Teresa.
Gustavo ficou estranho ao atender a ligação. Seu rosto ficou tenso de repente e ele parecia irritado. Ele desligou o celular e permaneceu em silêncio. Encarei-o para ver alguma reação, mas nada parecia bem.
- Gustavo, está tudo bem? - Perguntei preocupada.
Ele não respondeu. Parecia perdido.
- Gustavo? Você está me ouvindo?
Sem resposta.
- Teresa, chame meu irmão. Agora!
Seu tom não foi nada agradável comigo. Era como se tudo voltasse a sete meses atrás. Me levantei e fui ligar diretamente para Victor.
- O que ele quer? - Victor perguntou rindo.
- Victor, é sério. Ele recebeu uma ligação e ficou sério. Ele está te chamando.- Estou indo.
Desliguei o telefone me sentando em minha cadeira e pensando em algumas coisas, mas nada tinha nexo. Victor passou por mim sem ao menos fazer uma gracinha, que não acontecia geralmente, o que também indicava que o assunto era sério. Estefânia estava atrás dele.
- O que aconteceu? - Ela me perguntou assustada.
- Não faço a mínima idéia, mas foi algo grave.
Meu celular tocou, me tirando de meus devaneios. Antes de responder, a voz de Cecília soou no alto falante.
- TERESA, VAI NASCER!
Demorei alguns segundos para raciocinar o que ela realmente queria dizer. Os bebês iam nascer.
- Você já está no hospital? - Perguntei pegando minha bolsa apressada.
- Sim! Vem logo.
Ouvi um gemido abafado de Cecília e desliguei o celular sem responder. Puxei o braço de Estefânia para o elevador.
- Quem está no hospital? - Ela perguntou meio agitada.
- Cecília.
Não precisei dizer mais nada. Fomos as pressas para o hospital e, no meio do caminho, tentei ligar pro Gustavo, mas o telefone estava desligado. O que quer que tenha acontecido com o telefonema que tinha recebido, tinha deixado até Victor preocupado.
Chegamos no hospital a procura de informações. Parei na recepção e pedi por Cecília. A moça me disse que ela ainda estava na sala de parto. Por ser gêmeos, Cecília teve que fazer uma cesária. Ficamos na sala de espera até que nos avisaram que ela já estava no quarto. Quando chegamos, vimos Cecília com um dos bebês no colo.
- Cecília. - Sussurrei ao vê-la sorrindo para o pacotinho precioso.
- Ceci, que linda. - Estefânia sussurrou meio babona.
- Essa é Amélia. Diz oi para as titias, Amélia. - Cecília pegou a mão pequena da recém nascida e acenou para nós.
Minutos depois a enfermeira trouxe outro bebê em um carrinho.
- Ele está pronto agora. - A enfermeira morena falou e saiu do quarto logo em seguida.
Apreciamos o outro bebê que tinha chegado.
- Meninas, esse é o Arthur.
Cecília deixou as lágrimas escorrerem. Nunca a tinha visto tão feliz. Depois de amamentar, os bebês dormiram e finalmente pudemos conversar.
- Sinto muito não termos chegado a tempo. - Estefânia falou confortando-a. - Não queríamos que você passasse por isso sozinha.
Cecília passou as mãos pelos cabelos e respirou cansada. Logo tínhamos que deixá-la descansar. Estefânia sentou na beira da cama e eu puxei a poltrona bege para mais perto.
- Não se preocupem, eu não estava sozinha. O André estava comigo.
Alívio inundou meu sistema quando ouvi a porta do quarto se abrir e André surgir. Eu sabia que a minha amiga teria o apoio dele com os bebês. Ele era uma boa pessoa, afinal.
-
Gustavo.
- Ela voltou! - Falei assim que meu irmão entrou na sala.
- Quem voltou? - Ele perguntou confuso.
Minha cara não era das melhores. Acho que em todo o ano, essa era a pior notícia que poderia ter. A filha da puta estava de volta. Meu irmão me olhou por alguns segundos e deu um palpite.
- Nicole?
Fiz que sim com a cabeça. Como pode? Depois de dois anos ela querer voltar como se nada tivesse acontecido? Ela não tinha esse direito.
- Ela me ligou.
Tentei conciliar meus pensamentos que estavam completamente fora de ordem. Meu irmão foi até a mesa de bebidas e pedi para que ele me trouxesse um copo, realmente estava precisando.
- Garrafa nova? - Ele perguntou já abrindo.
- Não bebe! Foi dado por ela.Agora estava tudo se conectando. Mas, o que ela ganharia com isso? Victor pegou outra garrafa de Bourbon e nos serviu.
- Gustavo, esqueça essa mulher. Ela tem que morrer para nós.
- Acredite, Victor. A última coisa que quero é tê-la de volta em minha vida. - Virei o copo do líquido marrom. - Em nossas vidas. - Corrigi.
Conversamos sobre várias possibilidades de reaparecimento daquela maldita, mas sabíamos que ela nos surpreenderia como sempre. Liguei para nosso chefe de T.I, Alex, o mesmo que me ajudou a apagar todos os rastros das minhas fotos com Teresa em público.
- Alex, quero que você encontre Nicole Escobar. Qualquer registro nessa semana e entrada no país.
- Pode deixar. - Ele desligou e eu encarei Victor.
- Calma, Gustavo. Ela não vai fazer mal a ninguém. Ela só é louca.
Automaticamente pensei em Teresa. Me levantei as pressas da cadeira e fui até a porta que estava fechada. Abri de supetão e encontrei sua mesa vazia. Porra. Por quê ela tinha que sair? Tirei meu celular do bolso da calça e liguei para seu. Chamava até cair na caixa postal.
- Onde está Estefânia? - Perguntei a Victor.
- Ela estava atrás de mim. Deve estar com a Teresa por aí.
- Liga pra ela.
Victor fez o mesmo que eu e ligou para Estefânia. O celular de Teresa ainda chamava até cair. Victor negou com a cabeça também ficando preocupado em não alcançar a noiva. Sentei em minha cadeira e abri o rastreador no computador digitando o número de Teresa. O resultado apontou o endereço do hospital.
Milhões de coisas passaram por minha cabeça. Uma dor aguda atingiu meu coração. Não iria me perdoar se algo tivesse acontecido com ela, nem a Estefânia. As duas não tinham nada a ver com isso. Me levantei puxando Victor comigo.
- Ela está no hospital.
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Um Inferno Irresistível
FanfictionTeresa Rezende é uma jovem mexicana que veio ao Brasil para estudar design. Morando em São Paulo e dividindo um loft com mais duas amigas, ela ama seu trabalho, mas sonha em ter uma melhor posição na empresa que estagia. Gustavo Lários, é o CEO dest...