Capítulo 59 - Jamais a esqueceria

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E quando a barriga for crescendo
Você ainda vai ser linda e eu nem preciso te ver
Seca o choro e fica aqui comigo
Que até assim tristinha, eu já sei
Que eu amo você!

Ellen acordou e.. estava triste. Realmente não soubera bem o motivo. Seus hormônios a enlouqueciam ultimamente e ela sabia que isso era algo normal, mas ainda assim, era difícil. Ela começou a questionar-se. Ela conseguiria? Ela seria boa mãe? As dúvidas pairavam sobre a mesma quando ela se lembrara de algo que lhe aconteceu a muito.. muito tempo atrás.

Flashback on;

— "Lexie, não chora, eu te prometo que eu vou cuidar de você, eu estou aqui.. eu não vou embora. Eu vou cuidar de você assim como a mamãe. Eu juro."

Flashback off.

Essa era a promessa que fizera a irmã aos 7 anos. E que hoje, se culpava por de certo modo não te-la cumprido.
Perdida em suas memórias ela volta a realidade quando ouve a voz de sua irmã.. a mesma em que ela estava pensando. A mesma que ela sentira-se culpada por ter "deixado."
"Ells, você tá aí?"
Lexie continuava do outro lado da porta até que ela percebe não a ter respondido.
- Sim Lexie, o que foi?
Ela diz com a voz embargada secando algumas lágrimas. Ter Lexie de volta e lembrar-se de certas histórias realmente estava mexendo com ela.
- Eu posso?
Ela diz abrindo a porta calmamente e pondo a cabeça pra dentro do cômodo.
- Claro..
Ellen diz tentando disfarçar o choro. Mas Lexie a conhecia bem demais.
- O que está havendo Ells? Ei.
Diz preocupada vendo o real estado de sua irmã.
- Ellen?
Ela a diz se aproximando mas a mesma não a diz nada. Ela então a abraça forte e Ellen parecera precisar muito daquele abraço. Ainda mais naquele momento. Era como se fosse só o que ela precisasse no mundo.
- Me perdoa Lexie.
Ela meio diz meio murmura.
- Perdoar você? Pelo que?
Ela a diz confusa franzindo o cenho.
- Eu deixei você.. eu eu.. sei que nosso pai não estava agindo como age agora, mas ainda sim eu deixei você, eu te disse que assim que tivesse condições de manter nos duas, que assim que arrumasse um bom lugar, um bom emprego eu voltaria pra Itália pra buscar você. Mas eu nunca mais voltei pra lá. E quando voltei anos depois, você não estava. Lexie eu queria voltar.. eu te juro.
— As lagrimas tomavam conta de todo o seu rosto.—
- Mas eu me envolvi com tantos problemas, e o Chris, meu ex.. ele não me deixou te buscar e eu sei que isso não é desculpa e que eu pareço uma covarde, e talvez eu fosse, mas ele me controlava.. cada passo, cada ligação, cada amizade que eu tinha e eu.. eu não conseguia sair disso e fiquei nesse looping por um longo tempo. Lexie eu não podia trazer você tão nova para aquele ambiente, você entende? Eu não podia te tirar do papai pra isso. Eu só— eu nunca te esqueci, e chorei muito por praticamente todos os dias pensando se você estaria bem, se você se lembraria de mim.
— Começava agora além das lágrimas, o soluço. E nessa altura Lexie já estava com os olhos mais do que marejados.—
Mas quando eu sai de casa eu só tinha 16 Lexie, e você 14, o que faríamos? Não tínhamos dinheiro, muito menos estabilidade. Não tínhamos nada, nem ninguém pra contar e eu só queria o melhor pra você. E passar por todas as dificuldades que eu passei.. era isso que eu queria evitar você entende?
E eu sei que não foi fácil pra você. Que não tem desculpa.. mas eu não podia. Eu não tinha como, não queria te arrastar de uma vida confusa pra uma vida bagunçada e triste.
Ellen estava aos prantos e Lexie a olhava nos olhos.
- Ells
Respira fundo.
- Tá tudo bem. Eu entendo. Sabe, eu não entendia.. mas eu entendo agora. Minha vida depois que você foi embora não fora de todo ruim. Papai cuidou de mim, nossas tias, a vovó antes de.. bom você sabe..
—dizia cabisbaixa— eu sai, eu me diverti, eu vivi minha adolescência mesmo com o papai bêbado algumas vezes me constrangendo e.. enfim..
— ela suspira brevemente— eu aproveitei.
E sei, que isso é muito mais do que se pode dizer de você. Essas dificuldades que você passou e eu não. Só me fazem ser grata por você ter me poupado disso. E isso tudo, sabe todas as dificuldades, te fizeram essa mulher de fibra que você é. E quer saber de uma coisa? Você me inspira, me orgulha. Você não me deixou, porque quando eu precisei aqui está você de braços abertos pra me acolher, quando pequenas você me acolheu, você foi uma mãe mesmo aos 7 anos e mesmo quando não esteve comigo, você esteve. Porque assim como você não me esqueceu um só dia, eu também não. Eu sei que lutou por nós, e eu te admiro Ells, e sinto muito pelo relacionamento abusivo que teve. E fico tão
— ela segura as mãos da irmã, ambas com os rostos já vermelhos e a respiração desalinhada de tanto chorar.—
Sabe, tão feliz por você ter tido forças para sair disso, e agora estar tão feliz com uma família linda. Você merece. E sabe.. sou grata por estar com você novamente. Você agora tem 25, eu 23 e é como se o tempo não tivesse passado, como se fôssemos aquelas irmãs de 5/7 anos que pareciam siamesas por não se desgrudarem por nada no mundo. Ells, eu te amo e você é incrível, sua força é algo surreal, e se te sobre alguma dúvida de que será uma excelente mãe, saiba que pode cessa-las agora, você será, ou melhor você já é, uma ótima mãe, a melhor de todas. Assim como a nossa.
Quando Lexie à diz isso, Ellen sente um peso enorme deixar suas costas e uma onda de paz a tomar conta. A irmã a abraça em seguida.
"Eu te amo loirinha" diz e Ellen ri.
"Eu te amo franjinha."
- Para porque eu nunca mais cortei aquela franjinha sozinha.
Lexie retruca e ambas gargalham.
- E mais uma coisa, sejam meninos ou meninas ou uma menino e uma menina, enfim, você me entendeu..
Diz fazendo uma careta e Ellen sorri assentindo.
- Eles serão as crianças mais sortudas do mundo, assim como a Emma. Porque eles tem a mãe mais forte e incrível que esse mundo já viu. E o pai também não é ruim.
Lexie a diz e ri enquanto a abraça uma outra vez. Ellen por sua vez deixa que mais lágrimas a invadam e agradece a irmã por tudo. Após o abraço Lexie caminhava em direção à porta, ela sai e segundos depois volta.
- Esqueci de falar o que eu vim te falar;
Começa agitada.
- Então diga..
Ellen sorri e a olha curiosa enquanto seca o rosto.
- Eu tenho um encontro..
- Bom, quer dizer, não é bem um "encontro"
Ela diz fazendo o sinal de aspas no ar e Ellen a olhava ansiosa.
- É um jantar. E preciso da sua opinião com a roupa que eu vou usar.
- Tudo bem, mas.. com quem?
Ellen pergunta animada.
- Mark Sloan.
Ela diz e a irmã regala os olhos e em seguida ri passando por Lexie e fechando a porta atrás de si.
- Então vamos, temos muito trabalho a fazer.
Ela diz animada abrindo o closet e olhando pra Lexie que sorri eufórica.
- A roupa de um primeiro encontro é crucial.
Ellen dizia e Lexie a acompanhava.
Essa noite seria lembrada. Sem dúvida alguma. Mark Sloan, depois desta noite, jamais a esqueceria.

🌺 A música usada é 9 meses (Oração do bebê) - Bárbara Dias.
E provavelmente vou usar ela algumas vezes mais, então vocês já sabem. ❤️🌺

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