Capítulo 12

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Teresa.

O filho da mãe marcou outra reunião com o conselho sobre a nova coleção. Eu já estava preocupada, metade de um mês se passou e nada sobre a nova coleção tinha vazado. Era preocupante. Já na sala, me sentei no meu rotineiro lugar e escrevi tudo o que Gustavo falava. Parecia tudo importante.

- Eu ouvi rumores de que alguns funcionários estariam estranhando o andamento da coleção, mas eu tenho um motivo. Daqui a cinco meses a Império completará 150 anos... - Ele continuava falando.

Eu não tinha a mínima ideia de que a empresa era tão antiga assim. 150 anos era muito tempo, muitas gerações de Lários.

- E então quero que a coleção seja lançada no aniversário da empresa, mas eu não quero qualquer evento. Eu quero algo que faça as pessoas lembrarem a importância da Império em suas vidas. Alguma ideia?

Anotando tudo não pude reparar que todos também faziam seus trabalhos discutindo antes de dar um palpite. E olha que o conselho era só a família.

- Um baile anual. - Estefânia opinou.

- Como? - Gustavo perguntou como se não estivesse levando a sério.

Ela riu. Estefânia era a das poucas pessoas que não se intimidava com o jeito durão de Gustavo, mesmo ele sendo o chefão.

- Se tem uma coisa que essa cidade adora é um evento, tudo é desculpa para aparecer e comprar. É o que nós precisamos, é claro. Vamos dar um evento anual que marque não só os 150 anos da empresa, mas também todos os anos que ainda virão. Um baile lembrará a cidade da importância da Império em sua vida.

Não vou mentir, até eu me espantei quando Estefânia começou a falar. Mas, a sua idéia era a melhor ouvida até agora e tinha fundamento. Reparei em Gustavo por alguns segundos e vi que ele parecia pensar muito sobre a proposta e parecia até surpreso.

- Eu gostei da ideia, muito bem, senhorita Gamboa.

- Sou paga pra isso. - E como sempre, ela não perdia a chance de alfinetar. Estreitei os olhos pra ela em sinal de cuidado.

- Ótimo. Verônica, quero ideias até o final da semana, até lá todos continuem com seus trabalhos.

- Sim, senhor. - Verônica sorriu e fechou seu croqui.

Depois da reunião, o dia passou voando. A empresa estava super empenhada em organizar esse baile anual. Não sei por qual milagre Estefânia resolveu voltar para casa comigo ao invés de dormir com Victor, mas agradeci. Eu estava sentindo sua falta. Na calçada do loft, ela e eu estávamos conversando quando Flávio, o namorado de Cecília, esbarrou em mim e nem pediu desculpas.

- Algo aconteceu. - Estefânia falou preocupada.

Entramos as pressas em casa e Cecília estava aos prantos no sofá. Larguei minhas coisas no chão e fui ao seu encontro, enquanto Estefânia fechava a porta.

- O que houve? - Perguntei enxugando suas lágrimas.

- Acabou. - Ela falou em meio as lágrimas. - Acabou tudo.

Ficamos quase meia hora tentando acalmá-la para entendermos o que de fato tinha acontecido. Quando ela finalmente se acalmou, dormiu no sofá, então decidi não acordá-la. O que tivesse acontecido eu poderia saber depois.

No outro dia, acordei as pressas e corri para a empresa. O dia, mais uma vez, não passou de correria. Passei boa parte do tempo no ateliê de Verônica vendo suas técnicas e trabalhando com os lapidadores. Na hora do almoço, enquanto todos saíram, fiquei admirando algumas pedras e me inspirei para alguns croquis. Saí mais cedo, pois Gustavo tinha uma reunião fora da empresa e eu não seria mãos úteis. Aproveitei e fui conversar com Cecília sobre o seu término.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora