Capítulo 8

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Gustavo.

Depois de toda tensão no carro e minhas últimas palavras antes de entrar em casa, Teresa não podia estar diferente. Quando eu disse que visitaríamos o meu antigo quarto, suas expressões mudaram muito rápido para de assustada. Eu tentei evitar agir como tal, mas ela não estava ajudando.

- Relaxa. - Sussurrei em seu ouvido na esperança dela se acalmar.

Vi seus ombros relaxarem e então toquei em suas costas em sinal para ela andar. Passamos pelos hall onde ela claramente ficou impressionada. Retirei seu sobretudo e guardei no closet que tinha ali, reparei que o casaco de outra pessoa também estava aqui. Antes que eu dissesse alguma coisa, minha mãe apareceu com o seu sorriso alegre e veio em nossa direção.

- Meu Deus, como você é linda! - Minha mãe disse ao abraçar Teresa que colocou um sorriso no rosto. - Gustavo, querido, fico feliz que tenha encontrado alguém, já estava na hora, não?

Ela podia ter ficado de boca fechada.

- Vamos, vocês quase chegaram atrasados.

Teresa caminhou ao lado de minha mãe até chegarmos na sala de estar. Ficamos lado a lado e então, ela sussurrou pra mim.

- Pode me explicar essa lance de encontrar alguém? Sou tipo a namorada?

- Depois.

No sofá estavam Estefânia e Victor. Meu pai vinha em nossa direção com os braços abertos para Teresa.

- Teresa, querida, que saudades. - Ela o abraçou. - Você está magnífica!

Teresa corou, mas sorriu. Senti uma vontade enorme de confortá-la, mas sabia que meu pai estava observando todos os nossos movimentos.

- Senhor Lários, muito obrigada! - Teresa colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha tímida.

- Por favor, me chame de Gabriel.

Sentamos em nossos lugares na mesa e Teresa ainda estava com cara de interrogação pra mim. Eu adoraria levá-la para meu quarto e fazer o que eu quisesse com ela, mas pelo visto, hoje ela era o centro das atenções. Minhas irmãs, como sempre, chegaram atrasadas, mas se comportaram. Minha mãe estava pondo a mesa quando meu pai me chamou.

- Gustavo, venha me ajudar com o vinho.

Pude ouvir Victor rindo e minhas irmãs cochichando. Fomos até a adega que ficava entre a sala de jantar e a cozinha e então ele me abordou.

- O que significa isso? - Ele foi direto.

- Ela foi convidada para jantar, eu apenas fui buscá-la.

Meu pai fez cara de sério.

- Vocês estão tendo alguma coisa?

Peguei duas garrafas do meu vinho favorito e quase as derrubei no chão quando ouvi a pergunta.

- Suponho que isso seja um sim.

- Não! - Falei de imediato. - Somos só amigos.

Ele não pareceu acreditar muito.

- Não acredito muito nisso, mas não quero que você faça besteira com essa moça. Ela é uma ótima mulher e merece o melhor.

Acredite pai, eu sei o quanto ela é ótima. Quase sorri.

- Não se preocupe, somos adultos.

O deixei na adega e voltei para o meu lugar. O jantar foi um tanto quieto, ninguém quis falar e me surpreendi com isso, afinal, o normal da casa era estarmos sempre conversando. Com a chegada da sobremesa todos se soltaram um pouco. Minha mãe perguntou como Estefânia e Victor tinham se conhecido e eles contaram a história rendendo algumas risadas, claro que omitiram o sexo, mas não era necessário ser um expert para saber que os dois transavam loucamente. Dei risada internamente.

- E vocês? - Minha mãe olhou para Teresa e eu.

Eu não sabia o que fazer ou falar, olhei para ela e seu rosto estava ficando vermelho.

- Devo dizer que você é a primeira que Gustavo traz para casa. - Juju entendeu a confusão e tentou desviar o foco, o que não deu muito certo.

Olhei para meu pai e vi que sua expressão era de desaprovação, ele não estava gostando nada disso.

- Mas, e as outras? - Estefânia perguntou.

Santo Cristo, o assunto estava quase acabado e vem essa daí para botar mais lenha na fogueira. Queimaria ela apenas com meu olhar de fogo. Olhei para Teresa de novo e vi que estava desconfortável com a situação. Não mais que eu.

- Gustavo, não trazia outras. Nunca trouxe. - Verônica soltou.

E sim, Teresa só piorava ao meu lado, a qualquer momento ela explodiria ou algo do tipo.

- Isso não é relevante. Teresa está aqui conosco e com Gustavo e isso que é importante. A família sempre apoia as escolhas, mesmo que demore, ela sempre apoia. - Minha mãe disse finalizando o assunto.

Dei um gole no vinho para tentar esquecer esse episódio. Dali em diante, todos mudaram o foco da conversa para nossas viagens em família, nos micos e tudo mais. Minha acompanhante estava um pouco distante e aérea.

- Teresa, você está bem? - Perguntei preocupado com suas feições.

Sem responder ela se levantou e saiu para o jardim. Merda.

- O que houve? - Juju perguntou.

- Não sei. - Respondi.

Meu pai pigarreou e eu apenas ignorei.

- Eu falo com ela. - Minha mãe foi atrás de Teresa no jardim.

Fiquei imóvel por alguns segundos até que vi Estefânia me encarando. Ela acenava com a cabeça para que eu fosse falar com Teresa. Me levantei e corri até o jardim. Elas estavam sentadas em uma espreguiçadeira perto da piscina, fui me aproximando aos poucos para que elas soubessem que alguém estava chegando. Minha mãe terminou a conversa me dando espaço e voltou para dentro.

- Eu podia jurar que você era durona. - Tentei puxar algum sorriso dela.

- E eu podia jurar que você não se importava.

Sentei ao seu lado e olhei para a piscina.

- Eu me importo, Teresa. Me importo muito.

Ela fechou os olhos e vi a lágrima escorrer pelo seu rosto. Passei o dedo secando, me deliciando com a maciez da sua pele e o som do piano soou na área da piscina nos fazendo ficar em silêncio. Me levantei e ergui a mão para ela, esperando que abrisse os olhos.

- Não vou dan...

- Calada. - Cortei antes dela terminar a frase e permaneci com a mão estendida.

Ela se levantou me dando a mão e seu corpo grudou no meu. Seu cheiro invadiu meu nariz e respirei fundo tentando guardar o aroma delicioso que emanava dela. Demos passos lentos como se não quiséssemos que acabasse aquele contato. Olhei dentro de casa e vi que estavam todos olhando para nós, fingi que não havia mais ninguém.

- Podíamos ser sempre assim. - Sussurrei em seu ouvido. - Sem brigas, sem cara feia.

- Sem tudo isso. - Ela falou sem parar de me acompanhar.

Não entendi. O que queria dizer?

- Teresa, eu só quis...

- Gustavo, eu não podia estar aqui. Eu não podia nem gostar de você. Não posso permitir que você chegue e bagunce minha vida como os outros fizeram. - Paramos de dançar e ela começou a ficar com os olhos marejados. - É demais pra aguentar e eu não sei se consigo. Você nem sabe o que quer. Sinto muito.

Ela saiu andando novamente, mas desta vez não fui atrás. Estava confuso com tudo o que tinha ouvido. Senti algo no meu peito e não sabia distinguir o que era. O que essa mulher estava fazendo comigo?

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora