Capítulo 29

256 18 12
                                    

Cinco meses depois

Teresa.

Tudo passou tão rápido que eu nem consegui acompanhar direito. Foram os cinco meses mais estranhos da minha vida. Gustavo e eu estávamos juntos, mas ainda não nos assumimos para o mundo. Preferia ficar assim do que simplesmente falar para o mundo e acabar no meio de fofocas. Ele vivia insistindo para contarmos para seus pais, que já nos pegaram em tantas situações, mas ainda não me sentia pronta pra isso. Finalmente estávamos terminando a coleção e em breve faríamos a festa, mesmo tendo nos atrasado quase um mês com os preparativos finais.

- Andrea, acorda! - Bati na porta de seu quarto. - Você vai se atrasar!

- Já acordei. - Ela abriu a porta com uma cara amassada.

Ela acabou ficando no quarto de Estefânia, já que a minha melhor amiga há dois meses tinha se mudado para o apartamento de Victor. Foi uma coisa louca, ela chorou alguns dias por não saber o que fazer, mas superou. Gustavo indiretamente tentou fazer o mesmo, mas eu sempre conseguia escapar. Eu simplesmente amava o loft e não sabia se daria certo dividirmos o mesmo teto. Era engraçado, porque ele ainda saía as escondidas daqui de casa no meio da madrugada, como se ninguém soubesse.

Depois de acordar Andrea, corri para o quarto para terminar de me trocar. Tinha que correr para a Império. Ainda precisava conferir a coleção e depois iria para o hotel com Estefânia para vermos a decoração do salão para a festa. São Paulo inteira iria aparecer. Os telões na Avenida Paulista anunciavam o evento, os blogs também.

Andrea e eu saímos de casa e nos encontramos com Estefânia no meio do caminho para seguirmos até a Império. Quando chegamos, cumprimentei todos com quem cruzei no caminho para a diretoria. Deixei Andrea na joalheria com Verônica, Estefânia na publicidade e subi direto para meu piso. Saí do elevador e vi minha mesa vazia.

A porta de Gustavo estava aberta e ele já estava lá, sentado em sua mesa imponente. Larguei minha bolsa na cadeira e corri para a sala dele.

- Oi. - Sorri entrando em sua sala.

Ele estava cada dia mais bonito. Seu terno preto estava perfeito combinando com sua camisa sem a gravata dessa vez. Estava com os primeiros botões abertos. Irresistível. Sentei em seu colo e o beijei sentindo seu membro ficar rígido com o contato da minha mão. Ouvi alguém pigarrear e rezei para que não fosse o pai de Gustavo. Ele não teria coragem de me deixar fazer essa cena na frente de seu pai. Levantei a cabeça e olhei para a porta de vidro que ia do chão até o teto. Vi Cristovão - o amigo traído de Gustavo - parado nos olhando. Não me mexi do colo dele.

- Teresa! Que surpresa te ver aqui.

- Eu trabalho aqui. - Levantei a sobrancelha para ele.

- ?

Ele indicou o lugar onde eu estava sentada no colo de Gustavo que riu ao meu lado. Olhei para ele com cara de debochada.

- Muito engraçado. - Falei sarcástica.

Conheci Cristovão pelo facetime quando estava com Gustavo. Ele e a noiva loira dele, de quem eu não gostei nem um pouco diga-se de passagem. De vez em quando ele vinha para a empresa para fazer negócios, mas nada que durasse mais que dois dias. Fiquei próxima dele sem nenhuma dificuldade, na verdade, até viramos amigos.

- Vou deixar vocês trabalharem.

Saí do colo de Gustavo depois de dar um último beijo nele e me dirigi para sair da sala.

- Sinto muito pela sua noiva. - Disse para Cristovão ao passar por ele.

Eu tinha razão em não gostar da noiva dele. Meu santo não tinha batido com aquela garota nem por reza. Gustavo dizia que era implicância minha, mas olha aí o resultado: ela tinha traído o Cristovão pouco antes do casamento deles. No final, a Teresa aqui estava certa desde o início.

Saí da sala e fui até a joalheria para conferir as peças prontas e felizmente a última peça tinha sido terminada a tempo.

- Eu quero agradecer a todos que fizeram essa coleção valer a pena. Finalmente conseguimos. - Verônica deu os parabéns a equipe. - Teresa, quero te mostrar uma coisa.

Ela saiu na frente e caminhamos até sua mesa, onde tinha uma caixinha preta de veludo. Verônica pegou a caixinha e pôs na minha mão.

- Abra!

Ela me encarava com a expectativa de uma criança prestes a ganhar seu presente de Natal. Abri a caixinha e então vi a peça que reconheceria de longe. Um anel que eu tinha desenhado há muito tempo. Tinha sido um dos meus primeiros trabalhos. A estrutura era de prata com alguns cristais e uma turmalina em forma triangular no topo.

- É um dos anéis mais bonitos que eu já vi. Foi avaliado em vinte e cinco quilates. Não resisti e tive que mandar fazê-lo.

Eu estava sem palavras. As lágrimas já pinicavam meus olhos ao tocar meu trabalho em minhas mãos.

- Ficou lindo, Verônica. Muito obrigada! - Eu a abracei emocionada. - Mas eu não sei se devo ficar com ele.

- Pode parar! Esse é seu e sou eu quem tem que agradecer, Teresa. Você tem um talento natural e exuberante. Uma coisa só sua.

Fiquei ali parada apreciando minha primeira jóia que tinha saído do papel e sorrindo boba para Verônica pensando na reação de Gustavo quando mostrasse a ele. Passei a manhã inteira trabalhando feito louca, conferindo tudo para a festa. Depois do almoço, achei que finalmente teria um tempo com Gustavo, mas para minha surpresa, Victor também estava a minha espera na sala dele.

- Teresa, precisamos conversar. - Victor me apavorou quando entrei na sala.

Me sentei na cadeira livre esperando que alguém começasse a falar. Olhei pra Gustavo que deu de ombros parecendo estar na mesma situação que eu sem saber do que se tratava. Olhei pro Victor esperando alguma manifestação da sua parte.

- Eu já estou envelhecendo nessa cadeira, Victor. Pode começar a falar.

- Eu vou pedir a mão de Estefânia em casamento.

Victor finalmente falou e eu quase não acompanhei.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora