Capítulo 46 - Nossa corrida contra o tempo

342 39 18
                                    

Ellen

(...) "Não ao Patrick o quê?!"
Suas palavras ouviam-se repetidas vezes em meus pensamentos. E lá estava eu, congelada. Tento abrir a boca e dizer-lhe algo, qualquer coisa.. mas não consigo. Minha boca se abre mas as palavras não saem.. vamos Ellen, você precisa dizer algo. Qualquer coisa. Qualquer coisa. Qualquer coisa....
- É que— comecei sem ao menos saber como continuar e todos me olhavam ainda mais confusos. A não ser pelo olhar de Amy, que se destacava pelo brilho causado pelas lágrimas que ali estavam. Loucas para cair em seu rosto pouco iluminado por uma luz que adentrava o ambiente, devido a uma janelinha no meio do corredor.
- É que... nós vamos sair.. só nós duas um dia de garotas e não iríamos te contar é isso.
Ela diz rapidamente com a voz forçando-se a sair em um tom forte e convincente. Seguido por um breve sorriso à ele.
- Ah, mas isso é uma ótima ideia, minhas garotas favoritas juntas. Ele diz sorrindo e caminhando em nossa direção.
- Deixa a mamãe ouvir isso.
Ela diz em uma tentativa de acabar o assunto e finalmente podermos ir.
- E a Emma então? Nossa nem pensar
Ele diz em gargalhadas e eu sinto uma tontura e um arrepio me alcançarem. Meu Deus se ele soubesse onde realmente estávamos indo.
- Pois é..
Ela diz em um tom já não tão convincente e respira fundo.
- Nós temos que ir..
Vejo ela tremer levemente os braços ao dizer-lhe. Mas não sei se ele percebe.
- Tudo bem..
Nos diz calmamente e se aproxima.. ambos nos despedimos e ele e Mark adentram o apartamento já em algum assunto enquanto nós apenas começávamos nossa corrida contra o tempo para chegar logo ao hospital.

☁️
Já estávamos a cerca de umas 5 horas aqui.. o que sabíamos até agora não era algo para se celebrar. O médico vem vez ou outra.. e nós ainda não pudemos entrar para ver nenhuma das duas. Emma.. que teve o braço direito quebrado e umas escoriações leves no corpo, se recuperará totalmente. Mas ainda dorme.. segundo os médicos ela precisa repousar o máximo possível para que seu corpo a ajude no processo de recuperação. E Jill, está em coma. Ela deve acordar segundo ele, mas.. não sabe dizer ao certo quando.. e nem como. Mas diz que podemos ficar esperançosos com sua melhora também. E tudo que eu quero é contar a ele.. eu só.. eu não sei como.
- Amy. A chamo nervosa e quebrando um silêncio já duradouro.
- Isso não pode continuar.
Uma lágrima escorre por meu rosto. É inevitável.
- Eu sei..
Ela meio que murmura.
- Ele pode reagir muito mal quando souber e pior se descobrir de outra maneira que não por nós.
- Você tá certa.
- Eu digo a ele.. ainda hoje.
Me diz.
- Eu vou com você..
- Não..
Não.. alguém.. alguém tem de estar aqui se a minha pequenininha acordar.. por favor Ell.
Ela dizia e de repente todo o choro contido se manifestava e já se fazia ouvir em toda a sala de espera desse hospital. A abraço mais uma vez.
- E claro, a Jill. Continua.
- Sim.. eu sei.
Minha voz agora embargada enquanto ainda a abraçava apertado.
- Elas vão acordar. Digo
- Vão..
Diz simplesmente respirando fundo enquanto tentava controlar suas emoções.
- Então eu vou..
Ela se põe de pé rapidamente e me abraça outra vez.
- Obrigada por tudo Ell.. não sei como lidaria com isso sem você aqui.
- Pode contar comigo pra tudo Amy. Sempre.
Digo firmemente.
Ela me solta do abraço, assente e caminha em direção à provavelmente a tarefa mais difícil que ela já teve de encarar. Contar ao Patrick, seu irmão, toda essa dor e tudo que houvera. Que ele seja forte. Que ela consiga o encarar nos olhos e dizer-lhe isso tudo. Meu coração está muito acelerado.. minhas mãos tremem e eu também estou suando frio. Não estou sabendo lidar com tudo. Quem dirá ele que é o pai.. que foi o marido. O amigo, o companheiro, o parceiro.. durante tantos anos. Nem consigo imaginar como ele ira receber essa notícia.

☁️
Haviam poucas pessoas aqui agora, diferentemente de quando chegamos, estava quieto e muito gélido, eu estava arrepiada.. rouca e com muita dor de estômago. Uma ânsia desenfreada também me chegava vez ou outra.. fora as pontadas na cabeça. Mas isso não me preocupa nem um pouco pois é claramente devido ao nervosismo do dia de hoje. O que me preocupava eram elas.
Enquanto espero alguém me dar notícias, "assisto" à um programa qualquer que passara na televisão perto da recepção. E de repente percebo alguém se aproximar. Olho de relance e vejo um Patrick correr em minha direção. Ele estava com um semblante de medo como eu jamais o vira, os olhos vermelhos acredito que de tanto chorar e atrás posso avistar também Mark e Amy. Só consigo imaginar como gostaria que a Cristina estivesse aqui comigo.
- Meu amor..
O digo enquanto ele simplesmente me abraça forte.
- Fica calmo por favor
Tento dizer o mais tranquilamente possível e acaricio levemente seus cachos bagunçados.
- Eu não posso perder a minha filha Ell.. eu não posso.. não vou saber viver sem ela comigo.
- O aniversário dela é em poucos dias.. eu prometi a festa que ela queria e se eu não puder fazer.. eu— ele me diz em total desespero e isso faz meu coração parar por uns segundos.
- Você não vai perdê-la, ela vai acordar e vai voltar pra nós.. tá me entendendo? Vamos sim dar essa festa e tudo vai ficar bem.
-Calma..
Beijo lhe a testa e seguro firme em suas mãos que tremiam muito mas ele parece se acalmar de certa forma. Claro que ainda sinto seu medo e sua dor. E só queria tirar isso dele.. ah, se houvesse uma forma.
- Ell, os médicos deram alguma notícia desde que—
- Não.
Digo a Amy quase que em um sussurro.. enquanto ela me olha tristemente.                            

☁️
Estávamos todos sentados em silêncio já a algum tempo quando vemos o médico de mais cedo se aproximar..
- Quem de vocês é responsável pela Emma?
- Sou eu..
Patrick diz meio engasgado e se levanta rapidamente
- Eu sou o pai, mas eles também são da família
Ele diz apontando ao redor
- Que ótimo, ela acordou e está consciente, apenas meio lenta pelos analgésicos devido ao braço quebrado e as lacerações. Pra que ela não sinta nenhum tipo de dor.. tivemos de dar uma dose forte.
Ele diz calmo.
Vocês podem vê-la agora mas, um por vez.. quem entra primeiro?
- Eu vou.. eu—
Ele começa a chorar e todos o acompanhamos..
"E eu sou o próximo em.." diziam Mark e Amy um ao outro.
- Eu já volto.. eu.. eu digo a ela que vocês estão aqui.. Ele dizia enquanto chorava e sorria ao mesmo tempo. Todos respirávamos aliviados, nossa menininha está conosco mais uma vez. Graças a Deus. E não existem palavras que expressem esse sentimento de saber que ela está bem. Ainda sim, seguíamos angustiados. Jill ainda dormia. E isso era o que nos assustava.. ela tinha de recobrar à consciência e.. logo.

Meu Universo ParticularOnde histórias criam vida. Descubra agora