Ellen
Quando o táxi nos deixa na porta do apartamento, Cristina paga nossa corrida e me ajuda com algumas de minhas bagagens. Subimos e ela parece tão animada em me ver, e eu também estava.. só que.. eu não sei bem o porque.. mas sentia que algo me faltava. E eu me recusava a acreditar que fosse ele. Não podia ser.
☁️
Algumas horas passadas e eu já me sentia melhor com relação ao horário e já havia dormido o suficiente para uma vida desde que cheguei. Totalmente perdida no tempo, entro no box, tiro uma blusa dessas maiores que a gente que normalmente é muito confortável, depois minha calcinha e por fim solto meu cabelo que estava em um coque. Pensei seriamente em tomar banho de banheira mas, não estava muito afim de prepará-la por tanto aqui estou. Ligo o chuveiro e começo a aproveitar da água quente que agora percorria todo meu corpo, quando um tipo de arco-íris adentra minha janela como um fleche de luz do sol. E com o vapor do chuveiro me faz viajar.. e no mesmo segundo em que eu me encontrava brincando com o fleche de luz colorido que iluminava agora uma de minhas mãos, eu volto a Veneza, o sol que se encontrava naquela famigerada manhã, o raio de luz que vinha em minha direção, e não só luz do sol, mas ele. Ele era como um raio de luz para alma. Que saudades eu já sinto.. mas preciso focar em outras coisas.. preciso ir até a empresa e conversar com Chris. Ver o que vamos fazer com esse elefante na sala que se tornou nosso relacionamento. —Respiro fundo.—
☁️
Fora do banheiro, já praticamente vestida, vou terminar de arrumar as coisas que faltam.. desempacotar algumas malas restantes já que, Cristina já havia começado desde que eu fora dormir, e como ela me conhece como ninguém tenho certeza de que estaria tudo certo no lugar onde deveria estar.☁️
Dito e feito, Cristina organizou mais da metade e está tudo perfeito. Eu, agora já pronta em minha calça jeans escura, meu suéter verde grama e meu all star preto. Com o cabelo levemente caído em meus ombros, os fios ainda úmidos. E uma maquiagem suave daquelas que eu costumo usar no dia-a-dia. Sem mais delongas, vou contar tudo a ela.
- Cristin— e antes que eu termine, ela me responde.
- Ell? Na cozinha. Diz ao longe.
- Oi, bom dia. Respondo adentrando o local que exalava cheiro de café fresquinho por todo canto.
- Bom dia mocinha, você dormiu horas a fio em.. ela diz me olhando e apontando para o relógio. Rimos e eu assinto com a cabeça que sim.
- Dormiu bem pelo menos? Ela me pergunta atenciosa.
- Sim, na medida do possível mediante a como as coisas estão. Digo simplesmente sem ânimo algum.
- E você? Pergunto bebericando de uma xícara de café que acabara de pegar.
- Bem meu amor, mas quero mesmo é saber de você. Diz sincera.
- Eu sei, eu vou te contar tudo.. tá com tempo? Rio.
- Sempre tenho tempo pra melhor amiga do mundo, da qual estou morrendo de saudades e de curiosidades para saber como foi a bendita viagem. Ri em mesmo tom.
- Tá bom, senta aí. Ela então se senta em minha direção e fica atenta a qualquer palavra que eu venha a falar.
- Eu conheci alguém, e a viagem foi ótima. Não é lindo como nas fotos, é muito mais! E provavelmente eu vá terminar com Chris hoje ou ele comigo ou vice-versa... despejei de uma vez. E em minha frente uma Cristina confusa.
- Você está apaixonada por outra pessoa? Quem? Como foi que o conheceu? Me fala mais Ellie. Dizia empolgada.
- Tudo bem, é muito simples na verdade, nesse um mês, aconteceu muita coisa, e foi tudo muito rápido. Vi meu pai, alguns tios etc.. e aí nós íamos voltar como havia te dito por ligação enquanto ainda estávamos lá.
- Sim, me lembro. Dizia ansiosa.
- Nós não estávamos felizes. Ele nem queria ter ido e por mim tudo bem. Eu e minha mania de ceder a tudo por ele.. você já sabe. Digo em um suspiro cabisbaixa e ela me olha.
- Mas então ele sugeriu que ficássemos, que aproveitássemos a viagem, e em uma bela manhã de sol, e vento gélido, eu resolvo sair para tomar café, e conhecer um pouco mais.. percebi que só faltava uma semana para estar de volta à Boston e eu estava em Veneza, por quê não aproveitar um pouco e sair daquele quarto do qual quase nunca saíamos.. e quando digo isso.. não pense que é de uma forma boa, pois não estávamos e não estamos transando a meses.. não houve nada em Veneza. E, enfim eu saí, peguei meu café e uns croissants de um lugarzinho maravilhoso e muito charmoso que vi e segui em direção à uma praça.. a praça principal de Veneza. Andava admirando a paisagem e vendo alguns turistas.. moradores dali.. eu sei lá. E foi quando uma menininha, deveria ter uns três, quatro anos.. ela, ela tinha os olhos mais lindos que eu já vira.. até o momento.. e uma pele branca como a neve, ela chorava e eu fui até lá. Ela era um doce, conversamos brevemente e ela me disse que tinha se perdido da 'mamãe' e que o 'papai' não havia ido. Disse para ela se acalmar e que iria ajudar a encontrar a tal Jill que era o nome da mãe.. e para mantê-la calma comprei algodão doce, e ela me disse: "quero o azul tia Ellen, porque me lembra os meus olhos e os do papai". Quando digo isso sinto uma lágrima queimar em minha bochecha, mas seco e continuo. E quando menos esperava, ela grita em euforia dizendo que o papai a encontrou. Olho para frente e o vejo. Ele era lindo, e quanto mais ele se aproximava, mas eu me encantava. Seu cheiro, sua voz quando se apresentou como 'Patrick' seu sorriso, e principalmente seus marcantes olhos azuis. E em um segundo eu, que nunca acreditei em amor à primeira vista, agora passava a acreditar. E ali eu já sabia que jamais o esqueceria. Fico um minuto em silêncio.. — respiro fundo uma vez mais.. — tentando achar forças para continuar.
- Continua.. por favor, o quê houve depois? Dizia suavemente.
- Conversaram mais? Um beijo de agradecimento?!Ela ri e me olha com malícia.
- Não, sem beijos, ao menos ali. Digo em mesmo tom.
- "Ai meu Deus dona Ellen você ainda vai me matar do coração." Dou uma leve risada e continuo.
- E não se viram mais? Pergunta curiosa.
- Nos vimos.. (...)☁️
Mais tarde naquele mesmo dia, depois de já ter lhe contado tudo, com extrema riqueza de detalhes. Cristina me dissera a seguinte frase:
- "Eu acho que entre vocês, nada acabou. Acho que, acabou de começar se quer saber. " Disse firme enquanto me olhava contente.
- Do que está falando? Perguntei-lhe sentindo um arrepio me percorrer o corpo todo.
- Eu sei lá Ellie, eu só.. sinto isso. Disse simplesmente. Cristina as vezes tinha isso, essa sensação, premonição seja lá o que for. E normalmente ela acertava. O que nessa situação me deu um misto de alegria e medo.
- Deixa eu te mostrar o que eu ganhei. Digo indo até o quarto e pegando um envelope meio amassado (por estar guardado a um certo tempo na bolsa que eu havia trazido de viagem) e abro com o desenho da Emma. Quando levava a Cristina, percebo algo cair. Um papel, pequeno, e muito bem dobrado. O que seria isso?! — Sinto minhas mãos tremerem.
- O que é? Ela adentra meu quarto visto minha demora para ir de volta à cozinha. Lhe entrego o desenho e ela diz algo que não presto muita atenção, e quando abro o mini papelzinho todo amassado me cogito como não havia visto antes. lembro-me que quem abriu o envelope a primeira vez foi a Emma. E que, por isso provavelmente eu só vira isso aqui dentro agora. Quando abro, um telefone. Meu Deus. Me sinto arrepiar. "Se por um milagre dos céus, esse bilhete chegar até você, saiba que eu sinto muito, por muitas coisas, mas nunca por lhe conhecer, meu anjo, precisamos conversar, me de só uma chance.. por favor me ligue, a qualquer hora. Com amor; Patty. " Assim que termino de ler, sinto meu coração parar uns segundos, o ar parece não circular mais sobre meus órgãos e tudo doía, ardia. Meu Deus, tudo girava e meus olhos derramavam lágrimas constantes. Ouço ao fundo Cristina me chamar.
- ELLIE, o que está escrito?! Diz quase que em um grito.
- O quê?! Digo perdida.
- O bilhete.. ela aponta para o papel de folha branca em minhas mãos.
- "Se por um milagre dos céus, esse bilhete chegar até você, saiba que eu sinto muito, por muitas coisas, mas nunca por lhe conhecer, meu anjo, precisamos conversar, me de só uma chance.. por favor me ligue, a qualquer hora. Com amor; Patty." Leio a ela.
- E-e tem um telefone. Gaguejo brevemente ao falar a última frase.
- Cristina tem um telefone. Como isso é possível? Ele sabia do nosso encontro no aeroporto? Foi planejado? Ou...? Eu estava estática tentando entender como, quando—
- Fique calma. Ela diz pegando o papel e em seguida segurando em minhas mãos.
- Você vai ligar? Pergunta cuidadosa ainda segurando firme minhas mãos.
- E-eu...
Travei. Simplesmente.. ela me olhava mas também não disse mais nada. Não tenho resposta pra isso, não de imediato e nem certeza de absolutamente nada. Decido ir para a empresa e mais tarde enfim pensaria sobre isso.. ligar, ou não ligar? Honestamente nunca estive em um conflito maior, sem ideia alguma do que eu deveria fazer.
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Meu Universo Particular
FanfictionResponsabilidades todos temos, mas as vezes... em um certo lugar, um certo alguém muda tudo. E percebemos que além de uma nova vida, pode haver um novo universo, bem ali.. no olhar de quem se ama. E a partir daí, tudo pode acontecer. #dempeoaltern...