Capítulo 53

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Gustavo.

Não posso dizer que não fiquei nervoso por Teresa não telefonar sequer uma vez no dia inteiro. Ela estava com Nicole, o que me preocupava bastante. Não pelo fato de Nicole ser louca, mas sim por Teresa poder ser mais do que ela. Então, óbvio que não consegui dar a devida atenção ao meu trabalho. Pra piorar, com o decorrer do dia, lembrei do ex de Teresa em seu loft. Imagens de um cara sem rosto vasculhando as coisas de Teresa, tocando suas calcinhas e deitando em sua cama me perturbou por alguns momentos. Apostava uma nota que era tudo culpa daquele amiguinho de Teresa, o pai dos filhos de sua amiga. Decidi ligar para o celular de Estefânia, ela iria me explicar direitinho o que esse cara tinha vindo fazer aqui.

- Acho que você errou de número. - Ela respondeu assim que atendeu minha ligação.

- Você não pode dar um tempo?

Não sabia o porquê, mas sempre estávamos nos alfinetando. Ela bufou em sinal de rendição.

- Ok, o que quer Gustavo Lários?

- Você pode vir pra minha sala, por favor?

Pedi com educação, coisa que eu não estava acostumado a fazer, não com ela. Ouvi sua risada abafada.

- Você quer que eu passe na sua sala? Só eu?

- Sim, rápido, por favor.

Esperei por alguns minutos e a filha da mãe não deu sinal. Nem quando eu era educado ela obedecia. Liguei novamente.

- Eu já estou aqui, poderoso chefão. - Ela atendeu o celular e ao mesmo tempo abriu a porta.

- Achei que teria que ir buscá-la.

Estefânia desligou o celular fechando a porta e ficando em pé.

- Eu queria testar sua paciência, saber até onde ela vai. - Ela respondeu sorrindo. - Eis a questão, o que você quer e quanto tempo vai levar?

Não podia evitar sentir uma pequena raiva, ela se parecia um pouco com Teresa nessas atitudes. Vai ver por isso eram melhores amigas.

- Quero que você responda algumas perguntas e vai levar o tempo que eu quiser.

Ela bufou.

- Então, vamos conversar. Mas, primeiro deixa eu provar um pouco das suas hospitalidades.

Ela se direcionou a mesa de bebidas perto da janela vendo o que tinha para se servir.

- Eu não te ofereci nada.

- Essa é a questão, eu não espero convites, já que eu vou ter que responder algumas questões suas, que seja apreciando um bom... RÁ! Vodca! Eu sabia que você tinha algo bom. - Ela levantou a garrafa de vodca. - Eu sempre quis beber algo da sua mesa, aqui sempre parece um bar. Eu entro e está você, Victor e Cristovão tomando whisky e eu fico me perguntando quem é que trabalha aqui?

- Senta logo.

Ela revirou os olhos, encheu um copo e se sentou.

- O que a porra do ex de Teresa está fazendo aqui?

Ela quase cuspiu a vodca rindo. Não ri, não era engraçado.

- Então foi pra isso que me chamou?

Permaneci sério e Estefânia se endireitou na cadeira.

- Ok, é sério mesmo. Ele veio sozinho e foi pro loft encontrar Teresa.

- Explica direito.

- É, ele apareceu lá dizendo que queria conversar e blábláblá e aí ele e Teresa ficaram sozinhos para conversar e relembrar os bons momentos.

Raiva. Era o que estava sentindo nesse momento. Não sabia ao certo se me arrependia de tê-la chamado aqui para esclarecer as coisas. Não queria pensar no que eles fizeram enquanto estiveram sozinhos, mas não devia ser nada grave já que Teresa tinha me prometido que não queria nem de longe algo com ele novamente. Eu não estava em muitas posições boas para dizer algo em relação a ex, já que a vadia de Nicole resolveu voltar, mas esse ex de Teresa era pior. Ele a abandonou, ele não quis vir atrás dela, agora depois de sete anos ele queria ficar com minha mulher. De jeito nenhum.

- Não se preocupe, mesmo eu gostando de Eduardo, eu prefiro mil vezes Teresa com você, caso você não a machuque. Ele era legal e tudo mais, mas quando viemos pra cá, ele nem sequer se despediu dela da forma correta, pediu pra ela ficar disse muito blábláblá. Ela sofreu pra caralho por causa dele, eu dei graças a Deus quando ela começou a sair com alguns caras, porque ele não merecia sequer uma lágrima dela.

Esse era um dos poucos momentos em que concordava com Estefânia. Ela pelo menos tinha a mesma visão que a minha. Ela que acompanhou a história deles de perto sabia que ele não foi tão bom assim pra Teresa. Por um momento, o alívio se instalou em mim.

- Ele está no loft ainda?

- Está, acho que vai ficar lá por enquanto. Andrea adorou ver ele. Gustavo, eu vou ser sincera, não sei o que Teresa sente por Eduardo, mas ela com certeza te ama. Eu não falaria isso se não fosse verdade. Ela não tem culpa dele ter voltado, não a julgue por certas coisas, eles tiveram um término conturbado e não estou dizendo que ela vai te trair nem nada, mas tenta entender o lado dela em querer acabar as coisas do jeito certo dessa vez.

Pensei no que ela falou. Não sabia se eu seria capaz de perdoar uma traição como essa. Estefânia terminou de beber a vodca, deixou o copo em minha mesa e se levantou.

- Foi bom conversar e só me telefone em casos urgentes, vou voltar a trabalhar. Tchau poderoso chefão.

- Estefânia! - A chamei antes dela sair da sala. - Obrigado por ser sincera.

Ela se surpreendeu com o que falei e apenas sorriu acenando. Depois dela sair, fiquei pensando muito sobre cada palavra dita. O que eu poderia fazer? Então, um estalo aconteceu em minha cabeça. Me levantei ajeitando meu terno, bebi um copo de whisky e fui para meu carro. Em poucos minutos estava no loft de Teresa. Saí do carro, subi de elevador até seu andar e bati na porta. Hora de conhecer o ex e ter uma conversinha.

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