Capítulo 25

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Teresa.

Foi estranho ver minha mãe depois de tanto tempo. Ainda mais estranho ter o Gustavo ali comigo. Eu não queria ir sozinha e ele era o único que poderia me acompanhar. E me acalmar. Sua presença, por mais que na maioria das vezes me deixasse sem fôlego, também me trazia controle. E tranquilidade. Fiquei com receio de que ele fosse embora quando soubesse onde estávamos, poderia dizer que não tinha motivo nenhum de estar ali, mas não. Gustavo não me deixou sozinha.

Tive receio de vir porque quando fui pro Brasil, meus pais não aceitaram tanto a minha ida. Na verdade, eles tinham medo de que acontecesse alguma coisa comigo, mas claro, teimosa do jeito que sou - igual a meu pai - não me dei por vencida e fui. Era algo que eu tinha que fazer por mim.

Entramos em casa depois que apresentei minha mãe a ele e vi que não tinha mudado tanta coisa, somente alguns móveis diferentes. Gustavo continuava com as mãos em minhas costas num apoio silencioso e isso era uma das únicas coisas que me confortava naquele momento. Fomos direto para a sala onde meu pai estava lendo o jornal. Antonio estava mexendo em seu notebook e Andrea estava na TV. Minha mãe pigarreou e todos se viraram para nós. Me senti constrangida. Meu pai fechou o jornal e se levantou com Antonio fazendo o mesmo. Já Andrea pareceu não perceber a minha presença.

- ... Eu falei que estou faminta. Cadê a mamãe? Porque ninguém nessa casa me ouve ou me responde? - Ela virou a cabeça e finalmente me viu. - Ai meu Deus, Teresa! Que saudade de você!

Andrea veio correndo me abraçar e eu retribui. Percebi que minha irmã estava pelo menos uns cinco centímetros mais alta do que eu. E olha que eu tinha um metro e setenta.

Ela me soltou e foi a vez de Antonio. Por alguma parte da família ele tinha puxado altura, porque ele era o mais alto em casa. Em seguida foi meu pai e confesso que demorei algum tempo para soltá-lo. Vi que durante todos os abraços Andrea não parava de olhar para Gustavo.

Me afastei e voltei para o lado de Gustavo. Ele com certeza estava desconfortável com esse momento família. Mas não deveria. Nunca me senti assim quando fui a casa de seus pais naquele jantar que sinceramente prefiro não lembrar.

- Gustavo, esse é meu pai Adolfo, meu irmão Antonio e essa a minha irmã, Andrea. - Apontei para cada um. - Pessoal, esse é o Gustavo, meu chef...

- Novio. - Ele falou junto comigo com um sotaque puxado do espanhol.

Senti seu braço me segurar ainda com mais força pela cintura. Ou seria posse? Os olhares da minha família foram os piores. Andrea claramente segurava a risada.

- Quer dizer que você está transando com o seu chefe? Meu Deus, Teresa você está de parabéns. Na verdade, quem está de parabéns aqui é você, chefe Gustavo. A minha irmã é um pedaço de mau caminho. - Andrea sorriu de mim para Gustavo com a malícia pingando em todo seu rosto.

- Andrea! - Minha mãe a repreendeu. Meu pai estava sério. Muito.

- Ah, mãe, ninguém aqui é mais criança. Todo mundo já transou aqui. Teresa também. A questão é que ela soube escolher.

Queria matar minha irmã como sempre, os comentários foram com certeza os piores que ela podia dar na recepção. Parecia que ela estava dizendo que eu estava me aproveitando do fato do Gustavo ser meu chefe. Mas ela sempre foi assim, falava o que vinha a cabeça sem medir as consequências.

Gustavo estendeu a mão para o meu pai decidindo ignorar o comentário da minha irmã. Deus abençoe esse homem.

- Senhor Rezende, é um prazer finalmente conhecê-lo. - Meu pai manteve o aperto de mão por alguns segundos e depois soltou.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora