Capítulo 46

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Teresa.

Gustavo foi muito sem educação com Laura, Victor também não foi nada receptivo. Saí da empresa com intenção de ir para casa. Cecília parecia estranha quando disse que queria conversar. Devia ser algo sério, caso contrário, ela não faria suspense. Peguei um táxi e fui pra casa. Não poderia esperar até a noite para saber o que Cecília queria me dizer. Antes de entrar no prédio, alguém puxou meu braço.

- Ah, que bom que eu te encontrei. - Estefânia me deu um susto.

- O que houve? - Sentia as batidas do meu coração diminuírem aos poucos.

- Eu estou te ligando há horas.

Peguei meu celular da bolsa vendo suas chamadas perdidas.

- Estou aqui agora, pode falar.

- Eu não quero falar aqui. Quero andar com você, posso?

Estranhei. Estefânia não era assim. Algo estava acontecendo.

- Você quer entrar? - Ela negou com a cabeça.

- Não, vamos sair um pouco. Me conte as novidades.

Estefânia me puxou para andar. O que ela queria?

- Eu não tenho muitas novidades. Consegui uma secretária para Gustavo.

- Sério? Quem? Ela é bonita? Victor passou a manhã na sala de Gustavo. - Seu tom era um pouco preocupado. Revirei os olhos.

- Lembra daquela mulher do café? A Laura? É ela. E sim, Victor não foi muito educado com ela.

- Que bom, pelo menos posso confiar nele.

- Gustavo também não foi muito receptivo e educado com ela. Não me lembro dele ter sido grosso comigo quando entrou na diretoria.

- É porque ele sabia que ia dar rolo entre vocês dois. Agora essa mulher é diferente. Pra ele, ela não é interessante.

Dei de ombros. Encontramos um lugar tranquilo e nos sentamos. Ficamos conversando sobre várias coisas, na verdade, Estefânia estava falando muito de Victor, de como ele era lindo e imponente.

- Estefânia, chega! Eu vejo Victor todo dia e graças ao noivado de vocês, o verei pelo resto da minha vida, não quero ficar falando sobre ele.

- Então vamos falar sobre outras pessoas. - Ela riu. - Você tem falado com Verônica?

- Não, e você?

- Claro. Agora ela está na França vendo jóias. Ela comprou uma pulseira da Cartier tão linda.

- Legal. - Respondi seca. Olha o ciúme da minha amiga surgindo de novo. - Estefânia, eu vou voltar pra casa.

Me levantei do banco para sair mas Estefânia me puxou de novo.

- Não! - Ela disse em pânico. - Vamos ficar mais um pouco.

- Não, Cecília quer conversar comigo. Acho que ela e André vão se mudar. Eu preciso falar com minha irmã que está mais ausente do que nunca. Você pode ficar ou vir comigo.

Estefânia se levantou reclamando mas concordou em voltar comigo para o loft.

- Antes, me responda uma coisa. - Estefânia me parou no meio do caminho. - Você ama o Gustavo?

O que?

- Por quê essa pergunta?

- Só me diz.

- Sim, Estefânia, eu amo o Gustavo.

Respondi sem entender onde ela queria chegar com aquela pergunta e continuei caminhando até chegar em casa.

- E você não pensa em mais ninguém na sua vida, não é? Quer envelhecer com ele?

Entramos no prédio e seguimos até o elevador.

- Teresa, responde por favor, é importante. Você superou o passado?

Ela não queria falar sobre isso. Eu não queria falar sobre isso.

- Teresa! - Ela repreendeu meu silêncio.

- Sim, Estefânia, eu superei o passado! Eu amo Gustavo e apenas ele. - Disse exaltada.

- OK.

Ela pareceu relaxar ao meu lado e eu agradeci. O passado tinha ficado para trás e era algo que eu nunca mais queria reviver.

- Ela vai ter um troço quando te ver. - Ouvi a voz de Cecília discutindo com alguém contra a porta.

- Ele queria vir aqui, eu não podia impedir. Ele é meu amigo. - Também ouvi a voz de André.

- Fala baixo, caso você não tenha percebido, seus filhos estão dormindo. - Cecília o repreendeu. - Vou ligar para Estefânia.

Olhei para Estefânia e ela não estava sorrindo. Ela sabia exatamente o que estava acontecendo, mas não falava nada.

- O que está acontecendo?

Ela não respondeu. Virei a chave e abri a porta de uma vez. Alguém teria que me explicar o que estava acontecendo.

Merda.

Merda.

Merda.

Puta merda.

Voltei imediatamente no tempo, parecia que era capaz de sentir tudo do passado novamente quando botei meus olhos nele. Acho que falei sobre não querer reviver o passado cedo demais. Meu coração não sabia reagir a isso. A ele. Não sabia se batia ou se parava. Eu não sabia o que fazer.

Seus olhos castanhos fixaram nos meus. Ele estava diferente. Muito diferente. Os cabelos que antes eram quase pretos, agora estavam castanhos. Ele não era mais o cara que eu conhecia. Tinha crescido de todas as formas.

- Oi, Teresa.

- O que você está fazendo aqui, Eduardo?

- Eu vim te ver. - Ele me respondeu.

Ainda estava paralisada e sem saber o que dizer na porta de casa.

- Teresa, você quer um copo d'agua? Você está ficando branca. - Estefânia perguntou mas não consegui responder.

- Teresa? Teresa!

Eduardo se aproximou de mim e tocou em meu braço. Seu toque me fez arrepiar. Lembrei exatamente do dia em que fui embora e ele foi ao aeroporto, mas não se aproximou, não se despediu, como se não aprovasse. Voltei uns anos atrás. Lembrei quando ele me levou para ver os fogos na praia, a nossa primeira viagem. Foi louco. Lembro que bebemos muito e dançamos na areia.

- Não me toque. - Acordei das memórias e afastei meu braço de sua mão.

- Como você está? - Eduardo guardou as mãos nos bolsos.

Era inacreditável. Mordi os lábios enquanto pensava. Meu cérebro não conseguia acompanhar essa nova informação. Estefânia apareceu com um copo de água e eu bebi tudo.

- Meu Deus! - A voz de Andrea atravessou a sala.

Me virei para porta e encontrei minha irmã surpresa.

- Eduardo, quanto tempo!

- Oi, Andrea.

Minha irmã passou por mim e abraçou Eduardo. Olhei para a cena a minha frente. Por quê todo mundo parecia estar confortável com a presença dele como se fosse normal? Não era normal! Fazia sete anos que não o via. Sete anos! Ele não ligou, não mandou carta, não fez questão de saber como eu estava. Então em um belo dia, ele decide voltar sete anos depois porque ele queria me ver?

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora