Capítulo 27

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Teresa.

Gustavo e eu saciamos nossa vontade lá pelas tantas da madrugada. Caímos exaustos na cama e ofegantes. Era inacreditável pensar que estava ali com ele. Na minha casa. Quer dizer, na casa dos meus pais. No meu antigo quarto. Estava deitada em seu peito fazendo movimentos circulares com a unha e toda enrolada ao lençol. Nunca pensei que ficaríamos assim. Não sei como seria quando fôssemos embora e voltássemos para a nossa realidade. Tinha receio de sair até do quarto e perder o que encontramos aqui.

- Tenho que te contar uma coisa.

Gustavo me disse sério e eu levantei a cabeça do peito dele assustada.

- O que? - Minha voz tremeu. Será que ele tinha se arrependido?

- Calma. Não é nada disso que você está pensando. - Ele se levantou e me deu um beijo tranquilizante. - É sobre sua irmã.

Olhei para ele estranhando. O que ele queria falar sobre minha irmã a essa hora?

- Ela quer ir conosco para São Paulo.

Permaneci em silêncio.

- Não sei se quero ir embora. - Falei baixo com medo de sua reação.

Ele se mexeu pegando meu rosto me fazendo encará-lo.

- Não brinca comigo! Você não pode ficar aqui. Além do mais, tem um estágio para terminar e uma amiga grávida a sua espera. - Ele disse sério.

Sorri ao lembrar de Cecília. Mas, ele não tinha me dado um motivo real. Eu queria ouvir que ele me queria.

- Eu só não quero que isso... - Apontei para nós dois. - ...desapareça.

Ele me beijou me acalmando.

- Não vai se você voltar comigo. Desapareceria se você ficasse aqui e eu fosse embora, não acha?

Ele estava certo. Gustavo tinha que voltar pro Brasil e eu não poderia ficar aqui. Não sem ele.

- O que o meu pai queria?

- Apenas perguntar quais eram as minhas intenções com você. - Ouvi o sorriso em sua voz.

- E você disse?

- Bom, eu disse a ele que minha intenção essa noite era me enterrar completamente em você e amanhã também e depois de amanhã também.

- GUSTAVO! - Dei um tapa em seu peito e ele riu.

- Não se preocupe, digamos que seu pai e eu nos entendemos bem.

Ele me deu um beijo na cabeça e encerramos o assunto voltando a dar atenção a nós. Dormi sentindo os beijos de Gustavo me embalando num sono tranquilo.

No dia seguinte, encontrei Andrea na cozinha preparando o café, como sempre fazíamos quando eu morava aqui.

- Que história é essa de você querer ir pra São Paulo?

- Claro que ele foi fofocar pra você. - Ela reclamou.

- Ah, claro, você achou mesmo que eu não ia ver você no avião? - Perguntei em um tom óbvio.

Ela abriu a geladeira e pegou o suco.

- Eu quero alguma coisa da vida, Teresa. Tenho que recomeçar em algum lugar e esse lugar pode ser São Paulo, por que não? Você conseguiu, eu não posso conseguir.

- Quem vai para São Paulo?

Antonio entrou na cozinha nos pegando de surpresa. Ficamos quietas.

- Ok, ninguém vai falar? Eu falo. - Ele se encostou do meu lado cruzando os braços. - Eu vou ser pai.

Silêncio. Não sabia como reagir a notícia de que meu irmão iria ser pai. Na verdade, sempre pensei que isso fosse acontecer, ele ser o primeiro de nós a construir uma família.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora