Capítulo 48

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Teresa.

- Já chega! - Minha irmã se soltou dos braços dele e todos me olharam. - O que você realmente está fazendo aqui? - Me dirigi a Eduardo. - Por que todo mundo está agindo como se soubesse que ele viria? Por que eu fui a última a saber?

- Teresa. - Estefânia tocou no meu braço tentando me conter.

- Me respondam!

Silêncio. Cecília abaixou a cabeça e os outros fizeram o mesmo. Como se estivessem levando uma bronca da mãe.

- Por favor, me deixem falar com ela. - Eduardo pediu para todo mundo da sala.

Estefânia empurrou Andrea para seu antigo quarto, enquanto Cecília foi para o seu com André.

- Precisamos conversar.

A súbita vontade de rir me dominou e eu comecei a rir. Sim, dei risada nervosa de toda aquela situação. Eduardo me olhava como se eu tivesse enlouquecido e eu achava que tinha mesmo. Fui parando de rir aos poucos e ele se aproximou de mim.

- Não chega perto. - Adverti dando um passo para trás.

Eduardo parou de andar e eu fui para a cozinha procurando uma garrafa de vinho.

- Você quer conversar, então vamos conversar. Você senta aí e eu fico aqui.

Ele se sentou no banco encostado no balcão e eu me encostei na pia.

- Como você está?

Olhei para ele com estranheza. Ele não queria brincar.

- Você está falando sério? - Franzi o cenho.

- Claro, me conte o que você fez nesses últimos...

- Sete anos. Foram sete anos que se passaram. Sete anos que você não ligou, não apareceu, não quis dar notícias. Sete anos, Eduardo. 84 meses. 336 semanas, mas agora você me diz que quer saber o que aconteceu?

- Teresa, eu só...

- Cala a boca, agora você vai me ouvir. Foi difícil, sabia? O primeiro mês eu não conseguia sair do quarto pra ver a cidade, pergunte a Estefânia. - Apontei para o quarto. - Foi tenso. Eu ia pra aula, depois ia pra um bar e vinha direto pro quarto, fiquei nisso por dois meses.

Eduardo estava quieto com a mão sobre a boca e me olhava de um jeito como se lamentasse. Eu não tinha tal ressentimento. Superei ele, mas tinha que dizer algumas verdades.

- É engraçado, sabe? Lembrar de tudo. Depois dos dois meses, comecei a ocupar a cabeça, tinha mais trabalhos e muita coisa pra fazer, então pensei que se eu fizesse outra coisa a não ser pensar em você, o tempo passaria e você apareceria para me fazer uma surpresa.

Tomei meu vinho enchendo a taça novamente. Essa era a terceira.

- Eu era tão iludida. Você nem se despediu, por que iria atravessar o continente para me fazer uma surpresa? - Lembrei da Teresa patética que eu era há sete anos por causa do homem a minha frente.

- Porra, Teresa. Não foi fácil pra mim também.

- Eu ainda não terminei. - Disse firme.

Tirei meus saltos ficando descalça. Precisava de algo que me ligasse a realidade. Além do mais, os saltos estavam me matando.

- Quando se passou um ano, eu me convenci e percebi que tinha acabado. Comecei a sair pra umas festas e ver como era São Paulo. Era solitária pra quem não tinha alguém para dividir. São Paulo é solitária, mas acolhedora.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora