Um Inferno Irresistível

Capítulo 56

Teresa.

Mas que caralho. Por quê essa merda estava acontecendo? Não tinha certeza com o que estava mais chocada no momento. Gustavo, claro, não sentou. Ele estava com a cara fechada olhando para mim. Era difícil dizer o que estava sentindo além da raiva. Dava pra sentir a tensão no ar.

- Que merda vocês acham que estão fazendo? Eu não sou um prêmio, porra!

- Não é como esse cara te trata. - Gustavo se manifestou.

Eduardo não respondeu. Infelizmente, eu sabia que ele faria isso mesmo. Sabia que ele era idiota e falava coisas desnecessárias.

- E então, quem vai me contar o que houve? - Cruzei os braços esperando resposta.

- O idiota do seu namoradinho veio marcar território. - Eduardo falou sorrindo.

Gustavo estava furioso e não tirava a razão dele, mas não valia a pena brigar. E sobre Eduardo, o tempo podia ter passado, mas parece que não tinha crescido. As mesmas atitudes infantis não tinham saído dele.

- Estava tudo bem até esse cara falar bosta que tinha que te ter de volta porque sexo com você é incrível, então eu quebrei a cara dele.

- Eu realmente esperava mais maturidade de vocês. - Falei decepcionada.

- Só lamento. - Gustavo ironizou tamanha era sua raiva.

- Agradeço a honestidade dos dois e sem ressentimentos, mas agora eu vou dizer o que vai acontecer. Eduardo, você vai pegar sua roupa e vai sair da minha casa agora.

- Mas eu não...

Com muita calma e paciência eu iria conseguir tirar esses dois daqui. Sim, os dois.

- Eu não quero saber quem começou a porra da briga, você veio pra cá porque quis. Deve ter algum lugar pra você ficar, não me interessa! Se quiser ficar no meio da rua, é problema seu!

Claro que no começo ele achou que eu estava blefando. Talvez ele realmente não tenha se tocado que eu mudei e que eu não era mais tão frágil para cair em suas palavras. Se tornou uma parte de mim que eu me orgulhava muito, toda a decepção me fez crescer de um jeito que eu não pensava que seria possível.

Eduardo pegou sua blusa que estava em cima do braço do sofá e saiu pisando duro. Gustavo ainda estava parado no lugar, e eu não sabia o que ele esperava que eu fizesse. Eu sabia que eu tinha uma parcela de culpa nessa porra toda.

- Gustavo, você também. Por favor. - Pedi com a voz mais calma.

- Você realmente quer que eu saia? Você não vai vir comigo? - Sua voz inconformada me faz arrepiar e dessa vez, não era um arrepio bom.

- Não. Acho melhor eu ficar aqui essa noite. Amanhã nos vemos na empresa.

Falei firmemente e ele finalmente se moveu passando por mim. E antes que eu fechasse a porta, ele acenou com a mão.

- Pense bem Teresa, se fosse você entrando no meu apartamento e encontrado Nicole na minha sala, acho que você não iria gostar. Até amanhã.

Fiquei boquiaberta com suas palavras. Não achei que ele jogaria na minha cara o que eu já sabia. Fechei a porta e fiquei parada um tempo pensando na merda de dia que tinha acabado de se tornar. Fui para meu quarto tomar um banho e em seguida voltei para a cozinha para recolher os cacos de vidro do chão. Estranhei ninguém estar em casa. Quando terminei de limpar tudo, ouvi a porta abrir.

- Claro que não, nós apenas estamos nos conhecendo. - Ouvi a voz de Andrea na sala. - Fique a vontade Rosana, vou pegar umas taças e vamos experimentar essa combinação sua.

Me levantei do chão e Andrea se assustou ao me ver.

- Cruzes Teresa, não podia ter avisado? - Ela levou a mão com uma garrafa de vinho ao peito. - Achei que você dormiria com Gustavo.

- Não, aqui ainda é minha casa.

- Vai querer se juntar a gente? Pizza e vinho.

Pensei em me trancar no quarto e ler algo, mas eu precisava me animar e me distrair.

- Claro.

Peguei as taças no armário e fomos para a sala onde uma mulher de cabelos escuros estava sentada sob o tapete felpudo.

- Teresa essa é Rosana, uma amiga. - Ela me apresentou para a garota. - Rosana, essa é minha irmã Teresa.

- Que bom te conhecer. Andrea fala muito sobre você.

Olhei para Andrea e estreitei os olhos.

- Espero que só coisas boas.

Andrea ficou sem graça.

- Não prometo nada. Você é minha irmã mais velha.

Sentamos no chão sala e colocamos um filme enquanto comíamos a pizza. Andrea em algum momento dormiu e eu fiquei conversando com Rosana. Descobri que tínhamos muito em comum. Pela primeira vez no dia eu me senti bem.

Dois longos dias se passaram sem que eu visse Gustavo. Não era algo proposital, muito trabalho surgiu, mas lembrei como era bom respirar sem a tensão e a loucura. Também não vi Nicole, o que me preocupava um pouco. Passei bastante tempo desses dois dias com Rosana, ela tinha se tornado uma grande amiga.

- Ui, Estefânia está aqui. - Eric sussurrou para mim.

Levantei os olhos e me deparei com ela com uma cara nada boa.

- Eric, saí. - Ela exigiu.

Me levantei e olhei torto para ela pela forma mal educada que tratou o Eric.

- Fica, Eric. - Mandei.

Ela me olhou incrédula.

- Temos que conversar. A sós.

- Então peça com educação.

Vi no rosto de meu assistente que ele estava adorando. Amava Estefânia, mas de uns tempos pra cá, ela estava um pouco insuportável. Falava para mim mesma que era pressão do casamento.

- Eric, por gentileza, saia da sala.

Ela forçou simpatia e Eric olhou para mim. Acenei com a cabeça e ele se levantou da cadeira deixando a sala.

- Desde quando se tornou tão mal educada?

- Você não saberia, já que aparentemente não tem mais tempo pra mim.

- Estefânia me poupe dos seus dramas, nós duas andamos ocupadas nos últimos dias. - Me sentei novamente.

- Na verdade, eu tenho tido tempo e aparentemente você também, já que você anda grudada com essa tal de Rosana.

- Eu posso ter outras amigas. Não disse nada a você quando parecia uma gêmea da Verônica.

- Então é disso que se trata? Eu ter virado amiga de Verônica?

- Claro que não, eu só acho que temos o direito de ter outras amigas. Não somos mais adolescentes, Estefânia. Cada uma tem sua vida pra viver.

Ouvi batidas na porta.

- Licença, Teresa. - Rosana abriu a porta.

Péssima hora, Rosana.

- Salva pelo gongo. - Estefânia saiu pisando duro e quase derrubou Rosana na porta.

- Wow, atrapalhei alguma coisa?

- Nada que não se possa resolver mais tarde.