Capítulo 65 - Triste fora o eufemismo do ano

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"Não Mark, não precisa cara, está tudo bem. Obrigada."
Dizia Patrick ao amigo finalizando a ligação, talvez essa já fosse a sua décima primeira em menos de uma hora. Mas, era compreensível.. devido à situação. Além dele, Carolyn, Amy e Cristina também já haviam feito seus telefonemas.. no entanto, Patrick apenas os despreocupava contando-os que tudo já estava bem.

Ellen

Acordo e sinto um leve enjoou, posso ver que ainda estou no hospital, deitada aqui.. com esses fios em meu braço e Patrick a minha frente. Ele está sentado em uma cadeira em tom de quase marrom, cabisbaixo.. ainda não percebera que acordei. E honestamente não faço ideia de quanto tempo estamos aqui.. ou de quanto tempo dormi.
- Hey
O digo baixinho e ele volta a sua atenção a mim rapidamente..
- Hey, você acordou, graças a Deus
Logo se aproxima e me beija a testa levemente, em seguida me solta um sorriso, que logo, mesmo fraco e com certo esforço, retribuo.
Por algum tempo não sei o que lhe dizer.. e com medo de o perguntar o que realmente gostaria de saber.. me sinto perdida.
- Como se sente? —
Me diz um tempo depois do breve silêncio
- Bem.. muito bem na verdade, só um leve enjoou. "Uhum"
Ele murmura e balança a cabeça como se pensasse em algo
- Quanto tempo.. quanto tempo faz.. que.. eu.. — ia perguntando aos poucos porque sabia que com essa resposta viria a outra pergunta e logo depois o imenso medo da resposta.
- Algumas horas.. você dormiu um tempo, e nós já estamos aqui a umas duas ou três horas.
Ele começa
- Você passou por alguns exames e logo após veio a sedação, para controlar o sangramento e por isso você dormiu. Teremos de passar a noite.. tem alguns resultados para chegar daqui a pouco e eles ainda te querem aqui para observação. Mas.. ao que tudo indica, foi um sangramento "rotineiro", e mesmo sendo normal não acontece com todas as grávidas, portanto vamos aguardar o resultado dos testes que fizeram quando chegou, mas está tudo bem com as meninas. O médico garantiu e conforme for, amanhã estaremos em casa.
Ele disse tudo de forma doce, mas razoavelmente rápido.. pois me conhecendo sabia que eu precisava que fosse assim. E ainda bem.. finalmente sinto o ar voltar a meu corpo. As crianças estão bem.. é isso que importa.
- Você não tem que ficar aqui.. você tem que trabalhar.. e a Emma, cadê nossa filha? —
Confesso que meu tom saiu mais preocupado do que eu gostaria.

Patrick

Ela diz "cadê nossa filha?" Se referindo a Emma e meu coração aquece inexplicavelmente todas as vezes. Ela é uma excelente mãe, além de se preocupar com as gêmeas consegue tempo para se preocupar com a Emma sem nenhuma distinção. E comigo e todos mais que de alguma forma precisarem dela, eu amo seu enorme coração.
Ela é incrível em tudo que faz.
E isso me surpreende cada vez mais a cada dia, tenho tanto orgulho dela e só consigo pensar, mereço tanta sorte? Mereço alguém como ela?
O quê terei feito eu pra merecer tamanha honra que é acordar ao lado dela todas as manhãs?
- Ela está com a Amy. Tá tudo bem amor, fica calma.. e é claro, que eu vou ficar. Aonde mais eu estaria?
Ela sorri
- Tá bom..
Diz simplesmente, seu semblante ainda preocupado. Um segundo e o médico adentra o quarto.
- Ellen, acordou.
Diz o amável senhor que nos atendeu essa tarde à olhando.
- Oi doutor, e meus resultados..
Pergunta ansiosa
- Calma mocinha, eu vim justamente trazer-lhe..
Bom.. ao que parece foi apenas um evento inesperado e que como eu já expliquei ao —seu marido..—
Ela sorri, seus olhos brilhando, pela primeira vez sinto que ela gostou da ideia, que não está assustada com o assunto. Isso me deixa tão feliz. Espero estar certo ou talvez seja apenas minha mente cansada me pregando peças.
- O sangramento é algo normal, até rotineiro para algumas gestantes mas no seu caso, acredito eu, foi apenas um evento isolado. Não temos indícios nenhum de complicações e nem de um possível retorno, seus batimentos estão normais, seus exames de sangue e urina não demonstraram nada errado, nenhum nível elevado e as meninas estão ótimas saudáveis e bem grandes.
Ele nos dá um sorriso cheio de dentes e logo o início das lágrimas que vem escorrendo no rosto de Ellen, e não nego no meu também.
Depois da tempestade é sempre bom ver um raio de luz do sol.
- Tem certeza doutor? Eu.. eu.. sou muito preocupada é só isso
- É claro que tenho, sei que o susto deve ter sido forte. Mas.. as meninas..
Ele diz com uma expressão de dúvida para que o digamos os nomes uma vez mais..
- Melinda e Mabela
O dizemos juntos enquanto ela segura firme minha mão.
- Melinda e Mabela, que excelente escolha.. bom, elas estão ótimas, muito saudáveis mesmo e daqui em diante a única coisa que vou pedir é para que evite fazer esforços.. e cuide com a pressão, sempre que possível a meça e qualquer situação inusitada você me liga ou volta pra uma consulta, mas eu acredito que episódios como este não iram mais ocorrer.
Ele sorri
- Respira aliviada mamãe.. e papai também, como eu já os disse, suas meninas estão muito saudáveis e o final dessa gravidez deve se correr muito bem.
Conclui gentilmente e um tempo depois preenche uns papéis e nos conta que virá assinar a alta de Ellen pela manhã.. logo se retira.
Fico sentado ali com ela, a faço carinho nos cabelos e logo a vejo adormecer, agora mais tranquila e ainda sonolenta pela medicação de mais cedo.
Quando estava fechando os olhos também, ouço umas batidinhas na porta.
Lexie.. de uniforme azul escuro e um pager preto pendurado na cintura.. havia até me esquecido de que trabalhava aqui.
- Lexie, minha residente favorita..
Digo baixinho e vou até ela que ri brevemente
- Oi shep, vim assim que soube.. o que houve?
- Um sangramento, mas já está tudo sob controle. Ela passa a noite aqui e amanhã vamos embora.
A vejo respirar fundo e se aproximar de Ellen, beijando-lhe a testa e fazendo carinho em seu cabelo enquanto lhe sorria de forma terna.
- Diz pra ela que estive aqui.. e que qualquer coisa pode me ligar?
Ela diz vendo que teria de ir pois o bipe de seu pager assoou.
- Digo, claro.
Ela sorri, caminha até mim me dando um leve abraço e sai.
- Hey Shep—
Me chama novamente da porta
"Hum" digo somente.
- Como ele está?
Me pergunta e já sei que era de Mark que falávamos.
- Triste. Bem. Mas, triste..
Ela apenas assente, fecha os olhos suspirando e logo se vai.
Triste fora o eufemismo do ano.
Pois Mark andava arrasado.. não queria demostrar e até tentava esconder, mas o conheço. Ele se arrependia de sua atitude com ela.. isso me dissera.
Me pergunta sobre ela quase que todos os dias e ainda que ele tenha feito o papel de um homem honrado e de ter tido responsabilidade afetiva, o que é bem mais do que se pode dizer sobre todas as suas outras "relações" coloquemos assim, ele se culpava. Pois agora se sente pronto, entretanto sabe que ela já o esqueceu.. ou ao menos, é o que ele pensa.
Muito embora para mim, esses dois, ainda tenham muitas chances de darem certo. Basta que se sentem, conversem, que queiram. E do resto o destino se encarrega.
O grande problema aqui é, por quê tinham de ser tão orgulhosos?

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