Ellen
"Senta, por favor.. "
Digo o olhando e apontando a cama.. ele me olha uns segundos e senta.. sento-me ao seu lado. O silêncio nos invade. Até que..
- Me perdoa..
Ele diz em tom de súplica e eu me sinto arrepiar ao ouvir tais palavras vindas dele.. ele está tão perto, seu cheiro.. seus olhos em mim... engulo em seco.
- Você não tem nada que pedir perdão. Se você e eu não estamos mais juntos.. eu quem te peço perdão e tudo que houve aqui, foi apenas uma coincidência.. uma "daquelas" mas apenas isso.. coincidência. Digo sem o olhar e minha garganta seca. Ele pega meu queixo com uma das mãos e o ergue docemente em sua direção, —estávamos agora sentados de frente um para o outro— e esse gesto faz nossos universos colidirem por uma outra vez naquele dia. Ele me olha.. e então olha para os meus lábios. Parece estar na mesma angústia para me beijar que eu estou para receber seu beijo.. mas ele se afasta um pouco. Ainda segurava meu queixo..
- Ell, eu fui um covarde. Eu deveria ter lutado por você. Não deveria ter jogado tanta responsabilidade em você. Eu deveria ter feito mais por nós. Eu não deveria ter apressado tudo.. você tinha razão quando disse que estava rápido demais.. não devíamos ter passado aquela noite juntos, quer dizer.. não me entenda errado, foi a melhor noite da minha vida.. em todos os sentidos (ele diz isso em um sussurro e eu volto a me arrepiar.) Mas, você claramente não estava em condições.. eu não deveria ter.. nós não deveríamos ter.. você sabe.. e também, não deveria ter dito que te amava. Ele se afasta um pouco mais, agora soltando levemente meu queixo e deixando uma estranha sensação de formigando onde seus dedos estavam.
- Você não me amava? Digo em um quase sussurro sem olhá-lo diretamente e vejo ele passar a língua por seus lábios enquanto me olha..
- Eu.. eu.. eu te amava sim. E eu não queria te assustar. Eu.. eu fui sincero. Só que fui.. rápido demais. Ele diz em um riso fraco e abaixa a cabeça. O ouço suspirar.. Essa conversa estava nos matando.. eu ainda o amava tanto. Ele nem se quer sabe. E ele, bom.. ele me amava. A-m-a-v-a. Isso me mata mas preciso respeitar o novo relacionamento dele. Preciso me manter firme. Que droga, queria tanto o beijar agora. Que droga..
- Patrick.. o digo e ele me olha novamente, seus olhos estavam marejados e antes que uma lágrima possa cair ele os esfrega rapidamente.
- Voce não deve se culpar por nada. Você lutou. Você tentou. Não é culpa de ninguém. Pronto. Eu também errei, eu te disse aquilo tudo por medo, por culpa, eu não aceitava pensar ser alguém que destruiu tudo. Sua família.. seu casamento.. e eu falei sem pensar, me dá um crédito vai eu estava de ressaca e você sabe.. — nesse momento rio um pouco— você não me assustou. Eu quis te ligar, eu quis te chamar de volta um segundo depois de tudo aquilo.. eu só não consegui. Infelizmente fui covarde.. mas eu pensei em você.. em nós. Todos esses dias que passamos assim. Separados. Todo esse tempo.. quase um ano e eu pensei em você.. todos os dias.
Falo ainda o olhando e ele me dá riso fraco enquanto enxuga os olhos, o acompanho. Queria pegar sua mão, abraçá-lo ou algo assim.. mas não o fiz. Que saudades da sua presença. Seu sorriso.
- E sobre a noite.. a noite que passamos.. —continuei— espero que não se arrependa dela. Nunca. Porque você fez tudo exatamente como deveria. Foi a melhor noite da minha vida. Eu nunca havia me sentido como você me fez sentir naquela noite. Pode ter certeza que com tequila ou não.. por mim, aquela noite teria acontecido unicamente como foi. E muitas outras também. Nunca havia me sentido tão amada. Sorrio, mas não posso evitar as lágrimas.. ele agora me olhava como se quisesse repetí-la aqui e agora. E eu poderia.. eu adoraria sentir seu toque uma outra vez, suas carícias e seu amor.. nem que fosse a última. Mas não seria certo. Estávamos tentando fazer tudo diferente.. corretamente.. e isso sem dúvidas não seria o correto. Mas, com certeza eu poderia tirar essa sua blusa que só realça ainda mais o azul dos seus olhos e.. todo o resto também.
Céus.. preciso focar.
- E eu também.. também.. — continuo.
- Também?—Patrick
Disse a ela tudo que estava em minha mente.. e agora ouvia a sua se abrir diante de mim, mas enquanto a ouvia não conseguia deixar de notar cada parte do seu corpo. Ela estava com os cabelos molhados.. caídos sobre as alças de renda da sua blusa, uma regata preta, e visivelmente sem sutiã. Os bicos dos seus seios estavam marcados na blusa, acredito que de frio pelo cabelo molhado. Ela estava arrepiada, usava também um shortinho cinza que não posso negar, pensei algumas vezes em como seria tirar. Droga Patrick. Eu a desejava da mesma maneira.. talvez mais.. e eu a amava como nunca. Apesar de ter dito 'amava' no passado em nossa conversa, espero que ela sinta que eu a —a-m-o — no presente, ainda mais do que no passado, e com certeza amarei ainda mais no futuro. Eu queria tanto toca-lá, sinto falta do seu beijo.. nossos lábios já estiveram perto algumas vezes.. e quase a beijei.. mas.. eu não posso. Não é o certo. Eu queria.. mas, não.
"Também te amei Patrick. " Ela me diz, no passado, e isso realmente dói. Engulo em seco.
- E eu não vou me arrepender da nossa noite.. nunca. Digo a olhando e trocando um pouco o assunto..
- Ótimo. Ela diz sorrindo fraco.. sorrio de volta. O silêncio retorna.. —
- Seu cabelo está tão grande.. digo de repente e ela sorri docemente. Ah, como me fez falta esse sorriso.
- Gostou? Ela diz tímida e muito corada.
- Se eu gostei? Eu estou apaixonado. Falo em tom leve, tiro uma mecha do seu rosto delicadamente.. sorrio.. ela fica seria. Depois morde os lábios.. sei que disse que não iria mas.. não sei se posso não fazê-lo. Não aguento mais.. é a minha deixa. Eu preciso beija-lá. Me aproximo, ela não foge, nossos narizes se tocam calmamente.. como se dançassem, sorrimos, nossas respirações pesadas e em sincronia, eu seguro seu cabelo de leve e a aproximo ainda mais, ela toca meu peito com uma das mãos e a outra faz carinho no meu cabelo. Oh céus, como sou dependente do seu carinho, como preciso dessa mulher ao meu lado, como ainda continuo sendo tão seu. Estamos tão entregues, como se estivéssemos conectados por nossas almas. Nossos lábios enfim se tocam.. eu a dou um selinho e ela me sorri ainda mais.. e quando iria adentrar minha língua para um beijo mais caloroso.. e tão esperado.. meu celular toca. Sério? Sério? Não posso crer nisso, rapidamente nos afastamos. Certas coisas nunca mudam.. Atendo bufando interiormente. Ela abaixa a cabeça e dá um riso fraco. Minha frustração lhe era evidente.
- Alô? Filha! Oi meu anjinho, como está aí? Ela volta a me olhar.. sorri novamente e sinto que de alguma maneira está querendo chorar.
- O papai tá bem meu amor.. estou com alguém muito especial aqui do meu lado. Ela me olha e faz sinal com a mão, para que eu não diga que ela está aqui.
- Quem? Digo rindo e a olhando debochado.
- Depois o papai te conta, tá tarde mocinha.. rio da curiosidade dela.
- Tá bom. Eu prometo. Eu te amo meu anjo. Boa noite. Ahh eu também já estou com saudades amor, amanhã eu te ligo, se comporte e obedeça a Izzie e a vovó. Tchau. Sorrio e desligo. Ell me dá um tapa de leve no ombro e em seguida pergunta;
- Como ela está? Seus olhos brilhavam em expectativa
- Ei! Digo rindo e ela ri de volta..
- Ela está bem.. ainda pergunta por você. Por quê não quis que ela soubesse que está aqui? Eu não tenho costume de esconder coisas da minha filha moça.. digo ainda rindo e ela me olha.
- Eu só não queria confundir ela. Você já está em um relacionamento, e isso seria provavelmente confuso. Quis o melhor pra vocês dois.. sinto falta dela. Tanta falta. Ela diz com a voz embargada.
- Você pode vê-la. Sempre.. aliás, o aniversário dela de quatro anos está chegando, está convidada, sei que ela ficaria muito feliz.. digo sorrindo e acariciando seu rosto.
- Eu iria adorar.. ela diz doce.
- E o melhor, você nem vai precisar de coroa, vestido de princesa e todo o resto.. já está pronta.
- Como?! Ela me olha sorrindo..
- Ja está de princesa. Você já é assim. Naturalmente. Independentemente do que vista. Uma princesa. A mais linda.. depois da Em.. digo em um sussurro e sorrindo outra vez—aparentemente é tudo que sei fazer quando estou com ela, sorrir— ela me sorri e em seguida me olha com um olhar quente, de quem quer muito voltar para aonde estávamos antes do telefone nos parar, — ou seria minha imaginação?— de qualquer forma, retribuo o olhar. Toco seus lábios com meu polegar e.. que lábios macios.. mas ela calmamente abaixa a cabeça.
- O quê foi Ell? A olho sereno.
- Continua um sedutor não é? Ela ri e volta a me olhar
- Você não gosta de sedutores? Porque se não gostar, por você eu posso ser o que você quiser. Digo sorrindo maliciosamente e me direcionando para beija-lá. Preciso beija-la.
- Você deveria voltar para a Rose.
- Ei.. rio brevemente..
Eu não estou com ela.. não estou em um relacionamento se pensa isso. Ela é uma amiga. Antiga.
- Amiga? Grudada no seu pescoço daquele jeito. Acho que não em. Ela diz em um tom enciumado e desvia o olhar.. —se distanciando um pouco. — A coisa mais linda do mundo. Ela é tão linda.. e eu um bobo apaixonado.
- Ei.. meu anjo.. olha pra mim..
Ela me olha séria.
- Eu não estou com ela. Ela é uma amiga. Só isso. Ao menos pra mim. Eu pensei em você esse ano todo. Eu não estou com ninguém. E antes que pergunte eu finalizei meu divórcio e assim, meu casamento.. oficialmente a uns meses.. sorrio. Eu te disse não é. Não era sua culpa. Nunca foi. Você só teve 'culpa' de me fazer voltar a viver.. e eu-amo-você.. —digo dando ênfase na última frase.. — e ela rápidamente me olha mordendo os lábios e sorri uma outra vez.
- E você é linda com ciúmes sabia? Digo e dou uma gargalhada, ela pega um travesseiro e começa a me bater..
- Ah é? Pego ela pela cintura e começo a fazer cócegas, ela ri alto, deita meio ofegante e me bate levemente
- Para idiota, vai acordar todo mundo..
- Ahh, idiota? Essa é nova. Doeu. Finjo magoa com um biquinho. Ela ri e se levanta para me abraçar..
- Desculpa meu bem. Ela diz debochada.. me dando um curto abraço mas o suficiente para sentir tudo em meu corpo esquentar rapidamente.
- Ell.. digo sorrindo e a deitando de novo. Deito sobre ela sem me deixar pesar. O silêncio volta. A olho um pouco.. ainda estamos com o riso estampado de orelha a orelha.. e, finalmente, tomo coragem e a beijo. Um beijo leve, calmo. Nossas línguas se tocam e a dela estava quente e úmida me despertando sensações que ao mesmo tempo eram novas e já conhecidas, enquanto dançavam a mais lenta das valsas. Por um momento parece que o tempo nunca passou. Estávamos nos.. ali, brincando, rindo.. e agora nos beijando. O beijo rapidamente se intensifica, e ela parecia precisar daquilo tanto quanto eu. Mas dessa vez.. uma batida na porta.. nos faz o findar. Para o meu desespero. Ainda não era o suficiente para matar a saudades que eu estava dela. Me levanto e em seguida ela.
- Já vou. Só um minuto. Arruma a alça da blusa que estava quase caindo, passa a mão pelos cabelos já mais secos e abre a porta enquanto me sento novamente. Preciso alcançar o travesseiro para por em meu colo, para digamos esconder as "evidências".
- Oi! Já pegou o Leo?! Ouço-a dizer ofegante, quase nervosa como uma criança que é pega riscando as paredes da sala recém pintadas.
Mas quem diabos seria Leo? Indaguei-me.
- Já sim, e Joseph acabara de chegar, quer te ver.. vim ver se você está bem para vê-lo, posso dizer que está dormindo ou.. vai descer?
- Você sabe que ele subiria aqui, pularia em cima de mim e me acordaria. Ela diz em meio a risos e Cristina a acompanha. E agora, quem é esse Joseph.. espero que com essa intimidade toda um irmão mais novo, mais velho, tanto faz..
- Tá bem. Te esperamos lá em baixo..
- Aham. Desço em um minuto.. diz tentando parecer casual.
- Oi Patrick. Cristina diz rindo enquanto a ouço descer a escada. Ell me olha fazendo uma careta de "fomos descobertos" e sorri. Rio com ela.
- Oi Cris. Respondo finalmente mas ela já fora.
- Cris? Que intimidade é essa meu rapaz
Diz brincalhona e me dando outra travesseirada.. sorrindo, a pego forte pela cintura e a puxo pra mim quase a sentando em meu colo.
- Quem é esse? Ou melhor, esses.. pergunto com ela perto demais de mim. Preciso concentrar a mente.
- Está enciumadinho? Ela diz debochando
- Eu? Eu não, não tenho ciúmes.
- Ótimo. Eu tenho que ir.. vem.. — pega minha mão me levantando da cama e indo em direção a porta— vamos.
- Eu vou ficar aqui na sua cama.. — me sento outra vez— te esperando.. dou uma piscadela e ela ri
- Não vai não. Você vai voltar para sua cama. Amigos.. que é o que somos. Não dormem na mesma cama. Aliás, se você ficasse.. eu teria que ficar..
Me diz e me dá um selinho. Sinto uma alegria que me faz transbordar.. mesmo estando na "friendzone" teria que lembrar de agradecer Mark mil vezes por insistir tanto nessa viagem.
- Ei. Pera aí moça, ninguém disse nada aqui sobre essa coisa de 'amigos'. Digo a puxando novamente para um beijo com urgência.. um beijo tão intenso que só paramos por estamos aparentemente ser ar restante nos pulmões.
- Eu disse.. acabei de dizer. Agora vamos.. fala tentando recuperar o fôlego perdido nos últimos dois minutos.. e me empurra pra fora fechando a porta atrás de si. Me beija rapidamente no corredor.. e ri baixinho.
- Boa noite. Murmuro.
Por Deus parecemos dois adolescentes.. rio de volta.
- Boa noite meu bem. Sorrindo me dá um tapa no braço, logo me olha tentando parecer brava e segue em direção as escadas.. a observo descer, fico ali como um bobo diante de tudo que aconteceu. Sem acreditar. Hoje foi um dia daqueles. Quanta coisa nos acontecera em um curto espaço de tempo. Embora continue curioso sobre quem é esse 'Leo.. Joseph' ou sei lá. Sigo em direção ao meu quarto. Hoje sem dúvidas teria uma ótima noite de sono. Estava com uma alegria fora do normal dentro do peito, meu coração parecia querer pular para fora. Só ela me desperta tal coisa. Só ela. Ainda que.. seja apenas como 'amigos'.
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Meu Universo Particular
FanfictionResponsabilidades todos temos, mas as vezes... em um certo lugar, um certo alguém muda tudo. E percebemos que além de uma nova vida, pode haver um novo universo, bem ali.. no olhar de quem se ama. E a partir daí, tudo pode acontecer. #dempeoaltern...