Capítulo 73 - Obrigado, obrigado, obrigado

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Coloquem para tocar antes de ler:
🌺 To Build A Home- The Cinematic Orchestra 🌺 (Que é a música também usada ao início.)
Obrigada e boa leitura! ❤️ 

This is a place where I don't feel alone
Esse é um lugar em que não me sinto sozinho
This is a place where I feel at home
Esse é um lugar onde me sinto em casa
Cause, I built a home
Porque, construí uma casa
For you
Para você
For me
Para mim
Until it disappeared
Até desaparecer
From me
De mim
From you
De você.

— 13 horas depois—
"Desfibrilador desfibrilador para a mãe agora, RÁPIDO, ou podemos não conseguir salvá-la."
"Possível parada cardíaca."
O médico principal gritava após tirar as meninas perfeitamente saudáveis do ventre de sua mãe, elas vieram com 2 kg e 800 chorando aos quatro ventos como tem de ser.. no entanto Ellen, não estava tão bem assim.

Algum tempo antes.

"Amor.. vamos.. vamos você consegue, eu estou aqui com você. "
Patrick dizia docemente a mulher em sua frente enquanto segurava sua mão e alisava seus cabelos pingando de suor, ela por sua vez o apertava cada vez mais e chorava, gritava e tentava intercalar tudo isso entre respirar fundo e empurrar.
SAIU A PRIMEIRA.
Dr Raymond dizia e Patrick e Ellen choravam extasiados.. enquanto olhavam-se.
Patrick sentia todo seu corpo tremer e Ellen sentia uma alegria avassaladora a preencher o peito, além da inacreditável dor que a seguia.
"Vamos lá Ellen, agora só falta um pouquinho mais, sei que já estamos aqui a horas... mas elas não queriam sair do lugar quentinho e seguro em que estavam, e quem as culpa?
Esse mundo é uma loucura.. ri. Mas agora, está mesmo no fim."
Ellen assente ao doutor e aperta os dedos de Patrick fortemente uma vez mais.. e ele apenas sorri muito embora ainda chore, olhando para ela e ao longe vendo sua filha nos braços de uma enfermeira que a balançava e a levava para fazer alguns exames de rotina após o nascimento.
"Ela está bem?"
Ellen dizia ofegante notando que sua filha não chorava mais, ou seja, já havia saído.
"Está.. não se preocupe, logo vai estar com ela, com ambas, agora respire fundo está bem, vamos lá?"
O homem de roupa cirúrgica verde a dizia e ela apenas balançava a cabeça em resposta gritando e empurrando com toda a força de seu corpo, e nessa altura, de sua alma.
"Você é tão forte.. eu te amo.. tanto tanto.. nossas meninas estão quase aqui."
Ela sorri.. ouvindo Patrick a dizer. Os olhos cada vez mais cheios de lágrimas.
CONSEGUIMOS.
Exclama o médico feliz ao tirar Melinda.
- Acabou mamãe.. elas estão aqui. Vamos finalizar e assim que elas passarem pela checagem dos sinais vitais e alguns exames curtos eu trago-as a vocês.
Os dizia mostrando-lhes rapidamente a criança que chorava e era assim como Mabela.. perfeita.
O sentimento que tinham em seus corações, os olhos que tanto brilhavam.. a felicidade, era mesmo imensurável.
Patrick beija a noiva docemente nos lábios, em seguida na testa.. a fazendo carinho por toda a extensão do rosto com delicadeza. Estavam extasiados em alegria, amor.. paz... mal podiam acreditar nesse momento mágico, tão além do que puderam imaginar. Ainda melhor.
Sorriam com as testas coladas e as lágrimas colidindo quando Patrick sente o rosto da mesma se afastar gradativamente, sua mão a qual ele ainda segurava o soltar suavemente.
Ficando meio gélida.. amolecendo e por fim caindo. Assim como logo sua cabeça, que se deita para trás. Em seguida, Patrick sente um ardor no estômago e uma dor intensa percorrer seu ser. O monitor indicava batimentos irregulares.
Apitava enlouquecidamente enquanto ele apenas começa a gritar por ajuda tocando seu rosto e a chamando em total desespero.
"Ellen, meu amor, eu não posso viver sem você, nossas filhas não podem ficar sem a mãe, a Emma já perdeu a Jillian não pode perder você também, eu não vou saber viver sem você aqui, não sei o que fazer sem você, por favor Ellen, eu te amo, não me deixa, acorda. " "Eu preciso de você, NÓS precisamos de você. "
Socorro
Socorro
Ele gritava..
O choro o invadia e ele então sentia-se desfalecer aos poucos. Tudo ao seu redor girava e ele já não sentia os pés tocarem o chão.
— DESFIBRILADOR DESFIBRILADOR PARA A MÃE AGORA —
Possível parada cardíaca..
Rápido ou poderemos não conseguir salvá-la.
Rápido..
Poderemos não conseguir salvá-la.
- O quê está acontecendo? Ela vai acordar não é?
É.. é só uma 'complicaçãozinha' não é?
A pressão dela deve ter caído é isso.. acontece isso com ela as vezes.. sabe.
Ele dizia com a voz claramente afetada e o choro agora tentando manter-se preso.
O medo o invadia. Ela não poderia morrer.. não poderia deixá-lo assim.
" Senhor por favor, nós estamos fazendo todo o possível.. "
CARREGA EM 200–
"Mas eu vou pedir para se retirar.."
CARREGA EM 300–
"Não vou deixá-la não.. não posso deixá-la."
Dizia desesperado segurando uma de suas mãos, seus olhos vermelhos assim como seu rosto.. a garganta seca.. o tremor e a dor imensa em todo o corpo.
MAIS UMA VEZ, CARREGA EM 300–
"Senhor, não temos tempo pra isso agora.. me desculpe."
"Tirem ele daqui agora."
O homem grita aos outros presentes na sala que o pegam a força pelo braço e com muita relutância o levam, o fazendo lentamente soltar a mão da mesma. Ele olhava tudo ao lado de fora através de um grande vidro, enquanto ao lado, no berçário estavam suas meninas.
No momento em que as olhou, tão serenas, tão inocentes e sem a menor ideia do estava havendo a mãe que as ama tanto, o medo o chegou ainda mais forte.
Ele não poderia ficar sem ela. Nem agora, nem nunca.
Desesperado, andava de um lado para o outro.
Pensou em ligar para alguém, mas.. não queria preocupa-los, ela não iria querer isso, ela logo acordaria, e tudo iria ficar bem.
Pensou enquanto novamente passava a mão sem delicadeza alguma sobre os fios meio enrolados. Assistia tudo acontecer dolosamente.. massageava a têmpora e na sequência encostava a cabeça na única coisa que o mantinha afastado de sua mulher.
O paredão frio de vidro em tom verde água.
Respirava fundo.. um silêncio se instala e ele congela. O médico estava vindo e Ellen ainda estava desacordada..
Mas, os batimentos haviam voltado?
Certo?!
Questionou-se tentando enxergar o monitor que os marcava, porém sem sucesso.
"Quer vê-las agora Sr Shepherd?"
A mesma enfermeira o chama simpática vindo do outro lado do corredor.
"Eu quero, muito, mas eu preciso ficar aqui.. fique com elas por favor. "
Suplicava.
O choro o encontra novamente. Mas ele desiste de contê-lo e a enfermeira suspira o tocando o ombro levemente. Seu olhar, claro, era triste. Mas também era de quem já havia visto esse tipo de cena mais vezes do que gostaria, e muito mais vezes do que poderia contar.
"Preciso saber da minha esposa"
Tremia inquieto.
Instintivamente a chama assim e sorri.
Era essa a primeira vez.. e ele amara a sonoridade.
A tanto tempo ele queria dizer-lhe.. chama-la dessa maneira.
Como a amava..
Ela teria gostado de ouvir isso.
Ela ainda ouviria isso e.. vai gostar.. ainda vai. Corrigiu-se nervoso mentalmente.
Ela vai voltar, vai voltar. Rezava pra si.
"Tudo bem."
Diz calmamente com uma expressão solidária.
Ele sorri brevemente, se é que se podia chamar de sorriso. Mas ele fez o que pode.
Enquanto o médico, da outra sala, a sala onde Ellen estava, se próxima e toca em seu braço.
— Senhor Shepherd— sua mulher—
O nervosismo o atinge feito uma bala.
Fecha os olhos com força para ouvir a sentença.
Suas mãos suavam frio e sua alma parecia o ter deixado à tempos, sobrando assim apenas o casco, um corpo vazio, triste e gélido, que só estava de pé pela relutante esperança, de que seu grande amor, de alguma forma, voltaria para ele.
"Os batimentos voltaram a atividade regular. "
Sente seu ar voltar a circular por todo o corpo.
"Agora encontra-se tudo bem"
Oh céus.
"Mas ainda vamos monitora-la. A pressão dela realmente havia caído, mesmo sendo monitorada o tempo todo, foi muito rápido.. e com todo o esforço de 13 horas ininterruptas de trabalho de parto normal, seu corpo deu uma "desligada."
Faz sinal de aspas no ar brevemente.
"Para descansar, digamos assim. "
Patrick apenas o olhava com os olhos fixados.
Ainda não tinha conseguido formar se quer uma palavra. Apesar do grande alívio que o chegara.
"Quer entrar e vê-la?"
O diz e ele sente todo o peso que o esmagava soltar-se de si.
Respira fundo antes de conseguir desenvolver algo que saia com certo sentido de seus lábios.
- SIM. Por favor.
É tudo que consegue dizer.
Obrigado, obrigado, obrigado.
Pensou.
Graças a Deus.
O médico o sorria amigável. Logo o abraça apertado por alguns minutos, sabia o quanto aquele homem havia sofrido, o quanto poderia ter perdido naquele dia, e de quanto precisava de um simples abraço. Ainda que, do médico.
Sorri aliviado pela primeira vez desde aquelas longas horas. E se sente grato pelo ato do doutor para si, e todo o resto, ele nunca poderia agradecer suficientemente.
"Pode entrar assim que a pormos novamente no quarto."
Ele o diz e Patrick assente.
- E logo Linda (a enfermeira responsável pelo berçário naquele dia e consequentemente pelas gêmeas.) levará as meninas até vocês, para mamar e claro, para poderem curtir finalmente suas filhas. E parabéns papai, elas são lindas.
Diz gentil e sorri.
Patrick sorri, sua respiração voltando ao normal.
"Nos vemos."
Diz apontando ao corredor que Patrick deveria seguir até o cômodo, vendo o mesmo ir na direção.
Ainda tremia, mas estava vivo outra vez.
Tinha de demonstrar a Ellen tranquilidade, calma, por tanto fez o que pode para assim parecer antes de entrar no lugar.
Por fim, tranquilizou-se, nem tanto por ele, — que ainda vibrava na frequência errada por dentro, — mas com toda certeza por ela.
Agradecia baixinho em oração pelo ar que acabara de regressar a seus pulmões.
Pela vida de sua família.
Seu bem mais precioso.
E pela paz que lhe voltara. Que para ele, era sem dúvidas.. sua maior riqueza. 

E aí, assustaram? 🥺😅

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