Gustavo.
Depois de toda tensão no carro e minhas últimas palavras antes de entrar em casa, Teresa não podia estar diferente. Quando eu disse que visitaríamos o meu antigo quarto, suas expressões mudaram muito rápido para de assustada. Eu tentei evitar agir como tal, mas ela não estava ajudando.
- Relaxa. - Sussurrei em seu ouvido na esperança dela se acalmar.
Vi seus ombros relaxarem e então toquei em suas costas em sinal para ela andar. Passamos pelos hall onde ela claramente ficou impressionada. Retirei seu sobretudo e guardei no closet que tinha ali, reparei que o casaco de outra pessoa também estava aqui. Antes que eu dissesse alguma coisa, minha mãe apareceu com o seu sorriso alegre e veio em nossa direção.
- Meu Deus, como você é linda! - Minha mãe disse ao abraçar Teresa que colocou um sorriso no rosto. - Gustavo, querido, fico feliz que tenha encontrado alguém, já estava na hora, não?
Ela podia ter ficado de boca fechada.
- Vamos, vocês quase chegaram atrasados.
Teresa caminhou ao lado de minha mãe até chegarmos na sala de estar. Ficamos lado a lado e então, ela sussurrou pra mim.
- Pode me explicar essa lance de encontrar alguém? Sou tipo a namorada?
- Depois.
No sofá estavam Estefânia e Victor. Meu pai vinha em nossa direção com os braços abertos para Teresa.
- Teresa, querida, que saudades. - Ela o abraçou. - Você está magnífica!
Teresa corou, mas sorriu. Senti uma vontade enorme de confortá-la, mas sabia que meu pai estava observando todos os nossos movimentos.
- Senhor Lários, muito obrigada! - Teresa colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha tímida.
- Por favor, me chame de Gabriel.
Sentamos em nossos lugares na mesa e Teresa ainda estava com cara de interrogação pra mim. Eu adoraria levá-la para meu quarto e fazer o que eu quisesse com ela, mas pelo visto, hoje ela era o centro das atenções. Minhas irmãs, como sempre, chegaram atrasadas, mas se comportaram. Minha mãe estava pondo a mesa quando meu pai me chamou.
- Gustavo, venha me ajudar com o vinho.
Pude ouvir Victor rindo e minhas irmãs cochichando. Fomos até a adega que ficava entre a sala de jantar e a cozinha e então ele me abordou.
- O que significa isso? - Ele foi direto.
- Ela foi convidada para jantar, eu apenas fui buscá-la.
Meu pai fez cara de sério.
- Vocês estão tendo alguma coisa?
Peguei duas garrafas do meu vinho favorito e quase as derrubei no chão quando ouvi a pergunta.
- Suponho que isso seja um sim.
- Não! - Falei de imediato. - Somos só amigos.
Ele não pareceu acreditar muito.
- Não acredito muito nisso, mas não quero que você faça besteira com essa moça. Ela é uma ótima mulher e merece o melhor.
Acredite pai, eu sei o quanto ela é ótima. Quase sorri.
- Não se preocupe, somos adultos.
O deixei na adega e voltei para o meu lugar. O jantar foi um tanto quieto, ninguém quis falar e me surpreendi com isso, afinal, o normal da casa era estarmos sempre conversando. Com a chegada da sobremesa todos se soltaram um pouco. Minha mãe perguntou como Estefânia e Victor tinham se conhecido e eles contaram a história rendendo algumas risadas, claro que omitiram o sexo, mas não era necessário ser um expert para saber que os dois transavam loucamente. Dei risada internamente.
- E vocês? - Minha mãe olhou para Teresa e eu.
Eu não sabia o que fazer ou falar, olhei para ela e seu rosto estava ficando vermelho.
- Devo dizer que você é a primeira que Gustavo traz para casa. - Juju entendeu a confusão e tentou desviar o foco, o que não deu muito certo.
Olhei para meu pai e vi que sua expressão era de desaprovação, ele não estava gostando nada disso.
- Mas, e as outras? - Estefânia perguntou.
Santo Cristo, o assunto estava quase acabado e vem essa daí para botar mais lenha na fogueira. Queimaria ela apenas com meu olhar de fogo. Olhei para Teresa de novo e vi que estava desconfortável com a situação. Não mais que eu.
- Gustavo, não trazia outras. Nunca trouxe. - Verônica soltou.
E sim, Teresa só piorava ao meu lado, a qualquer momento ela explodiria ou algo do tipo.
- Isso não é relevante. Teresa está aqui conosco e com Gustavo e isso que é importante. A família sempre apoia as escolhas, mesmo que demore, ela sempre apoia. - Minha mãe disse finalizando o assunto.
Dei um gole no vinho para tentar esquecer esse episódio. Dali em diante, todos mudaram o foco da conversa para nossas viagens em família, nos micos e tudo mais. Minha acompanhante estava um pouco distante e aérea.
- Teresa, você está bem? - Perguntei preocupado com suas feições.
Sem responder ela se levantou e saiu para o jardim. Merda.
- O que houve? - Juju perguntou.
- Não sei. - Respondi.
Meu pai pigarreou e eu apenas ignorei.
- Eu falo com ela. - Minha mãe foi atrás de Teresa no jardim.
Fiquei imóvel por alguns segundos até que vi Estefânia me encarando. Ela acenava com a cabeça para que eu fosse falar com Teresa. Me levantei e corri até o jardim. Elas estavam sentadas em uma espreguiçadeira perto da piscina, fui me aproximando aos poucos para que elas soubessem que alguém estava chegando. Minha mãe terminou a conversa me dando espaço e voltou para dentro.
- Eu podia jurar que você era durona. - Tentei puxar algum sorriso dela.
- E eu podia jurar que você não se importava.
Sentei ao seu lado e olhei para a piscina.
- Eu me importo, Teresa. Me importo muito.
Ela fechou os olhos e vi a lágrima escorrer pelo seu rosto. Passei o dedo secando, me deliciando com a maciez da sua pele e o som do piano soou na área da piscina nos fazendo ficar em silêncio. Me levantei e ergui a mão para ela, esperando que abrisse os olhos.
- Não vou dan...
- Calada. - Cortei antes dela terminar a frase e permaneci com a mão estendida.
Ela se levantou me dando a mão e seu corpo grudou no meu. Seu cheiro invadiu meu nariz e respirei fundo tentando guardar o aroma delicioso que emanava dela. Demos passos lentos como se não quiséssemos que acabasse aquele contato. Olhei dentro de casa e vi que estavam todos olhando para nós, fingi que não havia mais ninguém.
- Podíamos ser sempre assim. - Sussurrei em seu ouvido. - Sem brigas, sem cara feia.
- Sem tudo isso. - Ela falou sem parar de me acompanhar.
Não entendi. O que queria dizer?
- Teresa, eu só quis...
- Gustavo, eu não podia estar aqui. Eu não podia nem gostar de você. Não posso permitir que você chegue e bagunce minha vida como os outros fizeram. - Paramos de dançar e ela começou a ficar com os olhos marejados. - É demais pra aguentar e eu não sei se consigo. Você nem sabe o que quer. Sinto muito.
Ela saiu andando novamente, mas desta vez não fui atrás. Estava confuso com tudo o que tinha ouvido. Senti algo no meu peito e não sabia distinguir o que era. O que essa mulher estava fazendo comigo?
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Um Inferno Irresistível
FanfictionTeresa Rezende é uma jovem mexicana que veio ao Brasil para estudar design. Morando em São Paulo e dividindo um loft com mais duas amigas, ela ama seu trabalho, mas sonha em ter uma melhor posição na empresa que estagia. Gustavo Lários, é o CEO dest...