muito certeza do que acabara de dizer e beberico um gole da bebida que estava realmente quente.
- E você?
Digo preocupada.
Ele está apenas com café no estômago desde ontem.. vários deles.. e não que eu também não estivesse.. mas ainda sim.. me preocupava.
- "É.. bem.. " ele replica minha fala e sorri cabisbaixo. Retribuo da mesma forma e de repente vemos o doutor caminhar em nossa direção. Meu coração aperta e acelera chegando a doer.
- Não é ele o doutor que nos traria notícias?
Ele diz nervoso.
- Sim..
Digo no mesmo tom.
"Estou com alguns dos resultados, vocês podem me acompanhar?"
Ele nos diz segurando vários papéis brancos e apontando a uma sala entreaberta logo em frente.
- Claro..
Dizemos ao mesmo tempo, e em seguida nos levantamos e o seguimos.