Gustavo.
Desde o café tive que aguentar Victor e Estefânia se comendo na minha frente. Provocação o suficiente, já que tive que me segurar a noite inteira para não pular em Teresa e fazer tudo o que estava em meus pensamentos desde que embarcamos. Só de pensar nela naquela camisola, me dava arrepios. Ou quando ela parecia perdida quando eu saí do banho. O pior foi no meio da madrugada, quando ela se enrolou inteira em mim e eu tive que pensar em algo terrível para meu sangue gelar antes de acordá-la e fazê-la minha novamente. Abstinência. Isso era horrível. Depois do café, estávamos finalmente chegando. Reparei em Teresa e vi algo como receio em seu rosto.
Quando finalmente aterrissamos, dois carros estavam a nossa espera quando saímos do aeroporto. Teresa me acompanhou em um enquanto Estefânia e Victor foram no outro. No carro, ela parecia perdida observando as ruas com um sentimento nostálgico. Seu celular tocou a tirando de seus pensamentos.
- ¿Hola? - Ela atendeu e logo suas feições mudaram para algo como surpresa. - Eu estou bem, sim. Em breve irei vê-la. Adiós.
Teresa desligou e eu não pude deixar de olhar para ela enquanto guardava o celular que estava em suas mãos.
- Você está bem? - Perguntei preocupado.
- Sim.
Foi a única coisa que ela disse. O percurso até o hotel foi quieto e quente. Justo nesse dia, o sol estava brilhantemente quente no México. Ao chegarmos no hotel, Teresa se dirigiu a recepção e deu nossas informações. Antes de virmos, chequei todas as nossas acomodações em todos os lugares que passaríamos. Ela havia reservado três quartos em todos os hotéis. Fiz os cálculos em minha cabeça e não foi difícil adivinhar que ela dormiria em um, eu em outro e Estefânia e Victor no terceiro.
Depois de alguns minutos conversando com a recepcionista em um perfeito espanhol, ela voltou para nós entregando os cartões-chaves.
- Temos uma reunião de negócios pela tarde com os fornecedores. Ainda é cedo, podemos descansar mais um pouco.
Entramos no elevador e ela apertou o botão do sétimo andar. Ela estava quieta e evitando contato. Estava nervosa com alguma coisa mas eu nem sabia o que era. Talvez por conta do telefonema do carro. Queria muito saber quem era. Saímos no andar e fomos até o final do corredor.
- Estes são os quartos. Victor e Estefânia, quero vocês na reunião para vocês saberem como selecionamos as pedras. Não se atrasem. Principalmente você. - Ela se virou para mim dando ordens parecendo a chefe. - A reunião será em uma sala no térreo.
Teresa entrou no quarto e fechou a porta sem nenhuma outra palavra. Fiquei parado olhando para meu irmão que tinha a mesma expressão que a minha.
- É falta de sexo. Vocês têm que transar, sério. Ela está virando o demônio.
Estefânia deu um tapa no ombro dele e eu ri com o comentário. Entrei no meu quarto, coloquei minha pasta em cima da cama e fui direto para o banho. Enquanto a água caia em mim, pensei no motivo da Teresa estar tão nervosa e um motivo para me manter longe dela. Tudo parecia estar tão difícil. Estava em um dilema entre manter distância e procurar saber o que estava acontecendo com ela. Não era algo relacionado a nós, eu sabia disso. Era algo mais profundo. Me enrolei em uma toalha e me deitei na cama sem ao menos trocar de roupa.
Era a segunda vez que o relógio despertava me dando vontade de jogá-lo na parede. Estava pensando seriamente em permanecer confortavelmente embaixo do edredom e deixar que o mundo explodisse.
- Droga, a reunião. - Rosnei para o alto.
Eram duas horas da tarde. Como consegui dormir isso tudo? Se eu me atrasasse, Teresa era capaz de me matar já que quem fecharia o acordo de negócios seria eu. E ela já estava mandona o suficiente para aguentar mais um ataque de histeria no ouvido. Me vesti rapidamente e saí do quarto. Ninguém estava no corredor. Apertei os botões dos dois elevadores e rezei para que chegassem logo. Cheguei na recepção já era quase a hora.
- Por favor, onde é a sala que foi reservada para a reunião? - Perguntei para a recepcionista com meu espanhol enferrujado.
Ela perguntou meu nome e me deu as instruções para a sala reservada. Quando cheguei, todos já estavam sentados conversando.
- Sinto muito pelo atraso, estava resolvendo coisas. - Menti descaradamente.
- Hasta que por fin.
Teresa disse assim que me sentei e percebi que estava brava. Via em seus olhos. Mas estava maravilhosa num vestido azul marinho e muito, muito cheirosa. Seu perfume suave e marcante me fazia querer enterrar meu rosto em seu pescoço e passear meus dedos pelos fios de seus cabelos dourados. E ela não tinha a menor noção que estava me provocando essa reação. Era mesmo um demônio em forma de mulher.
A reunião foi como qualquer outra. Discutimos preços, pedras, procedência... Teresa analisou todas as pedras dos dois fornecedores e, ao final, fechamos um acordo com um.
- São turmalinas preciosas. - Teresa admirava novamente a pedra parecendo uma criança. - Vão ficar lindas!
Guardamos as pedras na maleta com senha e fomos almoçar no restaurante do hotel os quatro.
- Eu vou querer o arroz doce e uma tequila. - Estefânia pediu ao garçom.
- Pra mim também. - Teresa se manifestou. Ela já estava fora da sua forma de secretária.
- Tequila? É boa? - Perguntei curioso.
- É uma bebida maravilhosa, experimentem. - Estefânia respondeu.
Teresa chamou o garçom e pediu mais quatro shots de tequila.
- Hoje vocês vão experimentar nossa especialidade. Quase todos os mexicanos tomam pura, mas tomamos com sal e limão. - Teresa me deu o copo pequeno e nos mostrou como se tomava.
Era uma bebida forte e com a combinação do sal e limão, deixava ainda mais marcante. Almoçamos entre shots e conversas com Estefânia e Teresa comentando sobre histórias da cidade. Teresa tinha nascido aqui, mas tinha ido morar em São Paulo para estudar.
Depois de muito tempo, Victor e Estefânia subiram para o quarto. Não precisava dizer o que iriam fazer, né? Permaneci com Teresa no restaurante depois de ver que ela tinha tomado vários shots de tequila e já estava tonta. Claro que iria cuidar dela.
- Vamos. Amanhã vai ser um longo dia. - Peguei sua mão e a puxei até o elevador.
- Esse lugar me lembra coisas. - Ela disse com a voz arrastada e manhosa me olhando pelo espelho.
- A mim também. - Sorri com a lembrança do nosso primeiro beijo.
As portas se abriram no nosso andar e a puxei novamente pela mão para saírmos. Teresa me empurrou para a parede e começou a abrir minha camisa. Quero dizer, tentar abrir, já que claramente estava tomada pelo álcool e seus movimentos estavam um tanto quanto incertos.
- Ahh, Gustavo... Você podia entrar comigo, né? - Ela falou quase me beijando.
Merda. Seu perfume, sua pele, sua boca me desconcentravam completamente. Fomos andando aos poucos até chegarmos ao seu quarto. Ela abriu a porta e se virou para mim e puta que pariu, seus olhos cor de mel gritavam luxúria. Ou seria embriaguez?
- Eu quero você. - Ela sussurrou trilhando beijos pelo meu peito até minha orelha.
- Teresa, para! Você está bêbada e não vai lembrar de nada pela manhã. - Ela sorriu.
- Essa é a melhor parte.
- Não. Não vou me aproveitar de você. Quando transarmos, quero que você se lembre de cada momento nos meus braços. Venha. - Peguei-a no colo e a deitei na cama tirando seus saltos para dá-la mais conforto.
- Você é mau. - Ela fez um beicinho lindo como uma criança. Era adorável.
- Você é mais. - Em poucos segundos ela fechou os olhos e adormeceu. - E eu te quero também. Você não imagina o quanto.
Sussurrei em seu ouvido e permaneci um pouco mais observando-a dormir. Tão linda. Não sabia como essa mulher poderia mexer tanto comigo. Seu jeito, seu corpo, sua voz. A forma como ela era uma mulher, mas ao mesmo tempo podia parecer uma menina descobrindo o mundo. Teresa se encantava com simples detalhes e isso me fascinava. Dei um beijo em sua testa, aproveitando para alisar seu rosto sem medo de ter meu dedo arrancado, saí de seu quarto e fui para o meu.
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Um Inferno Irresistível
FanfictionTeresa Rezende é uma jovem mexicana que veio ao Brasil para estudar design. Morando em São Paulo e dividindo um loft com mais duas amigas, ela ama seu trabalho, mas sonha em ter uma melhor posição na empresa que estagia. Gustavo Lários, é o CEO dest...