Capítulo 62

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Teresa.

- Teresa, o que você está fazendo aqui? - Nicole perguntou ainda interpretando seu papel.

- Acho que você já sabe o motivo de eu estar aqui. Quem é esse menininho? - Apertei o nariz de Emilio sorrindo como se não soubesse quem era.

- Esse é Emílio, meu... filho. Me desculpe se eu não contei eu só achei... Eu só...

Até quando ela ia manter esse papel de cínica? Eu poderia matá-la, mas não faria isso na frente de uma criança que nem sabia o que estava acontecendo.

- Eu não vim falar sobre Emílio, estou aqui para discutirmos algo além dele.

Ela fez cara de interrogação. Falsa.

- Hum, acho que você vai querer deixar o Emílio fora dessa. - Rosana falou por mim.

- Aguarde um minuto.

Nicole saiu da sala com seu filho e o levou para o quarto que era separado por uma parede da sala.

- Teresa, o que viemos fazer aqui? - Rosana perguntou fuçando em algumas coisas enquanto esperávamos Nicole voltar.

- Estamos colocando as coisas nos lugares e cortando o mal pela raiz.

Olhei em volta do espaço em que estávamos. A sala não continha muitos móveis. Um sofá de três lugares encostado na parede, uma mesa de centro e duas poltronas a frente. No canto, perto da janela, tinha uma mesa de quatro lugares, tudo muito organizado e limpo. A filha da puta devia manter tudo sobre ela embaixo do tapete para que ninguém descobrisse quem ela realmente era. Ela voltou para a sala e desta vez estava com um vestido preto e descalça.

- Então...

- Sabe Laura, eu realmente agradeci aos céus por você ter aparecido quando eu mais precisava, foi como se você estivesse a espera de um convite para se juntar a nós na Império. - Falei sorrindo olhando para as fotos em que ela aparecia com Emilio e pareciam ter sido tiradas recentemente.

- Eu que agradeço Teresa, e eu sinto muito por não ter te contado sobre Emílio. É São Paulo, eu preciso de um emprego para sustentá-lo, acho que tudo não passou de sorte.

Sorte? Ela devia ter pensado em maneiras de voltar para a vida dos Lários e eu só facilitei as coisas. Aí como eu sou burra!

- Ahhh, claro. Me diz, como você paga por esse quarto? Não querendo ofendê-la, mas o Meliá não é barato, então... - Me virei para ouvir a resposta.

Ela abriu a boca como se estivesse pensando no que falaria. Vi sua cara de sonsa e como eu sentia pena dela, pena por ela realmente achar que as armações infantis dela me separariam de Gustavo, mas a raiva conseguia ser maior. Maior que qualquer sentimento que eu pudesse nutrir por ela.

- Rosana, você pode, por favor, ver o Emílio enquanto Nicole e eu nos falamos? - Rosana acenou e saiu.

No momento em que eu cuspi seu nome de minha boca, vi seus olhos crescerem. Ela não estava assustada, talvez brava por ter sido descoberta, mas não assustada. Na verdade, acho que ela queria que eu descobrisse tudo logo para que eu perdesse a linha.

- Então você já sabe? - Ela sorriu cínica.

- Você não achou que apareceria aqui e encontraria tudo do jeito que tinha deixado, achou?

Me sentei no sofá confiante e vi suas feições de inconformidade.

- Sabe o que eu realmente acho engraçado? O tempo que você passou com Gustavo não serviu de nada, já que claramente você não o conhece.

- Eu conheço o Gustavo melhor do que ninguém. Você é só uma ex secretária que quer subir na vida e ele é o seu elevador. Eu sou a mulher que ele ama! E antes que eu me esqueça, muito obrigado por ter aquecido o meu lugar.

Ela me deu as costas. Ódio. Ódio correu em meu corpo e adrenalina me fez levantar. Andei até ela e puxei seu cabelo para mim.

- Sua vadiazinha, eu não esquentei o seu lugar. Ele nunca foi seu. Gustavo nunca te amou de verdade. Nunca. Ele era um adolescente que não sabia o que era amor e pelo jeito você se aproveitou.

- Ele me ama, aceite. - Ela riu debochada.

- Cresça, Nicole. Você não passa de uma criança que fugiu do papai e descobriu São Paulo. Aproveitou e quis tirar dois tickets premiados. Você é uma piranha.

Ela deu a volta conseguindo me alcançar, logo em seguida me dando um soco na barriga que me deixou sem ar por alguns segundos.

- Eu sou a mulher da vida dele. Eu! Sabe o Emílio? Ele é fruto do nosso amor. Ele é filho do Gustavo, Teresa. Ele é consequência das longas noites de sexo que eu e Gustavo fazíamos. Não dá pra se competir com um filho.

Olhei com estranheza para ela tentando conectar essa informação a todas as outras que eu tive acesso. Não podia ser. Emílio, filho de Gustavo. Um buraco abriu em meu peito com uma dor. Ele tinha um filho com ela. Respirei fundo e briguei com meu consciente para não derrubar sequer uma lágrima. Não podia demonstração fraqueza a ela. Não podia perder a cabeça, não podia matá-la.

Não chore, Teresa. É o que ela quer. Quer te fragilizar e dizer que você não é mulher o suficiente para estar com Gustavo. Quer te destruir de dentro pra fora. Quer acabar com seu relacionamento que você tanto lutou para estar onde está. Não entre na pilha dela. Jogue. Dê uns tapas, mas saia por cima. Não caía nessa.

- Você está certa. Eu não posso competir com um filho e se você fosse mais esperta, saberia que eu jamais pediria para ele escolher entre o filho e eu.

- Ele terá que escolher, caso contrário vou embora. Vamos ver se ele vai preferir a nova namoradinha ou o filho.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora