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Duas semanas depois

Sayuri

Você vê que o trabalho tá puxado quando nem para pra pegar um ar, tudo corrido hoje, celular ficou até no armário pra não ter distração. Só paramos agora por causa do descanso, peguei meu celular no armário, trouxe comigo pro banheiro, tomei um banho rapidinho, tava até tonta de sono.

XxX - Que houve Say ? Tá se escorando aí mulher!

Sayuri - Sei lá, tô num cansaço, um sono, sabe ?

XxX - Deita então, quer ajuda ? _ assenti.

Foi só o tempo do viado pegar minha mão pra me ajudar, que eu vi meu mundo girar, ele segurou na minha cintura, deu tapinhas no meu rosto, chamou meu nome, mas meus olhos se fecharam.

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Acordei num leito daqui do hospital, o viado verificando meu soro e Gabriel sentado na poltrona de acompanhante, ele é meu contato de emergência, deixo sempre na minha ficha, porque é uma pessoa discreta, não faz alarde.

O menino que trabalha comigo me olhou e sorriu, se despediu do Biel e saiu do quarto. O médico chefe entrou no quarto, perguntou como eu estava e me atualizou do meu quadro, sem dúvidas, eu fui pega de surpresa.

Eu ainda não tô acreditando nisso cara, como isso aconteceu ? Tô ferrada! O doutor saiu do quarto depois de ver que minha reação não foi das melhores, com certeza vão mandar uma psicóloga pra conversar comigo.

Sayuri - E agora bicha ?

Gabriel - Agora você espera os seis meses que faltam, planeja o chá de bebê, quartinho e é isso.

Sayuri - Eu tô no último semestre da faculdade cara, tá faltando pouquinho pra formatura.

Gabriel - Te falar um negócio ? Para de fazer drama, porque na hora de se acabar de sentar no bofe, você fez, tu não é mulher pra sentar ? Vai ser mulher pra criar teu filho! _ me deu um fecho.

Sayuri - Tu tá certo, qualquer coisa a gente abre o vestido, ou refaz, sei lá...

Gabriel - Nessa vida só não tem jeito pra morte Sayuri, tu confia em mim ? _ eu assenti _ Então pronto, nem que eu vire noite fazendo, mas teu vestido vai ficar lindo, e outra, tua barriga nem tá aparecendo, tem nem ovinho! _ cutucou a minha barriga e eu bati nele.

Sayuri - Meu filho porra! _ fingi brigar com ele.

Gabriel - É só pra ver se o instinto de mãe tá em dia... _ debochou e eu ri.

Sayuri - Como que eu vou contar pro homem ?

Ele fingiu que era eu, se estufou todo pra simular meus peitos, bicha ridícula, ama me gongar.

Gabriel - É o seguinte André !? _ fingiu mascar chiclete _ Tô grávida e o boneco é teu!

Sayuri - Garouuuto... _ perdi a fala, de tanto que ri _ Deixa de ser ridículo! _ falei e ele riu.

Gabriel - Como tu tem certeza que é menino ? Toda maluca aí, falando "meu filho".

Sayuri - Instinto de mãe! _ disse convicta.

Gabriel - Vamos parar de colorição, porque até cinco minutos atrás tu não tava acreditando que ia ser mãe.

Parei pra fazer as contas e sei até quando essa criança foi feita. Foi no dia que fizemos uma festa pra comemorar a recuperação do Chelsea, só pros íntimos mesmo, mas teve muita cachaça, bebi horrores e o André também, aí já viu, né !? Quando a gente bebe perde o juízo, não usamos camisinha, só que eu tomei pílula do dia seguinte, que com certeza não fez efeito.

Agora a minha pílula do dia seguinte já tem três meses, rindo horrores. Tomei aquele impacto, mas tô feliz. A psicóloga veio aqui, conversei com ela, fui encaminhada pro setor de obstetrícia, lá fiz a minha primeira consulta do pré natal, Gabriel chorou a beça quando escutou o coraçãozinho do dindo/dinda dele, sim, vai ser padrinho da minha cria, só não sabe ainda. A obstetra achou que ele fosse o pai, só deixou de acreditar quando Biel abriu a boca.

Até que a criança tá saudável, só vou precisar tomar aquelas vitaminas mesmo, comum de toda grávida. Fui liberada hoje, só volto daqui a dois plantões. Vim direto pra favela, enquanto eu não contar pro André, não vou sossegar.

E vamos de localizar o bofe, né !? Porque o bichinho roda essa favela e ninguém nunca sabe ao certo onde ele tá, diz ele que é melhor assim, se subirem caçando a cabeça dele, vão demorar a achar.

Achei o bonito na casa da mãe, Biel voltou pro trabalho dele e eu fui pra casa da minha sogra. Abri o portão e entrei, passei pelo quintal e fui pelos fundos, dona Juçara tava na cozinha e o André junto.

Mbappé - Tu não tinha que tá trabalhando ?

Sayuri - Tinha, mas eu passei mal e me liberaram.

Mbappé - E por que tu não falou pra mim ? Mandava alguém te buscar, veio de lá de Botafogo até aqui sozinha, doida!

Juçara - Ficar falando não vai adiantar nada, senta aí minha filha! _ falou e eu sentei do lado do André _ Quê que você tinha ?

Sayuri - Nada demais, só vou dar um neto pra senhora!

Garota ? Foi um tal de cair colher na cozinha, velha ficou nervosa, André riu de nervoso, me olhou e olhou pra minha barriga várias vezes, devia tá querendo confirmar alguma coisa.

Juçara - Eu vou ter um neto primeiro que a Neiva, vou ter que contar essa fofoca pra ela! _ falou se achando.

As duas tem essa competição desde que os meninos eram pequenos, quando tia Neiva descobriu que o Biel era gay ficou arrasada, melhorou um pouco quando a gente explicou que ele poderia adotar ou arranjar alguém que quisesse dar a criança, mas não foi a mesma coisa.

Mbappé - Vou ser pai mesmo ?

Sayuri - Vai! _ disse animada.

Ele pegou no meu rosto com as duas mãos e me beijou. Passamos a tarde ali, dona Juçara tá muito encantada, já passou a mão na minha barriga várias vezes, fez até bolo de cenoura com bastante calda só porque eu tava com vontade, e pro neto não nascer laranja. Pedi pro Biel guardar segredo lá no hospital, quero contar pro resto do pessoal e ver a reação deles, fiz o André prometer também, porque ele tem boca de quiabo, tudo conta pro Chelsea e vice versa.

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Menina ou menino ? Quem advinha ?

24/09/2020

Dilema - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora