Capítulo 57

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Gustavo.

Óbvio que eu saí muito puto da casa de Teresa. Claro que o fato do ex dela não estar mais lá, aliviou um pouco as coisas, mas não minimizava minha raiva. Ela não gostaria nem um pouco de ver Nicole em minha sala vestida somente com minha camisa. Entrei no carro e fui pra casa. O trânsito estava infernal esse horário, pelo vidro do carro, vi as pessoas correrem como se não pudessem parar. Merda de cidade que vivia em metáforas e hipérboles.

Depois da briga no apartamento dela, achei que Teresa ficaria brava e não nos falaríamos por algum tempo, mas o dia praticamente acabou e ela ainda não tinha dado sinal de vida. Nicole não me provocou hoje o que agradeci, porque meu humor não estava dos melhores. Claro que estranhei toda aquela quietude vindo dela. Devia estar tramando algo.

Cheguei cedo na empresa dessa vez, segundo dia sem falar com Teresa. Tudo isso estava indo longe demais. Passei pela mesa de Nicole e ela não estava. Entrei em minha sala e Cristovão já estava a minha espera.

- O que quer tão cedo em minha sala? - Perguntei rude.

Ele virou a cadeira para a porta enquanto estava entrando.

- Alguém está de mau humor.

- Cristovão, não estou afim de ouvir ladainha, vá logo ao ponto. O que quer?

Ele virou a cadeira pra mim durante meu pequeno trajeto para minha cadeira e ficou sério.

- Estava pensando... Já que você namora a fera... - Ele parecia estar procurando as certas palavras.

- Cristovão, eu já sei que Teresa tem um gênio de mil demônios, então fale logo do que se trata.

- Quero saber se você tem alguma ideia de como Teresa poderia reagir sobre o meu assunto.

- Que assunto? - Franzi o cenho.

- Eu... Andrea... sabe?

- Ah.

- O que houve, cara? Você está péssimo.

Passei a mão pelo rosto para acordar de vez.

- Não estou nos meus melhores dias, mas sobre o seu assunto acho melhor a irmã dela contar primeiro.

- É que...

- Cristovão, é das garotas Rezende que estamos falando. Eu odeio saber que existe mais uma no mundo, não no sentido ruim. Teresa sabe ser infernal quando quer, não fique pensando que só porque Andrea é mais nova que a irmã que ela não é um demônio, às vezes.

- Eu sei, ela é toda indecifrável. Às vezes parece que ela quer e às vezes não. Não quero me enrolar muito, porra, acabei de sair de um noivado do caralho, não sei se estou na vibe de algo sério. Essa mulher me deixa confuso pra caralho.

- Agora você sabe como me sinto sobre a Teresa. Só vá devagar, sem pressa.

- Valeu e resolva qual seja o seu problema com a diaba.

Acenei com a cabeça e o vi sair da minha sala. Em algum momento olhando para a porta, me perdi em pensamentos como: O que Teresa fez nesses dois dias? Por quê ela não me ligou? Não vou pedir desculpas, eu não estava errado. O caralho que ela iria me fazer me sentir culpado.

Depois de muito tempo pensando, resolvi ligar para o departamento em que ela trabalhava.

- Eric, cadê sua chefe? - Perguntei ao assistente de Teresa.

- Ela saiu com uma mulher que foi motivo de uma discussão entre ela e Estefânia. As coisas não estão nada bem aqui chefe master.

- Não diga que eu liguei.

- Pode deixar.

Saí da minha sala e desci até o T.I. Me impressionei ao ver que estava um tanto diferente da última vez que estive aqui. Alex me fez jurar que se ele se juntasse a empresa, o T.I. seria responsabilidade dele, mas não achei que ele tinha transformado o andar em uma área de recreação do Google.

- Olha quem apareceu aqui! - Alex se levantou de sua cadeira em forma de mão.

- Você não podia ter móveis normais?

- Qual é? Ela é super maneira. É a mão do Hulk. Porra, eu sento todo dia na mão do Hulk, olha a expressão dessa frase. - Ele fez piada que só ele riu. - Você queria uma boa equipe para o T.I., felizmente isso significa que nada daqueles móveis sem graças que você tem no resto da empresa ou no seu apartamento.

- Eduardo alguma coisa, o ex de Teresa. Quero saber o que ele veio fazer aqui realmente.

- Claro, mais alguma coisa?

Olhei em volta e vi mais três pessoas trabalhando no espaço.

- Quem é a garota? - Apontei para uma mulher de cabelos ondulados pretos e parecia conversar sério com alguém no celular.

Alex mudou suas feições rapidamente para zangado.

- Wow, finalmente alguma garota vai te interessar. - Me encostei na mesa atrás de mim.

- Ela trabalha aqui a mais ou menos seis meses. Anne.

- E você ainda não a chamou para sair?

- Não, ela com certeza tem namorado. Ela é inteligente e todos esses caralhos que fazem a gente ficar afim de uma mulher.

- Para de cu doce e vai chamar ela pra tomar alguma coisa, se você não fizer outro cara vai chupar a metade da sua laranja, cara.

- Por falar em metade da laranja, sua digníssima pediu a ela para fazer um trabalho. - Ele falou coçando a cabeça e com uma voz quase inaudível.

- O que?

- Você ouviu, Gustavo. Anne está fazendo um trabalho para Teresa, ela não confiou em mim para fazer a tarefa, então pediu para outro alguém e eu passei Anne.

- Você sabe do que se trata? - Perguntei desconfiado.

- Não faço idéia, Anne é boa em criptografia. Ela escreveu as informações todas criptografadas o que não me adiantou nada. Ela é perfeita.

O que Teresa poderia quer com alguém do T.I.?

- Anne? - Chamei a garota que parecia ter seus 20 anos. Ela levantou os olhos e me olhou. - Por favor, venha aqui.

Ela se levantou e, antes de vir, digitou algo no computador.

- É sempre assim. Toda vez que ela sai do lugar, ela bloqueia. - Alex disse baixo.

Anne chegou perto de mim e pude vê-la inteira agora. Estava com um vestido florido e parecia uma menina delicada.

- Teresa pediu pra você fazer um trabalho. O que é? - Ousei perguntar mesmo sabendo que ela iria contar a Teresa na primeira oportunidade.

Ela sorriu um pouco irônica e retirei a imagem de inocente e tímida que eu tinha formado em minha cabeça sobre ela.

- Senhor, me desculpe falar isso, mas eu não tenho autorização para falar dessa tarefa.

Eu era a porra do chefe nessa merda. O que eu não poderia ficar sabendo?

- Anne, talvez você não saiba quem eu sou. Gustavo...

- Lários. Eu sei senhor, mas mesmo assim não posso lhe dar a informação que deseja. Sinto muito.

Ela me deixou com Alex e voltou a fazer sua tarefa em seu computador.

- Faça o que eu lhe pedi e fique de olho nessa garota.

Alex acenou e eu peguei o elevador contrariado subindo para minha sala novamente. O que Teresa queria saber que exigia segredo? Merda.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora