Capítulo 74 - Tantos traços seus..

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Last Christmas I gave you my heart
No natal passado eu te dei o meu coração
But the very next day
Mas no dia seguinte
You gave it away (you gave it away)
Você jogou fora (você jogou fora)

- Amor, o peru.
"Um instante amor. "
Dizia Patrick a sua mulher que o gritava de cima das escadas onde ninava em seu colo uma das pequenas, ou pelo menos tentava nesse caos.
- Lexie— o peru.. —
- Eu pego, só um segundo, tô indo.
Lexie descia as escadas correndo com o secador na mão, quando todos ouvem de pronto o forno apitar descontroladamente.
- Ah meu Deus, não.
E agora vamos servir o quê?
Ellen dizia nervosa ainda balançando a filha para lá e para cá já na cozinha, de frente para toda aquela fumaça.
O peru havia queimado.
Os convidados estavam chegando, as horas passando.. essa ceia mal havia começado e já estava essa zorra.
Ambos pensavam porém, sem admitir em voz alta.
- Calma amor. Vamos dar um jeito, ainda temos tempo.
Dizia Patrick que carregava Mabela em um canguru, a mesma dormia tranquilamente com a cabecinha encostada no peitoral do pai.
- Ele tem razão Ell, fica calma.
Dizia Lexie passando a mão pelos cabelos recém lavados e ainda meio úmidos.
- Você devia subir e terminar de se arrumar.
Ellen a olhou erguendo as sobrancelhas de modo engraçado e sorrindo.
- Ele deve chegar a qualquer momento— continuou..
- Eu sei.
Lexie dizia eufórica e ambos na cozinha sorriram vendo a mesma corar e correr as escadas ainda com o secador na mão..
- Acho que agora vai.
Patrick dizia sorrindo e depositando um beijo leve na cabecinha da filha em seu peito.
- Acho que sim..
Ellen se aproxima e a beija também. Assim como Patrick que beija a cabecinha de Melinda nos braços da mãe e em seguida a testa da mesma.
Ela sorri.
- Elas tem um cheirinho de neném tão bom, são tão lindas não são?
Ela o dizia e ele sorria encantado.. os olhos de ambos brilhando tanto quanto as estrelas do céu.
- Sim. Elas são perfeitas — e essas roupinhas —
Riam baixinho.
Ainda que as gêmeas, assim como Emma, já estivessem acostumadas com a bagunça rotineira do lar.
As crianças estavam com tiptops de natal, um vermelhinho com renas na frente escrito "feliz natal" logo em cima e o outro branco de listras verdinhas com vários flocos de neve desenhados e também com a mesma escrita. Além de laços brancos com algumas pedrarias na cabeça e brinquinhos em tom rosa claro.
Estavam com quase um mês.
E quanto a eles... mal podiam acreditar como sobreviveram a tudo que vivenciaram nos últimos dias.

Flashback on;

— Oi.. oi meu amor..
Patrick dizia suavemente ainda com o choro contido na garganta e acariciando a testa da mulher à sua frente que acabara de despertar.
Com certa dificuldade ela abrira de vez os olhos e lágrimas caíram.
— Cadê as nossas filhas.. Patrick—
Dizia em meio a um choro baixo, mas que parecia a sufocar, de fato a maior angústia que ela já provara.
— Calma meu amor. Tá tudo bem. Elas já estão vindo.
Assim que a diz vê seu semblante mudar de um tom de dor nauseante a mais leve das alegrias.
Ela sorri. E por consequência, ele sorri.
— Eu te ouvia—
Diz de repente vendo o mesmo voltar sua atenção que estava perdida em múltiplos pensamentos a ela.
— Como?!—
Perguntou confuso.
— Na sala.. quando.. eu.. você sabe..
Ela respira fundo.
— Quando eu desmaiei.. ou.. sei lá..
Continua..
— Eu te ouvia.. de alguma forma.. tudo o que disse sobre não poder viver sem mim e que as meninas não poderiam ficar sem a mãe.
A dor em sua voz era sentida ao dizer-lhe aquilo.
— E eu queria te responder, te dizer que não faria isso contigo.. nem com elas, a Emma não podia ser deixada mais uma vez.
Lágrimas agora a acompanhavam.
— Te dizer que não seria assim tão fácil se ver livre de mim..
Ri fraco.
— Até porque.. seria o pior término de todos. — Ambos riem alguns segundos.
— Eu queria abrir os olhos e te ver, queria ao menos conseguir apertar seus dedos.. mas eu não pude. Eu só ouvia. E via você.. aonde quer que meu subconsciente me levasse, você estava lá também. —
Mais uma vez ela respira fundo antes de continuar.
— Eu vi um clarão. Era forte. Muito forte. Mas.. eu via você.. e via nossas meninas.. nossa família.
E eu soube, que ainda não era a hora.
Ele agora chorava de soluçar e ela estendia os braços para recebê-lo.
Ele então logo se encaixa em seu abraço e ambos sentem-se reconectando-se com a paz.
Eram como baterias de telefones móveis que quando conectados a algum cabo preso em uma tomada voltavam a funcionar a todo vapor.
Era como se sentiam.
Suas energias iam voltando ao longo daquele abraço, o ar ia outra vez se encaixando em seus pulmões e o mundo parecia voltar a girar sem ser na posição contrária. Tudo de errado, ou tudo que parecia a eles estar errado e fora do lugar, voltava tão rápido quanto um imã se cola a geladeira.
Logo, tudo se reorganizaria. As almas já haviam se reencontrado.
Assim como a tranquilidade havia se chegado.
E agora, certamente já era hora, de conhecer o que o fruto desse amor abençoado havia os preparado.
— Com licença..
A enfermeira dizia calmamente trazendo consigo as meninas. Uma fora para o colo de Patrick e a outra para Ellen, a mesma então saiu os deixando sozinhos.
— Meu Deus.
Ellen murmurava ao ver o rostinho tão pequenino de sua filha a encarar.. ela é.. linda.
Dizia voltando a chorar.
Patrick por sua vez apenas sorria, seus olhos umedecidos e seus dedos docemente tocando os cabelinhos louros de sua filha.
Ela é perfeita..
Dizia olhando para a mulher.
— Obrigado.
A diz e a beija a testa.
"Você me deu o presente de natal adiantado mais lindo do mundo."
Choravam.
— Eu te amo.
Diz simplesmente.
— Eu te amo.
Ele a responde sorrindo.
— Vamos trocar— Vamos.. —
Diziam entregando um ao outro com cuidado os bebês e assim trocando para que se conhecessem melhor. Conversavam, sorriam e elas os olhava atentamente com seus olhos entre verde e azul (assim como os de Emma.)
— Elas são muito parecidas com você.
Ele dizia e respirava fundo.. o sorriso jamais abandonava seu rosto.
— Elas são.. mas tem tantos traços seus..
Ellen dizia encantada admirando cada pequeno detalhe das feições de suas filhas.
Até que ambas começam a chorar...
—Acho que estão com fome..
Ele diz entregando Melinda e ajudando Ellen a se posicionar na cama, ajeitando seus travesseiros confortavelmente para que pudesse dar de mama as duas.
— Acho que sim.
Ela diz sorrindo e logo as está amamentando.
Patrick a olhava e parecia não acreditar em quão sortudo ele era por tê-las, mas seu coração estava apertado com saudades de Emma.
— Elas pesam..
Dizia meio cansada.. um tempo depois.. e ele não a diz nada.
— Patrick
— Oi?! O quê foi?
— Disse que elas pesam..
Ela o diz pensativa e ele a olha.
"Posso imaginar meu amor"
Diz docemente.
— Está pensando no mesmo que eu não está?—
— Emma.
Disseram juntos.
— É, estou com saudades.. ainda não faz nem uma semana que estamos aqui, mas me sinto longe dela a anos.
Disse francamente a mesma que lhe assentiu.
— Também me sinto assim. Por isso não queria viajar em primeiro lugar. Morro de saudades da nossa menina. Sinto falta dela até quando vai dormir na Amy, mesmo sabendo que volta no dia seguinte.. Suspirando, ele a olha triste.
— Como somos babões.
Sorri.
— Quantos dias mais aqui?
— Uma semana.
Lhe diz ânimo algum.
— Não...
— Pois é..
— Podemos ligar pra ela? Contar a todos.
Diz um pouco mais animada..
— Claro que sim.. só temos de esperar amanhecer por lá.. sabe— o fuso.
Ele diz e ambos riem, notando que as meninas dormiram e em seguida as colocando em uma espécie de berço de acrílico que havia ao lado.
— Vem cá.
Ellen o diz abrindo espaço na cama, e ele por sua vez deita e a abraça formando uma conchinha.. não leva muito tempo até dormirem.. mais tardar, ligariam para todos para dar a grande notícia.. e além de muito alegres, estavam todos ansiosos.
Mark até cogitara ao amigo de ir para Veneza no primeiro voo, juntamente de Carolyn e logo, Lexie e Amy.. mas, logo descartaram a possibilidade vendo que Ellen estava muito esgotada devido a tudo que passou e que logo estariam em casa.
— Torciam para os dias voarem. —
E para finalizar a ligação, contaram tudo a pequena Emma, e se atualizaram sobre as novidades na escola, cantaram junto uma cantiga que ela os "ensinou" —dever da escola dessa semana.. — e um milhão de papai e mamãe estão com saudades, nós te amamos muito— depois, finalizaram a ligação. Felizes com a alegria eminente da família, e com a saudade que mal cabia dentro de cada um, mas com a certeza de que ao final dessa viagem, se tornariam ainda mais fortes e sem dúvidas ainda mais próximos.

Flashback off.

🌺 A música usada é Last Christmas - Wham! 🌺 Oioi especial de natal 1/3 🤍

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