Capítulo 37

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Gustavo.

Senti Teresa um pouco desanimada ao sair da casa de meus pais. Ela sabia que Victor pediria Estefânia em casamento a qualquer momento. Não via problema. Ela pediu para ir para casa dizendo que estava cansada e assim a deixei no loft me garantindo que depois me ligaria. Não sei, mas algo estranho tinha acontecido.

Minha mãe adorou o fato de pelo menos um dos filhos se casaria em sua presença. Ri internamente. Nunca pensei que Victor fosse se casar, não a essa altura, mas olha só como o mundo dava voltas. Não troquei muitas palavras com o meu pai, não estava afim de brigar, muito menos na presença de Teresa. Fazia um tempo que estávamos nessa situação. Ele insistia em dizer que eu só queria brincar com Teresa, o que não era verdade. Essa mulher me deixava louco a maioria das vezes, mas nada que um bom sexo não fizesse as coisas melhores. Parecia loucura, mas não me via mais sem ela na minha vida. Era algo quase impossível.

Ela tinha me questionado com o olhar quando soube que Verônica tinha viajado. Ainda não tinha contado que ela iria assumir um novo cargo, que eu teria que arrumar outra assistente e que não a teria em tempo integral. Eram tantas coisas na minha cabeça que acabei esquecendo.

Cheguei em casa esgotado do dia, tomei um banho e fiz algo para comer enquanto assistia um jogo na TV esperando que Teresa me ligasse antes de ir dormir. Nada veio.

No outro dia, fui recebido por aplausos na empresa. Agradeci com acenos e sorrisos. Fiz um sinal com a mão para que todos ficassem em silêncio.

- Eu quero agradecer a vocês. Sem vocês, isso não seria possível. São 150 anos de tradição e vocês fazem parte dela. Muito obrigado.

Todos voltaram a aplaudir. Andei em direção ao elevador e Silvana me chamou antes de subir.

- Senhor Lários!

- Sim, Silvana?

- Isso chegou para o senhor. - Ela me entregou uma caixa vermelha.

- Obrigado.

Entrei no elevador. Quem será que tinha mandado a caixa? Saí do elevador e vi a mesa de Teresa vazia. Ela ainda não tinha chegado. Abri a porta de minha sala, larguei minha pasta no sofá e levei a caixa até a mesa.

Parabéns.

Era o que estava escrito no cartão colado ao laço. Será que era de algum cliente? Abri a caixa e vi uma garrafa de Bourbon.

Aproveite, sei que você gosta e merece.

Nenhum remetente, deduzi que fosse Teresa ou algum amigo próximo. Eles sabiam o quanto eu amava Bourbon. Deixei a garrafa em cima do mesa de bebidas. E comecei a trabalhar.

Trabalho, trabalho e muito trabalho. Revisei os cheques das compras das jóias, mandei alguns e-mails e depois descansei um pouco. A correria iria começar daqui um tempo, queria aproveitar.

Olhei para a tela do computador a procura de Teresa em alguma das câmeras, mas nenhuma imagem dela. Vi por uma das lentes que Cristovão estava no elevador. Desliguei a tela do computador e peguei meu celular mandando mensagem para Teresa falando que queria conversar com ela.


- Cristovão, a que devo a honra? - Perguntei quando ele abriu a porta antes mesmo de se anunciar.

- Bebida. Meu apartamento ainda está cheio de caixas para desempacotar e não tive tempo para comprar nada decente para comer e muito menos beber.

Ele se serviu.

- Estou começando a achar que minha sala agora é bar. - Cristovão riu. - Aproveitando que está aqui, o que você achou da festa? Foi agradável? - Perguntei ironicamente.

Analisei sua expressão. Filho da mãe devia estar lembrando como fodeu aquela mulher, que tenho quase certeza que era Andrea.

- Ah, foi bom. Todos estavam se divertindo. - Ele respondeu vagamente.

- E a garota do bar? - Questionei com a sobrancelha levantada.

- Ah, sabe como é, né? Foi uma vez, nada que vá se repetir, a não ser que nos encontre... - Ele passou a mão em seu cabelo.

- Gustavo, eu queria saber se...

Andrea abriu a porta de uma vez e parou assim que viu quem estava comigo na sala. Por um milésimo sorri com a cena. A irmã de Teresa estava transando com o meu amigo e nenhum dos dois falaram para ninguém. O silêncio dos dois só confirmava isso. Andrea parou de falar assim que bateu o olho em Cristovão. Seus olhos arregalados mostraram a surpresa. Cristovão também olhou para ela e congelou. Se eu pudesse, eu teria tirado uma foto desse momento hilário.

- Andrea! - Chamei sua atenção e ela voltou seus olhos para mim. - Sente-se.

- Não acho uma boa ideia. Eu tenho coisas para fazer e tenho que voltar para fazer coisas que... - Ela balançou a cabeça indicando a confusão que fez.

- Sente-se!

Minha voz saiu autoritária. Ela obedeceu e se sentou. Sentia o desconforto dos dois. Queria brincar.

- Cristovão, essa é Andrea. A irmã da Teresa. - Dei ênfase na última parte. - Andrea, esse é Cristovão. Aquele meu amigo que foi traído.

Ele olhou para mim com os olhos um pouco assustados ao saber que ela era irmã da Teresa e depois voltou a olhar para ela que estava meio sem graça.

- Prazer. - Ele respondeu e ela fez o mesmo.

- Bom, eu tenho que ir. Tenho que fazer algumas coisas e a tarde mais coisas.

- Eu também.

Os dois se levantaram e saíram da sala. Liguei imediatamente a tela do computador e vi os dois quietos até o elevador chegar. Provavelmente eles acharam que eu iria escutar a discussão. Eles entraram no elevador e comecei a achar que os dois iriam realmente fingir que não se conheciam, mas Andrea, assim como a irmã, não conseguiu ficar calada e começou a falar. Ela parecia brava com algo e me diverti com a situação. Cristovão estava com cara de quem devia e com toda a cena, eu só confirmei que os dois estavam sim, transando.

Voltei a focar em alguns relatórios e vi minha agenda para a semana. Teresa chegou por volta das duas da tarde, o que me intrigou.

- Por que você chegou tão tarde?

Ela se sentou a minha frente com um notebook e uma agenda.

- Porque eu realmente estava cansada.

Sorri ao lembrar de nossa noite que parecia interminável.

- Bom, temos que fazer algumas pesquisas e ver qual vai ser o próximo tema da nova coleção e marcar reuniões. A próxima coleção deve sair mais ou menos daqui uns...

Quase não a ouvi falar. Meus olhos se concentraram em seus lábios que não paravam de se mexer, em seu corpo que estava com um vestido preto colado, em seus cabelos soltos que me fez lembrar de quando os puxei firmemente. Ah Teresa, você era um inferno mesmo.

- Você queria conversar comigo sobre o que? - Ela ergueu as sobrancelhas curiosa.

- Sobre a viagem de Verônica e sua vida.

Ela fez cara de quem estava confusa. Acho que não fazia ideia de que estava prestes a ser promovida. Meu celular tocou antes de terminar de falar. Fiz um sinal de pausa com os dedos para ela esperar.

- Alô?

Primeiro houve um silêncio e uma respiração contínua.

- Alô?

- Como é bom ouvir sua voz. Eu estava com saudade, amorzinho.

Essa voz me fez ter um calafrio. Puta que pariu!

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora