Capítulo 61

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Gustavo.

Nicole queria testar meu espírito, só podia. Fiquei contente em saber que ela tinha ficado puta com o fato de Teresa não ter se irritado nem um pouco com o vazamento das fotos, o que também me deixava louco. Teresa estava com cara de quem ia aprontar quando saiu daqui. Me sentei no sofá e abri o jornal a procura de qualquer notícia que não me envolvesse. Folheei algumas páginas, mas nada me entreteve, queria ao menos esquecer o que estava acontecendo por alguns minutos. Me levantei e andei até o vidro que me separava da cidade.

- Posso saber o porquê do meu filho não atender o celular? - A voz de minha mãe soou atrás da minha cabeça.

Me virei e a vi perto do elevador com uma cara não tão boa e com revistas em sua mão. Ah. Não. Fechei os olhos por alguns segundos me preparando pelo que estava por vir.

- Mãe...

Ela desceu os dois degraus que separava o hall da sala e colocou sua bolsa preta de couro em pé na mesa de canto.

- Imagina eu sair da minha casa esta manhã para andar e ver alguns paparazzis na frente da minha casa e uma pilha de revistas que eu sequer assino.

- Mãe, eu... - Andei em sua direção.

- Gustavo, por quê tem fotos suas e de Teresa fazendo o que deveria ser feito em particular? - Ela exigiu.

- Acho que a senhora não vai querer realmente saber.

- Bom, eu enfrentei paparazzis na entrada do seu prédio, acho que vou querer saber, até pra explicar pro seu pai que não vai ficar nada contente em saber disso. - Ela jogou as revistas na mesa de centro. Dona Elisabeth não iria deixar passar. Suspirei.

- Quer uma água?

- Querido, eu saí de casa para saber o que está acontecendo, portanto, me ofereça algo com álcool, pelo amor de Deus.

- Gin tônica? - Perguntei sorrindo com seu comportamento.

- Não, me dê whisky. Quero saber o porquê vocês homens Lários amam tanto isso.

- Tem certeza?

Ela estreitou os olhos para mim.

- Gustavo, sou sua mãe e não uma criança.

Servi um copo para ela e nos sentamos. Minha mãe olhou o líquido em seu copo e bebeu um gole.

- Que coisa horrível, por que vocês gostam disso? - Ela fez careta desaprovando.

- Nos acostumamos, eu acho.

Ela pôs o copo em cima da mesa de centro e voltou a olhar para mim.

- Me conte o que está acontecendo, sem enrolação. Vá ao ponto.

- Mãe, a verdade é que Teresa e eu queríamos assumir o relacionamento.

- Você sabe que eu sou sua mãe e como tal eu sei quando você está mentindo, fale a verdade se não quiser um puxão de orelha.

Ri com o pensamento de minha mãe fazendo isso. Seria inusitado.

- Nicole voltou.

Vi em seu rosto que ela demorou um pouco para processar o que eu tinha dito. Ela cruzou as pernas e levou sua mão até sua boca.

- Nicole... Aquela moça que namorou você e seu irmão? A que sumiu?

- Sim.

Minha mãe pegou o copo de whisky e virou de uma vez. Me assustei pois eu não conhecia essa versão dela.

- Merda, que coisa horrível! - Ela reclamou. - O que essa moça tem a ver com... Ahhh, acho que entendi. Ela quer você, certo?

- Estou surpreso com o seu rápido raciocínio. - Brinquei.

Uma almofada veio em minha direção.

- Não brinque com coisa séria, Gustavo Lários. Como Teresa está lidando com isso?

- Melhor do que eu imaginava, ela provavelmente foi resolver isso.

- Você quer dizer que ela foi ver Nicole? - Ela perguntou um pouco surpresa.

- Provavelmente.

- Você não fica preocupado?

- Mãe, eu me preocupo mais do que todos, mas confio em Teresa. Ela sabe que se precisar de mim ela pode me ligar que eu vou correndo até onde ela estiver.

- Não espere ela ligar, querido, mulheres gostam de se fazerem de difíceis. - Minha mãe se levantou e pegou a bolsa. - Tenho que ir, preciso convencer seu pai de que a empresa não vai sofrer com isso. - Ela me deu beijo no rosto.

- Mãe... Obrigado.

- Querido, às vezes você é um pouco irresponsável, mas eu te amo.

- Eu também.

A levei até o elevador e me despedi dando um beijo no seu rosto. Voltei para a sala e meu celular tocou novamente. Porra! Ninguém iria me deixar em paz.

- Quando você ia me ligar dizendo que a Nicole tinha voltado? - Verônica praticamente me deixou surdo quando atendi o telefone.

- Eu não sabia que você se importaria.

- Gustavo, é a Nicole. - Sua voz abaixou um pouco.

- Eu sei quem é, Verônica. Eu não estaria passando o que estou passando se não fosse ela.

- O que ela quer? - Minha irmã perguntou preocupada.

- A vida dela como era antes e isso nós não podemos dar.

- Eu sei, eu só... - Ouvi seu suspiro.

Minha irmã foi uma das que mais se apegou a Nicole na época. Acho que ela ainda tinha a esperança de que Nicole ainda fosse a mesma pessoa. Elas eram como irmãs e quando Nicole foi embora, Verônica ficou meio perdida.

- Verônica, ela não é a mesma pessoa e mesmo se fosse, jamais a aceitaríamos de volta. Ela se fingiu para Teresa para poder entrar aqui na empresa. Ela fingiu ser outra pessoa.

- Acho que eu vou voltar.

- Não ouse. Você tem coisas para fazer aí, deixa que das coisas daqui eu cuido.

- Como Victor ficou? Não deve ter sido fácil pra ele.

- Acredite ou não, ele não deu a mínima. Acho que o noivado realmente teve algum resultado.

- Eu estou morrendo de saudades.

- Eu também, tenho que ir. Tchau.

Quase duas da tarde e nenhuma notícia de Teresa. Peguei meu celular e decidi ligar pra ela.

- Aonde você está?

- Eu? Eu estou com uma amiga. Nós estamos meio que ocupadas agora. - Ela estava com pressa.

- Ocupadas?

Ouvi o som da respiração de Teresa e então, ouvi ao fundo algo que me assustou. Alguma criança chorando.

- Teresa, por que uma criança está chorando? Aonde você está?

- Sou eu, Gustavo. Fala oi pro papai, Emílio. - A voz de Nicole surgiu no fundo.

O que?

- Teresa? Teresa, que porra...

- Eu tenho que ir, depois eu te ligo.

- Teresa!

E então, ela desligou. Pai? Que merda foi essa?

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora