Capítulo 30

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Gustavo.

No momento em que as palavras saíram da boca de meu irmão, eu simplesmente desacreditei. Teresa começou a rir, o que estranhei, já que não tinha nada de engraçado.

- Você ficou louco? - Perguntei um pouco exaltado.

Teresa me olhou com um olhar de desaprovação. Não podia me calar, meu irmão queria casar. Victor também me olhou atravessado, será que eu era o único pensando aqui?

- Por quê mesmo você está me contando isso?

Teresa perguntou ignorando minha reação. Rezei para que esse fosse o momento em que ele diria que tudo não passou de uma brincadeira.

- Eu não sou a mãe dela.

- Não é, mas é como se fosse uma irmã. Você é a única pessoa que conhece ela inteiramente. Não quero assustá-la.

Revirei meus olhos.

- Você não pode estar falando sério. Victor, estamos falando de casamento.

- Gustavo, você acha que eu não sei? A questão é que desde que ela se mudou, eu não sei o que aconteceu. Eu não consigo me ver acordando sem ela. Você se vê sem a Teresa?

Me acalmei um pouco quando Victor tocou no nome de Teresa. Claro que eu não me via mais sem ela, mas casar agora? Teresa me olhou esperando uma resposta.

- Não estamos falando sobre mim aqui.

- Eu quero. E quero algo surpreendente pra ela. - Victor voltou a olhar pra Teresa.

- Pra começar, acredite quando eu digo que realmente não sei qual vai ser a resposta dela, nós nunca tivemos planos de casar.

Realmente senti uma entonação mais forte quando ela disse que não tinha planos de se casar. Devo ficar contente com isso?

- Mas se você quiser algo especial, dê isso. - Ela retirou uma caixa aveludada do bolso de seu terninho. - É único e exclusivo.

Ela abriu a caixa e vi um anel que não era da nossa coleção. Na verdade, nunca tinha visto. Era incrível. De onde tinha surgido?

- Ela vai amar. Faça algo simples.

Teresa se levantou e me olhou de um jeito que me arrepiei. Seu olhar falava volumes sobre muitas coisas. Casamento. Nós. Futuro.

- Agora eu tenho que ir. Tenho algumas coisas para resolver. Tchau garotos.

Ela saiu e nos deixou a sós. Victor afrouxou o nó da gravata e relaxou na cadeira. Continuei o encarando sério.

- Eu não vou discutir isso com você. É minha escolha e você tem que respeitar.

Peguei a caneta e fiquei balançando enquanto tentava entender o que se passava na cabeça dele para querer se casar.

- Mas eu só...

- Não vem com essa pra cima de mim, Gustavo. Você entende. Eu sei que sim. Sei que você gosta de Teresa do mesmo jeito que eu gosto de Estefânia, se não mais. - Ele se levantou abotoando o terno indo em direção a porta. - Será que no fundo você também não quer ficar com ela?

Victor saiu da sala me deixando pensativo. Eu já estava com Teresa. Não formalmente como deveria, mas estávamos juntos. Era o suficiente? Talvez. Voltei a pensar no olhar que Teresa tinha me dado antes de sair e no anel desconhecido. De onde veio? A única que poderia me dizer era Verônica. Saí da sala e não avistei Teresa na sua mesa. Deveria estar na joalheria. Fui a passos largos até a sala de Verônica para tentar tirar minha dúvida.

- O que quer aqui, Gustavo?

Minha irmã foi doce igual uma torta de limão assim que entrei na sua sala. Ela se virou para mim impaciente.

- Você fez algum anel que não foi para a coleção?

- Por quê?

Minha irmã nunca foi difícil de lidar, mas de uns tempos pra cá, alguma coisa mudou. Parece que tinha se tornado uma mulher de verdade, como se não fosse só minha irmã. Tinha algo a mais.

- Talvez porque eu tenha achado o seu trabalho incrível num anel que vi.

Ela abriu a gaveta de sua mesa e retirou um papel.

- Esse? - Ela abriu a folha e me mostrou o croqui da jóia que vi. - Não é lindo? - A fascinação em sua voz era palpável.

- É lindo sim. - Admirei o croqui. Mas ainda queria entender porque estava nas mãos de Teresa.

- Não sou a autora desse trabalho, Gustavo.

Verônica confessou ainda com os olhos na folha. Franzi a testa curioso.

- De quem é?

- Da Teresa.

Claro que tinha dedo dela ali. Mas porque ela não tinha me contado? Era uma joia linda. Agora sim tinha entendido o motivo de Teresa querer que Victor desse aquela joia a Estefânia. Era como um presente dela.

- Obrigado. - Devolvi a folha a Verônica e me virei para sair.

- Gustavo, Teresa deveria assumir o meu cargo.

Me virei para ela novamente e a questionei com o olhar.

- O que quer dizer?

- Eu vou viajar.

- E você só pensou em me falar isso agora? Você é nossa única designer. Não pode abandonar a empresa.

Ela só podia estar brincando. Eu não posso lidar com birras a essa altura do campeonato. Verônica se levantou e contornou a mesa se encostando nela.

- Não sou mais a única. - Ela apontou para o desenho de Teresa. - Gustavo, eu quero saber mais, viver mais. Eu quero me encontrar. Teresa tem muito talento, já é formada e em algum momento vai ter que colocar o seu conhecimento em prática. Só estou fazendo o inevitável. Eu tenho que saber o que a vida quer de mim. Você já está no caminho, eu nem cheguei na estrada.

Verônica me abraçou apertado e quando nos soltamos, ela enxugou as poucas lágrimas que desceram pelo seu rosto limpo. Ela enlaçou seu braço ao meu e andamos até o elevador. Estava tentando processar tudo o que ela havia me dito até agora.

- Isso tem a ver com aquele sujeito que você conheceu? - Perguntei me lembrando de tal informação que recebi de Juju.

- Como você sabe que eu conheci alguém? - Ela me olhou incrédula.

- Compartilhamos a mesma irmã, lembra?

Verônica sorriu por alguns instantes mas voltou a ficar séria. Chegamos ao térreo onde ela iria descer.

- Eu parto amanhã. Conte logo a Teresa sobre as novidades e Gustavo, não perca mais tempo.

- Que tempo? - Perguntei confuso.

- Gustavo, Teresa é uma mulher incrível. Não só fisicamente. Ela chama a atenção de qualquer homem. E basta alguns minutos com ela pra saber que ela não é como qualquer outra. Aja antes que alguém faça por você.

Verônica saiu da empresa sem me deixar responder. Voltei para a minha sala com muitos pensamentos em volta da minha cabeça. É claro que sabia que Teresa não era como nenhuma outra mulher e sabia o quanto era incrível. Será que eu deveria dar mais um passo em nosso relacionamento?

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora