Capítulo 71

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     Chegamos a Império e meu irmão correu para seu andar para ver se Estefânia finalmente tinha decidido vir trabalhar. Teresa tinha dito que em breve ela voltaria e que o motivo dessa pequena licença era muito considerável. Cheguei na minha sala e a primeira coisa que fiz foi ligar para Eric, o assistente de Teresa.

– Eric, você vai trabalhar pra mim por enquanto. Pode subir.

      Sentia que o dia iria ser grande e longo.

– Chefe, estou aqui. – Eric falou quando abriu a porta.

     Olhei para o assistente de Teresa que era alto e magro em seu terno preto giz.

– Ótimo. Tem uns relatórios que eu preciso que você separe em cima da mesa e depois tem que passá-los para o computador, quando terminar pode ir.

– Ok.

     Passei a manhã cuidado de burocracias e senti falta de Teresa. Verificava meu celular a cada dez minutos a espera de alguma ligação ou uma mensagem dela, mas nada. Desci para almoçar com Victor em um restaurante perto da empresa, onde ele passou a refeição inteira falando que tinha ligado para Teresa e que ela não tinha deixado ele falar com Estefânia. Isso já estava me enchendo. De volta a empresa, subi direto para meu andar e vi Eric na antiga mesa de Teresa fazendo o que eu pedi. Abri a porta e dei de cara com Nicole encostada na minha mesa com um sorriso no rosto. Pensei em pular em seu pescoço, mas não queria platéia para isso.

– Eric, tire o dia de folga. – Falei ainda na porta.

– Mas eu ainda... – Ela tentou discutir.

– Agora!

     Nicole sorriu com a minha ordem dada ao assistente de Teresa.

– Bom garoto. – Ela zombou.

     Fechei a porta mas não me aproximei da mesa.

– Gustavo, hoje eu trouxe alguém que estava muito ansioso para te conhecer. – Ela apontou para o sofá e mesmo sem olhar sabia que era a criança.

– Querido, esse é o papai. Vá abraçá-lo.

     Olhei para o lado e vi o menino de cabelos castanhos cacheados e olhos verdes como duas bolas de gude. Ele continuou brincando com seu carrinho.

– Ele tem seus olhos.

     Não consegui desviar os olhos de meu suposto filho. Ele realmente tinha algo da família.

– Por que você o trouxe aqui? – Perguntei finalmente.

     Ela sorriu e deu uns passos a frente se aproximando de mim.

– Não queria evitar o inevitável. Gustavo, ou você vê o seu filho que é fruto do nosso amor ou eu vou embora e você nunca vai me achar outra vez.

     Mantive a pose de sério e olhei para a mulher a minha frente me perguntando onde tinha ido parar a pessoa doce que ela era. O que houve com tudo aquilo? Foi tudo uma armação? Tinha certeza de que não a amava e a cada dia que passava era mais grato a tudo o que tinha acontecido, caso contrário, não teria o prazer irritante de ter conhecido Teresa.

– Sai da minha sala. Tenho que conversar com ele sozinho. – Disse olhando para a criança.

– O nome dele é Emílio. – Ela falou passando por mim.

     Meu celular tocou e ela travou na porta, talvez pensando que fosse Teresa.

– Oi, Verônica.

     Os olhos de Nicole pareceram brilhar quando falei o nome de minha irmã.

– Você recebeu minha caixa? – Ela me perguntou.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora