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Sayuri

Vindo de mais um plantão, tranquilona, já passei no banco, peguei meu salário, comprei a minha injeção e a da Mayra. Eu quem aplico e aviso quando tá perto de tomar, amo a Laurinha, mas esse pai dela não merece essa dádiva.

Ser pai/mãe de alguém é uma coisa bonita pra caralho, Danado não merece isso, é meu parceiro ? É! Cresceu comigo ? Cresceu! Só que eu sei reconhecer os defeitos mesmo gostando muito da pessoa.

Fico tão maluca com esses negócio de injeção de Mayra, que nem tomei banho no trabalho, fiquei na porta da farmácia esperando abrir. O caminho hoje até que foi rápido, o fluxo não é tão intenso, quem já tinha que sair pra trabalhar, saiu. Agora, é só quem tem alguma coisa pra resolver na rua mesmo.

Atravessei a passarela, acho que o cracudo sentiu o cheiro do dinheiro, porque começou a me seguir, apertei a bolsa no corpo e andei mais rápido. Não teve jeito, ele apontou uma faca pra mim, entreguei a bolsa e o telefone quase chorando, pra piorar, ainda tomei uns de liga.

Subi o morro na força do ódio, dou meu sangue pra ter as melhores coisas, pra ter uma condição maneira, tudo fruto do meu suor, pra ser roubada por viciado ? Tomar no cu.

Cheguei na boca toda afobada, Samir já me olhou estranho, botou logo uma cara de preocupado, muito macho alpha esse meu irmão.

Chelsea - Qual foi Say ? Te fizeram alguma coisa ?

Sayuri - Um cracudo me assaltou, levou minha bolsa, meu celular novinho que nem acabei de pagar e ainda me agrediu.

Mbappé chegou aqui no beco e não entendeu nada, perguntou e meu irmão explicou a parada, ele ficou virado no caralho também, meu irmão mandou caçar o cara que fez isso comigo.

Mbappé - Se liga Say ? Vai pra casa, vou mandar entregar tuas coisas lá!

Sayuri - Valeu aí, tchau Sam!

Chelsea - Tchau, mais tarde vou brotar lá, quero janta, hein !? _ falou quando eu me afastei.

Sayuri - SÓ SE SUAS PIRANHAS FOREM LÁ PRA CASA COZINHAR!

Escutei Mbappé rindo dele, é outro também, todo broncudo, comedor. Nem parece o André que eu conheci, quieto, calmo, compromissado, trabalhador. Sinceramente ? Não parece nem que a gente namorou por anos, que era feliz a beça juntos, mudou muito ele. Continua gostoso, vou mentir não, tempo fez bem pra ele real.

Quando eu trabalhei naquela piroca ali, ele era feio, feinho, beijo pra ele, era a cada seis meses, tipo ida no dentista, tá !? Fomos o primeiro um do outro, garoto magro, me enganou legal, se eu fechar os olhos, ainda sinto a sensação de tá sendo entalada.

A gente namorava direitinho na casa da minha mãe, dia de final de semana, agora, dia da semana, casa da mãe dele era abatedouro. Dona Juçara gosta de mim até hoje, gosta muito mesmo, tive que brigar pra ela me parar de me chamar de "minha nora".

Hoje em dia, André tem outra mulher, Suellen o nome dela. Larguei o Mbappé por ter entrado na vida do crime, não consegui aceitar ele nesse "emprego". André vinha atrás de mim sempre, toda vez acabava na minha cama, até que um dia, eu tomei vergonha na cara, falei pra ele seguir o rumo dele que eu ia seguir o meu, foi quando ele assumiu essa menina.

A mulher dele surta legal, me pegou pra Cristo e não quer largar mais. Dou nem confiança, ela não se diz dona do ouro e da lama, então, pra quê tanta bateção de cabeça ? Só risos pra essa xoxada.

Entrei em casa, Mayra passando roupa, fazendo comida e cuidando da Laura, vai até chover hoje, pode contar que vai me pedir alguma coisa, conheço meu povo. Tomei um banho, lavei o cabelo, penteei, me enrolei na toalha e vim pro quarto. Liguei meu ar, tranquei a porta, deixei tudo escuro e deitei pelada, quero nem conversa hoje, ainda tô na intenção da Mayra.
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22/07/2020


Dilema - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora