Sayuri
Aniversário da Ana é amanhã, duas semanas trabalhando sem descanso, só vendo coisa de festa, procurando decoração, decidindo o que vai ser comido. Ana Paula sempre foi indecisa, aí a gente ajuda ela, dá umas dicas e ela consegue fazer as coisas.
Tô deitadinha na minha sala, fazendo vários nadas, no escuro, vendo televisão. Nunca pensei que fosse gostar tanto de ficar coçando a bunda. Várias porradas na porta, desliguei a televisão e fiquei quieta, uma hora cansa e vai embora.
Ana Paula - Abre aqui Sayuri, eu sei que tu tá em casa, sua piranha!
Sabia que ela tava falando de sacanagem, mas os vizinhos já tavam todos no portão esperando o primeiro soco.
Sayuri - Bora vagabunda, entra! _ abri a porta _ Cuidar da vida é bom viu gente ?
Ana Paula - A gente sempre faz isso e eles sempre acreditam, povo gosta de ver briga mesmo. Tu não sabe o que aconteceu ? A mulher se acidentou, devolveu as coisas de fazer os caldos e tudo.
Sayuri - E agora ?
Ana Paula - Teu mocotó é aulas, né !? Podia fazer, caldinho verde tu arrasa também.
Sayuri - Compra uma caixa que eu faço...
Ana Paula - Se vendendo por cerveja Sayuri Vasconcellos ?
Sayuri - Nunca, só não vou fazer os negócios de bico seco!
Ana Paula foi buscar as coisas e quando voltou, Gabriel veio junto. Foi bom, porque ele me ajudou a beça.
Enquanto eu lavava as coisas, ele socou alho, picou cebola, só piquei os salgados mesmo e lavei o feijão branco, deixei a couve pra hora que for botar no caldo, se não, fica murcha.
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Gabriel - Minha madrinha tá soltando fogos lá.
Ana Paula - Por que ?
Gabriel - André terminou com a Suellen, tá morando com minha dinda e tudo.
Ana Paula - Tua chance Say, volta pro teu amor!
Sayuri - Chance de quê bicha ? André foi meu namorado de adolescência Ana Paula, passado entendeu ?
Gabriel - Sei. Tão passado que você não ficou sério com ninguém nesses 10 anos, Sayuri!
Sayuri - Não achei ninguém que fosse interessante...
Gabriel - Ninguém que fosse ao nível do Dedé _ implicou comigo.
Ana Paula - Aí mané, ressuscitou esse apelido! _ nós rimos.
Gabriel - Lembra, que toda vez que a Sayuri fazia merda ficava chamando ele assim ?
Sayuri - Só Jesus cara, vocês lembram de uns bagulhos nada haver, nem eu lembrava disso...
Ana Paula - Lembrava sim, tu tá se fazendo mona!
Sayuri - Tomar debaixo da barriga...
A sorte de Ana Paula é que eu não me desfiz dos caldeirões de dona Quitéria, porque se não, ela ia se ferrar. Fiz mocotó e caldo verde, modéstia parte, tava uma delícia, sobrou um tantão, dividi em potes e maloquei na geladeira, a hora que eu não tiver de bem com o fogão, só esquento e como, sou boba não.
Pus a bonita pra arrumar a minha cozinha, não teve desculpa de acrigel certa, arrumou tudinho e deixou um brinco, do jeito que estava antes. Tia Neiva veio aqui atrás do Biel e trazer a minha roupa, aproveitei e dei o caldo pra ela provar.
Sayuri - E aí ?
Neiva - Parece que eu tô comendo a comida da tua mãe, o mesmo jeitinho, tá ótimo Say!
Sayuri - Obrigada tia, ela que me ensinou, né !?
Neiva - E ensinou direitinho, tá arretada igual.... _ nós rimos.
Nem deu pra varar a madrugada, amanhã tem a festa, dormir um sono bom, tenho cabelo marcado, vou fazer um rabo, muito bonito o que eu escolhi. Vou jogar horrores, tia Neiva deu o nome na minha roupa.
Não pus a cara na rua, mas tô cansada como se tivesse ido, depois que o povo foi embora, eu tomei um banho, me permiti ligar o ar e fui dormir debaixo das cobertas.
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18/08/2020
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Dilema - Finalizado
Teen FictionSeria fácil se eu soubesse esquecê-lo, se eu soubesse viver com quem realmente me valorizou, mas o coração e a emoção falaram mais alto, me deixei levar por aquele velho amor de adolescência, sendo o que sempre abominei. Na esperança de que voltasse...