Capítulo 28

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Gustavo.

Depois de toda a despedida da família Rezende, voltamos para o hotel. Estranhei Teresa não ter falado nada o caminho inteiro. Andrea também estava calada. Nosso voo estava marcado para às duas da tarde, tínhamos menos de três para nos arrumar. Passamos pelo hall de entrada e subimos direto para os quartos. Me decepcionei um pouco ao ver que Teresa e Andrea entraram no quarto de Teresa, então tive que fazer o mesmo e entrei no meu. Me deitei na cama e apenas fiquei encarando o teto. Tentava entender o que tinha acontecido desde o minuto em que tinha pisado na casa da família dela. Pelo menos, essa visita me trouxe a coisa boa de poder ter a Teresa novamente em meus braços gemendo meu nome.

Alguém bateu na porta do quarto e pensei em ser Teresa. Abri a porta e dei de cara com Victor.

- Cara, o que foi aconteceu? Por quê você não atendeu o celular? Eu já estava achando que a diaba tinha te sequestrado. - Victor entrou sem ser convidado.

Como se estivéssemos em casa, ele se sentou na mesa do quarto depois de se servir do meu frigobar. Me sentei na cadeira da frente, mas permaneci na água. Queria estar totalmente sóbrio para digerir tudo que estava por vir. Victor ainda estava bebendo.

- Você não está entendendo o que aconteceu! Foi completamente estranho e cara... sei lá.

Ele estava agitado e completamente estranho. Não conseguia terminar uma frase. Nunca tinha o visto assim. Estefânia era uma cretina comigo às vezes, mas fazia algo com Victor que era inacreditável.

- Ela só tem a mãe e o irmão...

Ele começou a falar e não parou mais. Em algum momento, eu que parei de escutar.

- Eu conheci a família de Teresa. - Falei no meio seu monólogo.

Na mesma hora, Victor parou de falar e começou a me encarar de um jeito estranho.

- Caralho, como assim? Achei que você fosse o amigo aqui e não o namorado.

Expliquei para ele tudo o que tinha rolado em uma noite completamente estranha e sem nexo, mas que tinha gostado. Ele, claro, ficou surpreso a cada palavra minha.

As horas passaram voando, cada um em seu quarto arrumando suas malas. Não tinha visto Teresa desde que tinha se trancado com a irmã em seu quarto e eu já estava ficando agoniado. Queria vê-la, falar com ela. Na hora de partimos, chegamos atrasados no aeroporto por causa do trânsito, mas partimos em tempo.

- Meu Deus, isso aqui é de quem? - Andrea perguntou ao entrar no jatinho para ninguém em específico.

Na verdade, ela se impressionou com cada espaço em que entrava assim como a irmã. As malas foram colocadas no bagageiro como da última vez. Victor se sentou com Estefânia na mesa e começaram a trabalhar. Andrea parecia fazer o mesmo, depois de passar quase uma hora analisando cada espaço, ela apenas se sentou na mesa, abriu o seu notebook e se entreteu. Teresa tinha sumido assim que entrou no avião. Fui para o quarto precisando realmente descansar. Teresa não deixou que eu recuperasse as energias na noite passada, então queria fazer isso agora.

Entrei no quarto e vi Teresa deitada com fones de ouvindo e os olhos fechados. Fechei a porta feliz de saber que ela estava ali. Tirei minha camisa e calça enquanto me dirigia até a cama. Quando me sentei, ela abriu os olhos sentindo minha presença e imediatamente tirou os fones.

- Oi. - Teresa disse timidamente.

Eu gostava desses momentos em que ela não era uma mulher enviada pelo diabo. Adorava quando ela baixava a guarda e me deixava entrar. Eram poucos os momentos, mas aproveitava cada um deles quando apareciam.

- Não tivemos tempo de conversar.

Ela virou o corpo para mim e deu um sorrisinho.

- Não, não tivemos. - Ela concordou. - Isso não me é estranho. - Não entendi o suspiro que se seguiu depois do que foi dito.

- O que?

- Eu já tive um relacionamento em que quase não falava com ele e foi péssimo, não quero isso acontecendo. Vamos conversar.

Fiz uma careta. Era inevitável cada vez que ouvia alguém falando de ex da Teresa.

- Vamos conversar, mas não sobre os seus ex. - Teresa riu. - Como foi com o seu pai? - Perguntei sobre o que mais estava me deixando preocupado desde quando acordei. - Você demorou um pouco para sair da sala dele e quando fez, não estava lá com as melhores expressões que se espera de uma filha que não via o pai há um bom tempo.

Ela mordeu o lábio antes de responder e isso me deixou ainda mais preocupado.

- Meu pai questionou meus interesses no nosso namoro falso.

Tentei ignorar o desapontamento que senti no peito ao ouvir o que ela tinha dito.

- Mas expliquei a ele que não foi nada planejado, o que é verdade. Apenas aconteceu.

Um silêncio se instalou no quarto, mas nada que nos deixasse desconfortáveis.

- O Antonio vai ser pai. - Teresa mudou de assunto.

- Isso é bom. - Ela me encarou.

- Bom? Você nunca falou que filhos seria bom.

- Não tenho uma opinião formada sobre o assunto. Às vezes eu quero, às vezes não. E você?

- Acho que a mesma coisa. - Ela deu de ombros.

Na verdade, eu já tinha pensado em crianças, mas não em uma mãe para eles especificamente. Mas sabia que de agora em diante, Teresa protagonizaria esse papel em qualquer fantasia que pudesse surgir na minha cabeça.

Fechei os olhos por um momento e pude ver uma criança loirinha correndo pelo meu apartamento idêntica a Teresa. Suspirei.

- Estou cansada, Gustavo. Cansada de tanta coisa.

Abri os olhos e vi Teresa de olhos fechados angustiada e uma lágrima escorreu de seus olhos. Não sabia o que dizer a ela. A única coisa que poderia fazer para confortá-la, era estar perto dela como um apoio silencioso. Então, puxei sua cintura para perto de mim e ela se aconchegou em meu peito. Dei um beijo em sua cabeça.

- Eu estou aqui com você. - Sussurrei perto do seu ouvido e ela suspirou acenando.

Voltamos a ficar em silêncio e acabamos adormecendo.

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora