Capítulo 17

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Gustavo.

Depois que Teresa saiu da sala, voltei a trabalhar. Não poderia me dar ao luxo de ficar pensando em desculpas para dar a ela para que viesse a minha sala. Alguém tinha que manter os pés no chão, no caso, eu. Sentia que ela ainda estava ressentida pelo que tinha acontecido naquele jantar. Passei o dia todo resolvendo alguns problemas da empresa e ainda dando ordens para a festa de aniversário. Infelizmente, tudo tinha que passar por mim antes de qualquer ação. O telefone na mesa tocou e eu atendi ao mesmo tempo que lia os últimos relatórios das vendas da empresa.

- Fala.

- Por quê eu achei que você ia ser educado? - A voz de Estefânia soou do outro lado. - Victor quer falar com você.

- Ah, claro, ele fez a empregada me ligar. Diga a ele que já estou indo.

- Ha. Ha. Ha. - Ela forçou uma risada. - Pelo menos essa empregada está com ele no trabalho e na cama. Tchau, Gustavo.

Desliguei. Que porra! Estefânia era como uma cobra a espera para dar o bote. O pior de tudo? Ela estava certa. Pelo menos ela estava com Victor, transando e fazendo coisas, já eu estava longe disso. Mas no fundo, queria acreditar que estava bem assim. Qual é? Por quê eu iria querer ficar com alguém? Tipo exclusivamente. Iria ser só eu e ela. Isso não era pra mim. E eu não era pra ela. Antes de descer, passei na mesa de Teresa.

- Rezende, envie esse papeis ao RH e providencie essas coisas. - Entreguei várias folhas a ela. - E não se esqueça de falar com o piloto, temos uma viagem daqui a uma semana, espero que seus documentos estejam em ordem. Está tudo ai.

Entrei no elevador e antes que as portas se fechassem, tive o prazer de ver o pavor em seu rosto ao ler os papéis. Não entendi o porquê. Chegando ao andar de marketing, fui andando até a sala de meu irmão. As pessoas começaram a se ajeitar como se estivessem fazendo algo errado. Abri a porta e Estefânia estava na frente dele trabalhando.

- Ah que ótimo, o chefinho chegou. - Ela murmurou irônica.

- Senhorita Gamboa poderia nos dar licença? - Agi formalmente.

Escutei alguns risinhos dela e então ela se levantou.

- Parece que o elevador te fez ser mais educado.

Fiquei em pé esperando que ela saísse. Estefânia deu a volta na mesa e deu um longo beijo em Victor, sorriu e finalmente estava vindo em direção a porta.

- Ou será que foi a falta de Teresa que fez você ser mais gentil?

Ela saiu andando com um sorriso debochado e fechei a porta cerrando os punhos. Se ela não fosse mulher, no mínimo eu já teria quebrado a cara dela.

- Que porra Gustavo, você está péssimo. - A voz do meu irmão soou com ironia.

- Bom, depois dessa cena patética, como acha que eu estaria? Aliás, vocês sabem da política de relacionamento aqui, não é mesmo? - Abri o botão do terno e me sentei.

- Aposto que você não vai pensar nisso quando estiver comendo a Teresa na sua mesa.

As palavras dele tomaram forma em minha mente. Merda. Isso seria bom demais. Apesar de já ter feito ela gozar no sofá, na mesa parecia maravilhoso. Mas ele não precisava saber desse detalhe. Victor me deu um copo com whisky e se sentou em sua cadeira.

- Agora me diga, você está bem?

Encostei o copo na boca e senti o cheiro do whisky me lembrando automaticamente do apartamento de Teresa. Que inferno!

- Eu pareço bem? - Retruquei tomando um gole da bebida.

Victor se encostou na cadeira e sorriu.

- Vai, me conta o que ela fez.

Ele me serviu mais um copo e pensei se iria beber. Não queria acabar bêbado.

- Quem? - Perguntei franzindo o cenho.

- Teresa, é claro. De quem mais estaríamos falando?

- O que te faz pensar que em toda uma cidade de mulheres, logo ela seria meu problema?

- Qual é, Gustavo. Somos irmãos, de vez em quando eu durmo na sua casa. Você não precisa esconder nada de mim.

- De vez em quando? - Perguntei enfatizando o que ele disse tentando sair do assunto. Onde ele queria chegar com isso? - Não tem nada a ver com ela.

- Eu sei. É a falta dela. Ela é seu problema, sempre foi. Os olhares, indiretas e até os ataques de ciúmes. Tudo tem deixado você tão puto. Posso sentir o cheiro da falta de sexo em você. Eu até tento arrancar alguma coisa da Estefânia, mas ela não abre a boca sobre vocês.

E pela primeira vez na vida, agradeci por Estefânia não contar nada. Se fosse outra, provavelmente já teria dito a muito tempo. Esvaziei meu copo. O líquido queimou minha garganta, mas parecia não ser nada em relação a minha vida.

- Ninguém precisa me afirmar nada, ela é a única mulher existente na terra que te tira do sério. Todos sabem disso, todos veem isso. Ela é uma espécie de... - Ele fechou os olhos como se estivesse procurando a palavra para descrevê-la.

- Enviada pelo diabo. - Completei e demos risada.

- Não era isso, mas eu descobri uma coisa interessante sobre vocês. - O filho da puta estava jogando comigo.

- O que?

- Você a odeia, porque ela é independente, ela não fica correndo atrás de você feito um cachorrinho, ela te desafia e você gosta porque não sabe lidar com ela. Quando você pensa que ela está em suas mãos, ela mostra que você não tem um fio de cabelo dela. É por isso que gosta dela. É física. Os opostos se atraem. Você é um filho da puta, mas ela quando quer é bem pior.

- Bela teoria, Einstein. - Revirei os olhos para ele.

- Pode zombar, mas você sabe que estou certo.

- Tenho que voltar ao trabalho e você também, então pare de pensar na minha vida e cuide da sua. Estefânia parece tanto complicada quanto a Teresa.

- Você não sabe o quanto. Talvez seja por isso que elas sejam melhores amigas.

Ele se recostou novamente na cadeira. Eu já estava na porta pronto para sair.

- E tente não ficar bêbado.

Saí.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora