Capítulo 60

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Teresa.

Saí às pressas do apartamento de Gustavo para pegar um táxi. Tinha que me encontrar com Estefânia e em seguida com Anne para saber o que ela tinha descoberto sobre Nicole. Só de ter esse nome em minha mente me dava náuseas. Comprar pílula, não podia me esquecer disso. Cheguei no Starbucks onde Estefânia estava me esperando.

- Você pode me explicar essas fotos? - Estefânia levantou o seu tablet mostrando minhas fotos com Gustavo.

Por um segundo, esqueci que minha amiga não sabia da ex de Gustavo que também era de Victor. Me senti mal por isso. Estefânia e eu éramos melhores amigas, mas ultimamente mal trocávamos meias palavras.

- Invadiram nosso icloud. - Menti.

- Você tem sorte de seu rosto quase não aparecer ou você já estaria com vários paparazzi na sua cola.

- Preciso que você não comente isso com ninguém.

- Mas vocês não são tipo namorados agora?

- Somos, mas quero aproveitar o resto de paz que tenho até descobrirem que sou eu nas fotos. - Suspirei. - Quando íamos imaginar que nossas vidas estariam assim?

- Sim... hum... Sobre isso...

- Estefânia, fala logo! - Percebi o receio em seus olhos.

- Eu estou grávida. - Ela falou fechando os olhos.

Fiquei paralisada por alguns segundos só digerindo o que nunca pensei que pudesse acontecer com ela.

- Grávida? - Perguntei incrédula.

- É, grávida. Com bebê na barriga, sabe? Com direito a enjoo e mudanças de humor, por isso estou tão insuportável esses dias.

- Meu Deus, grávida? - Ainda não tinha caído a ficha.

- Teresa, não faz isso, eu estou apavorada aqui se você ficar também vamos ter um grande problema.

- Ok. Grávida. Você já contou para Victor?

Ela revirou os olhos e mordeu os lábios.

- Você ainda não contou?

Ela balançou a cabeça negando.

- Não sei se você sabe, mas estamos falando do Victor Lários aqui. Foi uma grande coisa ele ter me pedido em casamento não quero afastá-lo.

- Estefânia, é um filho. Isso deve aproximar vocês ainda mais, se é que isso é possível.

- Eu sei, só que ainda não estou segura disso. Temos aquele desfile e ele quer que o mundo saiba que estamos juntos oficialmente. - Ela levantou sua mão com o anel. - Não quero ser a noiva que engravidou rápido demais para prender um dos Lários. Tenho uma consulta hoje.

- Vá ao médico e depois me ligue. Eu tenho que ir agora e não fique preocupada com que os outros vão pensar. - Me levantei da mesa e a abracei. - Estou muito feliz por você. Vou ser tia de novo! - Sorri.

- Pare de ser ridícula. - Ela me deu um tapinha de leve no braço e eu saí.

Cheguei no Farabbud um pouco atrasada. Anne estava me esperando no bar. Por que ela tinha marcado comigo num restaurante árabe, eu não saberia dizer. Ela prometeu que não iria demorar. Reconheci seu cabelo preso com uma caneta.

- Oi senhorita... - Levantei as sobrancelhas corrigindo- a. - Teresa. Eu consegui uma coisas interessantes.

- Vamos lá, então.

Anne tirou da bolsa um envelope amarelo e pôs em cima do balcão. Antes dela começar a falar, chamei o barman para pedir uma bebida. Olhei para Anne que estava indecisa, até finalmente pedir um suco de abacaxi e eu, um suco de morango e maracujá.

- Bom, voltando. Nicole é uma mulher intrigante, descobri que ela nasceu na Rússia e se mudou pra cá aos vinte anos, escondida. Seu verdadeiro nome é Nicole Petrov.

Não pude deixar de sentir um arrepio. Assim que Anne começou a falar, senti que eu iria sair daquele bar ou muito feliz ou muito puta e até agora o lado puta estava vencendo. O garçom entregou nossas bebidas e nos deixou a sós.

- Ela conseguiu um bom dinheiro quando o namorado que na época era artista plástico morreu de uma febre misteriosa. Não pude deixar de saber que ela se envolveu com ambos os Lários da empresa. Há dois anos atrás ela saiu do país e foi para Mallorca, na Espanha, onde ficou cerca de um ano, no ano seguinte, ela foi pra Suíça e depois veio pra cá.

Fiz um gesto para que ela parasse um pouco, precisava filtrar tudo. Bebi quase toda a minha bebida. Me arrependi de não ter pedido algo mais forte.

- Pode continuar.

- Liguei para o pai dela e ele disse que anda preocupado com a filha que não o vê a uns quatro anos. Ele está louco para encontrá-la. Pelo que soube, era para ela ter se casado aos vinte anos com outro russo, mas ela fugiu. O pai dela está oferecendo uma quantia alta para saber o paradeiro dela. Nicole é boa em se esconder.

- Ok, muita informação.

- Tem mais um pouco. Ela tem um filho de três anos chamado Emílio. Está tudo nesse envelope, inclusive o número do pai dela caso você queira contatá-lo. - Anne empurrou o envelope para mim.

- Você não falou pra ele que ela está aqui?

- Não, isso cabe a você. Meu trabalho era descobrir algumas coisas sobre ela. Eu tenho que ir. - Ela se levantou e pegou sua blusa pendurada no banco.

- Claro... Muito obrigada, Anne.

Fiquei por mais um tempo naquele restaurante olhando cada informação que estava naquele envelope. Depois que terminei de ver tudo, precisava começar a agir e só poderia pedir a ajuda a uma única pessoa. Rosana. Saí em disparada para o hotel que ela estava hospedada.

- Não achei que você realmente viria. - Rosana abriu a porta de seu quarto no Meliá.

- Bom, eu tinha que vir e você vai me ajudar em uma coisa.

- Ok, só deixa eu me trocar. - Ela mostrou o pijama.

Enquanto ela se trocava, ficamos conversando.

- Eu vi suas fotos, Teresa.

- É, eu também vi.

Não dei espaço para mais papo sobre esse assunto e Rosana percebeu. Depois de uns quinze minutos ela voltou vestida com uma calça preta, salto preto e jaqueta preta de couro.

- Caramba!

- Você veio até aqui pra pedir minha ajuda, provavelmente vamos matar alguém, então vamos logo.

Sorri. Puxei seu braço e pegamos o elevador.

- O que vamos fazer?

- Preciso que você descubra o quarto de Nicole Escobar.

- Só isso? Ok.

Chegamos na recepção onde Rosana não enrolou e pediu logo o quarto de Nicole. Disse que era amiga dela e que queria fazer uma surpresa para ela.

- Pronto, vamos lá.

Subimos para o décimo terceiro andar e Rosana bateu na porta do quarto.

- Nervosa? - Ela me perguntou.

- Na verdade nem um pouco.

Nicole abriu a porta e ficou surpresa com a minha presença. Ela estava vestindo um roupão enquanto segurava uma criança em seu colo que concluí ser Emílio.

- Oi, Laura. - Sorri o melhor que pude. Vi o pânico em seu olhar. - Acho que tudo bem se eu e minha amiga entrarmos certo? - Entrei em seu quarto antes mesmo dela abrir a boca. - Vamos conversar.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora