Capítulo 68

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Teresa.

     Rosana e eu nos separamos na entrada da Império. Ela tinha que voltar pro hotel e eu tinha que levar as amostras de Gustavo, Victor e Emílio para o laboratório.

– Vai dar tudo certo, Teresa. Esse teste vai dar negativo. – Rosana me abraçou.

– Você não sabe disso, Rosana.

– Sei sim. Emílio não tem nada a ver com Gustavo.

     Tentei lembrar por alguns segundos do rosto de Emílio a procura de qualquer semelhança com Gustavo, mas a essa altura, isso só iria me perturbar. Pedi ao motorista da Império que me levasse até o laboratório. Quando entrei no carro, meu telefone tocou.

– Alô? – Atendi sem reconhecer o número.

– Teresa...

– Eduardo, o que quer?

– Você poderia ser mais gentil? Eu estou indo embora.

Hasta que por fin. – Revirei os olhos.

– Aposto que você revirou os olhos agora. – Ele falou e percebi que ele estava sorrindo. – Eu achei que as coisas pudessem ser diferentes. Não imaginei que você estivesse...

– Eduardo, não tenho nada pra dizer além boa viagem. Espero que você possa amadurecer um pouco e deixe de ser um idiota. Porque só sendo idiota pra achar que depois de sete anos que você me largou, eu iria voltar correndo pra você. – Desliguei sem esperar resposta. Só poderia lidar com um problema de cada vez.

     Em algum momento do trajeto, me perdi em situações de como seria quando o resultado do exame saísse. Se fosse não, quase nada mudaria. O fato de Gustavo não ter conhecido o pequeno facilitava, já que nenhum laço foi feito. Se fosse sim, bom... Não seria fácil e na verdade não sabia o que pensar se desse positivo e me sentia a pessoa mais podre e horrível por querer que um exame de DNA desse negativo. O motorista, Marcos, pigarreou me tirando dos meus pensamentos.

– Senhorita Rezende, iremos demorar um pouco. – Ele me avisou.

– Sem problemas, Marcos.

     Encarei as pessoas de São Paulo e a corrida delas pela janela do carro. Estavam tão apressadas que nem prestavam atenção umas nas outras.

– Marcos... Você... Posso fazer uma pergunta? – Me direcionei ao motorista que com certeza não era pago para ouvir minhas dúvidas pessoais e meu desabafos sobre a minha vida que não era nada difícil comparada a maioria.

– Claro, senhorita.

– Por favor, sem essa de senhorita. – Ele acenou com a cabeça atendendo meu pedido. – Você tem filhos?

– Sim, senh... Senhori... – Ele não sabia como me chamar.

– Teresa. Só Teresa.

– Sim, Teresa. Tenho duas meninas. – Marcos respondeu com um certo orgulho em sua voz.

– É difícil? Quero dizer... Cuidar delas?

– Sim, é muito difícil. – Ele não deu muitos detalhes.

– Me conte mais, por favor. – Pedi.

     Ele me olhou por alguns instantes pelo retrovisor e depois voltou a encarar a rua à sua frente.

– Bom, Caroline tem oito anos e ama coisas laranjas. Denise está indo para faculdade e é teimosa. É difícil cuidar e administrar tudo, mas minha Louise me dá forças em tudo, então...

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora