Capítulo 80 - O filho do Sloan

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"Lexie eu acho que achei o vestido perfeito."
"O vestido ideal.. o quê acha de irmos nessa loja segunda?!"
— Trazia consigo uma revista—
"Eu quero experimentar e.."
Ellen começava animada a dizer sobre alguns preparativos já decididos, adentrando a grande sala de estar de sua casa e logo interrompe o pensamento quando a encontra (Lexie) em lágrimas no sofá.
- Hey, o que houve?!
Aconteceu alguma coisa com as meninas?
Com você?
Lexie por Deus me diga algo.
Ela estava com o rosto todo vermelho e um pote de sorvete quase que derretido a seu lado, um silêncio ensurdecedor e uma expressão perdida.
- As meninas estão lá em cima com a Izzie e a Amy não se preocupe..
Dizia suavemente secando algumas de suas muitas lágrimas do momento.
- Então é com você né.. o que foi?
Lex.. ?
A loira lhe dizia sorrindo docemente.
- Matteo..
Diz simplesmente.
- Matteo?
Quem é Matteo?
A voz perdida.
- O filho do Sloan.
Uma voz de fundo se faz ouvir, era Patrick que acabava de chegar e pegou o trecho da atual conversa.. as fazendo o olhar atentamente.
- O quê?!
Ellen pergunta surpresa.
- Filho? Como?!
- Você sabia disso?
Lexie diz dura.
- Eu.. sim.. desculpa.
Diz derrotado.
Ellen o fitava séria.
- Alguém me explica o que tá acontecendo aqui... por obséquio.
Levava a mão a cabeça e franzia o cenho.
- Esse sou eu.. eu vou explicar.
A vocês todos.
Mark adentra a sala e Lexie se levanta.
- Com licença..
Diz ríspida se dirigindo as escadas mas Ellen a olha como quem diz "deixe-o ao menos explicar lex" mas para Lexie, não havia explicação pra tamanha mentira, pra esconder algo tão sério, portanto ela apenas se passa do sofá as escadas e sobe rapidamente.
Passar por Mark, sentir seu cheiro, isso realmente a consumiu.. mas ela não deixaria ninguém saber.
Jamais.
- Mark...
Ellen começa.
- Tudo bem Ell, eu mereço isso.. deixa ela.
Eu posso ao menos conversar com vocês?
- Com o Patrick não precisa já que ele parece saber muito mais do que nós aqui.
- Ell..
Patrick começa e ela apenas balança a cabeça em negação.. ele então desiste e não fala nada.
Suspira.
- Não é bem assim, eu vou contar tudo do início, ao menos tudo que eu sei.
Sentem-se.
Dizia e logo todos estavam posicionados confortavelmente.. a não ser por Lexie que ouvia tudo das escadas abaixada para não ser notada o que não era nem um pouco confortável, mas ok.
Pensou.

Flashback on;

Tudo começou em uma das noites em que a Lexie foi me ver lá em casa..
Conta.
Eu fui até a porta, depois que ela havia acabado de sair.. porque a campainha estava tocando e achei que tivesse voltado, porque esqueceu algo ou porque reconsiderou meu pedido pra pousar.
Vocês sabem eu sei ser bem persuasivo e convincente..
Explica e eles apenas o olhavam imaginando em onde isso iria dar.
E então...
"Oi meu amor, já vou.. esqueceu as chaves?"
Dizia sorridente caminhando até a porta, mas ao abrir, uma surpresa.. e essa ainda nem era a maior delas naquela noite.
— Eu ainda não tenho as chaves meu amor.
Kate, o dizia sorrindo parada ao lado de fora da casa.
— Kate?!
Diz apenas, após algum tempo estático a olhando por inteiro.
Ela ainda era linda.
Ruiva, alta, corpo escultural, um sorriso mágico e olhos marcantes. Era a mesma.
A mesma que o deixou a alguns anos atrás.. 2 talvez..?!
Ele não se recordava mais do tempo que havia se passado, era como se sua mente o protege-se e camuflase detalhes desse assunto.
— Não me convida para entrar?!
Dizia ainda com o mesmo sorriso no rosto.
Como se fossem bons amigos que a tempos não se viam.
— Mas é claro que não, o que você está fazendo aqui?!
Dizia sério, mas sua expressão era de alguém muito confuso.
— Meu amor, você ainda guarda ressentimentos sobre mim não é?! Eu sinto muito eu—
— Por favor KATHERINE.
Eu não quero saber, aliás, eu não quero saber de nada.
Nada que venha de você, vai embora daqui.
Por favor.
Dizia massageando a têmpora e suspirando escorado a porta. Seu tom era de alguém bastante irritado.
— Bom, quanto a isso, você está redondamente enganado meu amor, não quer saber de nada que venha de mim.. ok, mas e de algo que veio de nós? Alguém.
Dizia sorrindo e o olhando no mais fundo dos seus olhos.
— Do que você está falando?
E por favor PARA de me chamar de "meu amor".
Dizia ríspido fazendo sinal de aspas no ar.
Ela ri.
— Matteo, vem cá meu anjinho, pode vir.
Kate dizia olhando para a escadaria do prédio, então logo um menininho caminhava em direção a entrada do apartamento de Mark.
Ele era o xerox do mesmo, ainda que isso fosse algo muito confuso para ele.
Sua pele era branca, seus olhos em azul como os do pai, e a única coisa que o lembrava a mãe eram os fios levemente ruivos, apesar de que ainda sim, eram meio enrolados como os de Mark.
O semblante, o andar, o jeito, a personalidade, tudo.. vinha muito do pai, aquele pai do qual ele nunca havia tido contato.
Mas que era inegável, era mesmo seu pai.
Acredite, estava estampado.
— Vem conhecer o papai..
Continua.. e Mark arregala os olhos e engole em  seco.
O que estava acontecendo?—
Então o menino se aproxima e ela o pega no colo, sorrindo e olhando para Mark.
— Matteo.. nosso filho.
Diz como se fosse algo trivial e Mark apenas a cede  passagem para adentrar o apartamento.
Ele sabia que.. precisaria de detalhes e de tempo para entender tudo aquilo. 
Um período depois das leves apresentações, o menino dormia serenamente no quarto de Mark que agora estava pronto para ouvir o que Kate tinha a dizer.
"Senta"
"Quer beber alguma coisa?"
A dizia e ela apenas negava com a cabeça já sentando-se no sofá.
— Mark.. eu quero.. antes de tudo.. te dizer que sinto muito pelo que te fiz passar.. eu entendo.. mas, eu não sabia o que estava fazendo quando te conheci, e não sabia o que estava fazendo quando de pronto aceitei seu pedido de casamento.
Não me entenda mal, foi tudo real, eu amei você.. eu amo você.
Dizia com lágrimas nos olhos, e ele apenas ria debochado.
Mal a olhava nos olhos.. não sabia se poderia.
Mas acreditava que não.
— Mas eu também estava com medo.. do casamento.. de tudo.. e eu estava me sentindo mal, a algumas semanas antes da data.
Eu tinha.. eu fiquei receosa em te contar, não queria te preocupar.. você estava tão feliz.. estávamos.
Diz secando algumas lágrimas que escorriam rapidamente e ele faz o mesmo.
Sua mente presa em memórias.
— Eu me lembro de te ver vomitar algumas vezes, ter tontura e você me dizer que era nervosismo, ansiedade.. pro nosso dia.
Ri.
O grande dia que você me deixaria sozinho naquela igreja sofrendo feito um louco.. sem entender absolutamente nada.
Respirava fundo olhando pela janela. 
— Eu sei. Perdão.
Dizia segurando o restante do choro que queria se soltar dali.
— Mas.. continuando.. quando fui ao médico, 2 ou 3 dias antes.. do nosso dia.
Ele balançava a cabeça em negativa.
Eu soube do Matteo.. quer dizer, não sabia ainda o que ele era.. menino, menina.. só sabia que o esperava.
E eu queria te contar.
Pela primeira vez desde que começaram a conversa, ele a olha nos olhos.
— Mas.. eu sei lá parecia.. que era muito.. em pouco tempo.
Íamos nos casar e não tínhamos nem.. eu sei lá, era pouco o tempo que estávamos juntos, você sabe.
— Pra mim, era o suficiente para amar você. E saber que continuaria amando.
Diz voltando a olhar para fora pela janela.
Qualquer coisa valia para não encara-lá uma outra vez.
— Para mim também, não se tratava de amor naquela época Mark.. eu não sei.. eu surtei, me desequilibrei.. tive medo.
Nunca fui boa em honrar compromissos de longa data, e quando entrei naquela igreja, quando te vi, eu pensei "eu consigo, eu o amo como nunca amei nenhum outro alguém"
"Vamos ter nosso bebê, começar nossa família e seremos imensamente felizes"
O que me acalmou.. por um tempo.. mas aí, eu vi a igreja lotada, vi meus pais.. nossos amigos.
Todos esperavam o mesmo.. e então pensei..
"E se eu não te fizesse feliz? E se não fosse pra ser? E se não desse certo?"
E eu só, eu corri, eu fugi pra nunca mais.
E me arrependi, Mark, todos esses anos, eu ainda me arrependo.
Eu pensei em você, em nós.. todo o tempo.
— E por quê agora?
Dizia segurando assim como ela, toda a dor daquela conversa.
— Pelo nosso filho.. não é justo com o nosso menino.. ele teve uma apresentação na escolinha recentemente, antes das férias e, ele não tinha um pai lá como a maioria das outras crianças.
E foi então que me dei conta.
Ele me perguntava vez ou outra de você também.
Cada vez com mais frequência.
Você sabe.. o por quê.
Se ele tinha feito algo.
— Ele é muito esperto pra 2 anos e meio sabe. —
É falante, é criativo, curioso.
Dizia orgulhosa, e logo sorri, e dessa vez ele sorriu também, genuinamente.
— E por você.. também não era justo que você continuasse sem saber desse presente que é o Matteo.
Ele é doce, é ótimo.
Como você.. são tão parecidos.
Não só fisicamente.. e achei que deveria e que gostaria também, de conhecê-lo.
E sei que não estou no direito de te exigir nada.. mas eu vou lutar por você.
Pra te ter de volta na minha vida.. pra sermos enfim a família que deveríamos ter sido a muito tempo.
— Escuta Kate..
Começa um tempo depois.
Entre mim e você.. nada.. nada.. escuta bem.
Vai acontecer.
Acabou.
Nós nunca seremos essa família que você diz.
Porque você destruiu isso.. a muito tempo.
Você tem noção do que você fez?
Da consequência do seu egoísmo?
Você me privou de ser pai, desde o início.
De ver meu filho nascer, de amar, de levar para brincar, de ouvir as primeiras palavras, de segurar pela primeira vez ele em meus braços.. você me privou de muito.. de quase tudo.. e isso não volta.
Você diz que sabe o que eu passei ou que sente muito.. mas, sabe, tanto faz.
Você não faz ideia do que eu passei e nem nunca vai fazer.
A humilhação perante os convidados.. ter que ligar e cancelar nossa viagem de lua de mel, ter que resolver tudo com nossa futura casa.. os móveis.. ter que ouvir e ver as pessoas tendo pena de mim em todo lugar que eu ia por meses.
Na verdade ainda acho que sou conhecido como "o coitado que foi deixado no altar."
Os cochichos, os olhares...
Suspira.
E ela chora um pouco mais alto.
Você não faz ideia da dor que eu senti te vendo tão linda na minha frente, e logo depois correndo de mim.
Ah, Katherine.
Eu te amava tanto.
Ela suspira ainda chorosa.
— Mas não foi o suficiente.
Nós dois sabemos que não.
Então.. sobre o nosso filho, claro que quero estar com ele, conhecê-lo.
E acho que devíamos entrar com o pedido de guarda compartilhada.
Não vamos voltar e sinto muito se você veio até aqui com essa intenção.
Mas eu estou em outra, estou feliz e estou namorando com uma mulher maravilhosa.
Alguém que me fez voltar a vida, que fez meu coração parar de bater por simplesmente bater.
Eu a amo muito e é com ela e só com ela que eu quero ficar.
Você não vai mudar isso.
— Acha que ela vai aceitar bem nossa situação?
Dizia irônica.
— Nós não temos nenhuma situação Kate, temos um filho, lindo.
O qual eu já amo muito e só isso.
Nosso único vínculo, nosso único laço.
— Mas é um laço que durará para sempre.
Queira você ou não, queira ela ou não.
Sorria satisfeita.
Com um ar de "você sempre será meu" e ele como bom entendedor, entendeu perfeitamente.
Mas resolveu só ignorar.
— Vocês vão ficar quanto tempo?
— Nossa, já está nos expulsando querido?
Ele revira os olhos diante do novo apelidinho.
— Jamais.. podem ficar aqui o tempo que for.
— Podemos ir para um hotel..
Dizia, mas sem intenção alguma de ir realmente.
— Não, podem ficar, acho que é melhor pro Matteo.
Kate sorri.
— Olha você.. já todo preocupado.. papai.
Dizia sorrindo de forma carinhosa.
— Não confunda as coisas.. vocês ficam, eu saio.
Eu vou procurar um hotel.
E venho todos os dias ver ele.
Disse e ela então se aproxima e tenta toca-lo mas ele a impede segurando sua mão.
— Kate. Não.
Seu tom ainda era rude. Mas nada que ela não pudesse mudar a longo prazo, afinal, eles agora tinha um filho, eram pais.
Isso tinha de contar em algo. Pensou.
— Ok.. Ok..
Se afasta bufando.
— Vou dormir, você vem?
Ria sarcástica dando uma piscadinha que ele ignora completamente.
Mas isso não lhe abalou. Aquela era apenas a primeira noite.
Iria vencê-lo, seu orgulho.
Ah sim, venceria pelo cansaço. Imaginou.
— Eu durmo aqui no sofá, obrigada, boa noite.
Disse duro finalizando a conversa e se ajeitando no estofado virando de lado, contra ela.
— Boa noite querido.
Sorri e se retira.
O deixando ali, preso em lembranças.
Dores, e conflitos.
Fora a alegria de ser pai de um menino tão lindo e maravilhoso quanto Matteo. 
Estava ansioso para enfim "conhece-lo" de fato.
Tanto que, naquela noite, não pregou o olho nem mesmo por uma horinha.

Flashback off.

- E foi isso, depois dessa noite os dias foram passando rápido, eu fui adiando muitas coisas, como sair de lá e ir para o tal hotel.
Porque Kate e eu fizemos funcionar.
Os horários, os dias e as coisas pra ele.
Não tivemos e nem teremos nada e depois de um tempo ela parou de tentar.
E eu estou tão apegado com meu filho, que sempre me foi um sonho e fiquei.. por ele.
Sabe ele é... ele é perfeito.
Sorri com lágrimas nos olhos.
- Estamos tendo momentos incríveis juntos. Que nunca imaginei acontecer comigo.
Quer dizer, ser pai era um sonho, mas nunca imaginei realmente acontecendo e é maravilhoso.
Eu juro, ele é mesmo muito especial.
E ela está procurando casa na cidade, vai ficar para facilitar minha convivência e aproximação com ele.
E logo irá sair do flat e eu assim poderia contar pra Lexie.
Eu ia dizer desde o início, mas nossa relação sempre foi tão frágil, e andávamos tão felizes.. que eu tive medo de que isso não fosse algo que pudéssemos segurar juntos.
Um soluço escapa de sua garganta.
- Tive medo de perder o amor, ela.
E perdi mesmo assim.. devia ter dito.
Esfrega os olhos concluindo.
Ellen e Patrick estavam pasmos.
Nem mesmo Patrick sabia de tudo.
- E pra constar, Patrick soube disso um dia antes da Lexie.. porque eu ia explodir e implorei pra ele não dizer nada pra vocês antes de mim.
Eu não devia ter posto ele nisso tudo.
Mas nessa história existem, como podem ver, tantas coisas que eu não deveria ter feito.
E eu só..me desculpem.
Não tem explicação.
Olha.. eu preciso ir.
Estava com a voz embargada e antes mesmo de Ellen e Patrick se pronunciarem para dizer que entendiam e que estava tudo bem, e que também queriam conhecer logo o pequeno Matteo, Lexie aparece nos degraus, seus olhos marejados.
O olha um tempo até dizer;
— Posso falar com ele um instante? —
Os demais então logo se retiram sorrindo de maneira terna e os deixando sozinhos.

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