Capítulo 1

1K 41 16
                                    

Teresa.

Mais um dia com ele.

Exausta. Não havia outra palavra no dicionário que classificasse a minha situação. Meu dia não passou de correria, não pude parar na minha mesa um minuto sequer atrás das papeladas que meu chefe queria. Inútil. Ele praticamente ficava sentado o dia todo só me dando ordens como se eu fosse alguma escrava. Finalmente juntei tudo o que era preciso e me direcionei a sua sala. Tentei não olhar para seu rosto, mas não consegui. Ainda mais com ele concentrado em seu computador. Sendo assim, me senti a vontade para olhar até que ele fizesse contato visual.

- Senhor Lários? - Chamei sua atenção.

- Sim?

Ele ainda não tinha me olhado nos olhos. Tentei pensar o que deveria ser tão interessante na sua tela.

- Os papéis que o senhor pediu. - Coloquei a pasta em sua mesa.

- Obrigado, Rezende.

E pela primeira vez na noite, seus olhos verdes se encontraram com os meus.

- Eu já estou indo.

- Boa noite. - Ele disse rapidamente e voltou a olhar para a tela.

Desde que Gustavo começou a frequentar a empresa há dois anos, eu babava em seus olhos. Na verdade, no pacote inteiro, mas tentava ser discreta. Tinha vezes que ele passava horas no sofá da sala de espera só me encarando. Por quê? Só Deus sabia. Quando ele foi nomeado diretor da empresa eu simplesmente tive uma pequena amostra de um ataque cardíaco. O senhor Lários - o pai de Gustavo - era quase um pai para mim e o que ele dissesse era ordem, mas para minha maldição, a ordem seria que dali em diante quem daria as ordens seria seu filho. Merda. Aparentemente, ele estava afim de curtir a vida com sua mulher e estava na hora de ver se os filhos davam conta. Merda. Merda.

- Acho melhor você começar a cobrar as horas extras que você fica naquele cubículo. - Estefânia reclamou ao me ouvir fechar a porta do loft.

Tirei meus sapatos, minha blusa e me direcionei a cozinha onde ela estava.

- Aquele cubículo é o meu trabalho. Devo lembrá-la que é com o dinheiro que eu ganho lá que pago nossas contas. - Ela revirou os olhos.

- Que seja! Para mim, aquele cretino gosta de você e sinto que o sentimento é recíproco.

- Vá a merda. - Foi minha vez de revirar os olhos.

Cecília entrou na sala com seus cabelos enrolados em um coque e os olhos inchados indicando que tinha acabado de acordar.

- Qual é, vamos ser honestas. Todas aqui nesta sala concordam que o idiota do chefe que a Teresa tem é louco de tesão por ela? Se sim, levante as mãos. - Imediatamente ela e Cecília levantaram as mãos.

- Gustavo não é louco de tesão por mim, ok? Ele é meu chefe e só isso. Não temos e nunca teremos um relacionamento além disso.

Assim que as palavras saíram da minha boca, as duas começaram a rir. Revi tudo o que falei e nada pareceu uma piada.

- Gustavo? - Estefânia zombou. - Já estão se tratando pelo primeiro nome? Que progresso!

- Vão se ferrar! As duas!

Saí andando em direção ao meu quarto. Tomei um banho rápido e me deitei. Com o ritmo do dia, o cansaço apenas se acumulou. Antes de dormir, apenas lembrei dos olhos verdes que não iriam me deixar em paz tão cedo.

Acordei um tanto cedo, olhei no relógio e não passava das seis e meia da manhã. Aproveitei para tomar um banho tranquila sem toda a confusão que tínhamos de manhã com as meninas brigando pra ver quem tomava banho primeiro. Ao sair do loft, o vento começou a bater fazendo eu me arrepender de ter escolhido uma saia ao invés de uma calça, mas eu sabia que de tarde o sol estaria de matar, então apenas continuei. Andei até a cafeteria mais próxima e pedi um cappuccino para viagem. Pisei na Império e Silvana, a recepcionista, me encontrou com os olhos e veio ao meu encontro para entregar um bilhete.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora