Gustavo.
– Fala logo, o que você fez com ela? – Perguntei pela milésima vez a Victor que não saia do meu apartamento desde que Estefânia não saia do loft de Teresa.
– Eu não fiz nada, que caralho! – Ele responde impaciente. – Ela não apareceu em casa. Eu liguei, ela não atendeu. Liguei de novo, não atendeu de novo, depois eu liguei para Teresa e ela disse que Estefânia ficaria bem e que precisava de uns dias para espairecer.
Me sentei no sofá ao lado dele entregando um copo de água.
– Água? De novo? Gustavo, cadê as bebidas interessantes? – Ele colocou o copo em cima da mesa de centro quase quebrando.
– Eu estou dando um tempo com as bebidas, você também devia.
Ele me olhou como se eu tivesse dito algo extraordinário e totalmente inovador.
– O caralho que eu ouvi você dizer isso! Isso tem cheiro da Teresa. Foi ela que disse pra você parar de beber? Caso contrario, ela te levaria pra uma reunião dos alcoólicos anônimos? – Meu irmão falou com um certo tom de irritação em sua voz. – Quer saber? Talvez ela tenha razão, certo? Você não para de beber, mas você achar que eu também tenho que parar é um tanto demais, não acha?
Me levantei um pouco bravo com que meu irmão tinha acabado de dizer, mas não era culpa dele. O imbecil estava puto com que estava acontecendo com Estefânia e Teresa não me dizia o que estava acontecendo com a amiga para que eu pudesse acalmá-lo desse lado, então tinha que aguentar o idiota falando coisas que achava que ele não queria realmente falar.
– Ok, presta atenção. Você é meu irmão e eu vou ter que te aguentar o resto da minha vida, mas você está na minha casa, o mínimo que você pode fazer agora é tomar a porra da água e se acalmar, caso contrário eu vou mandar você embora e você vai morrer de tanto beber em um bar qualquer e ai Estefânia não vai te aceitar de volta. – Victor me olhou com cara de bunda.
– Desculpa, eu passei dos limites, é que eu... – Ele esfregou as mãos em seu rosto como se estivesse acordando ou nervoso.
– Eu sei. Há duas semanas você não fala e nem a vê. Eu meio que sei o que é isso, estou o mesmo tempo sem Teresa, então vamos ocupar a cabeça falando de... Talvez eu tenha um filho.
Meu irmão levantou a cabeça e fez uma cara de "que porra você falou?"
– Essa foi minha cara, depois Teresa apareceu e ai nós transamos e ela foi fazer o exame de DNA.
– Eu não quero ouvir de você e Teresa transando, isso é nojento na minha cabeça.
– Bom, eu tive que ouvir você e Estefânia transando no jatinho, então...
Victor sorriu por alguns segundos e se levantou indo pra cozinha. Esperava que ele não tivesse quebrado nada por lá. Em instantes, ele voltou com dois copos na mão que não se pareciam nada com whisky.
– Não se preocupe, é coca. – Ele me deu um copo e voltou a sentar no sofá. – Cara, sexo nas alturas é do caralho. Você devia fazer, sério. Mas me conta, que porra é essa de filho?
Bebi o líquido do meu copo e me perguntei quando foi a última vez que realmente bebi refrigerante. Coloquei o copo na mesa de centro e me sentei no sofá.
– Vamos lá. Nicole apareceu e fodeu com tudo.
– Ela é especialista nisso.
– Teresa foi fazer sei lá o que com ela e eu liguei na hora errada e Nicole jogou a bomba dizendo que eu era pai.
Victor manteve uma expressão de espanto enquanto contava a ele como minha vida tinha virado um caos.
– E você já viu a criança? – Meu irmão perguntou.
– Não. Teresa e eu concordamos em fazer o teste de DNA primeiro.
– Como você está lidando com isso? Como ela está lidando com você ter um filho com uma puta desgraçada? – Ele perguntou em um tom de inconformidade assim como eu lidava com isso em minha mente. – Desculpa, eu estava tentando ser educado com sua regra de não beber, mas isso é uma coisa que precisa de álcool no sistema para absorver.
Victor andou até o pequeno bar pegando uma garrafa e enchendo um copo.
– Eu realmente não sei como lidaria com um filho. Estefânia não toca nesse assunto e nem eu, acho que é muito cedo e creio que nunca vou estar preparado para cuidar de uma vida a qual vou ser responsável. Porra, isso foi horrível, mas é verdade.
– É exatamente assim que eu estava agindo ou pensando, mas depois que essa criança surgiu e a possibilidade dela ser minha eu... Não sei explicar.
Victor encheu outro copo e me deu.
– Eu não devia. – Recusei.
– O caralho que não devia, você pode ter um filho por ai com Nicole isso tem que ser entorpecido. – Victor tinha razão.
Esvaziei o copo. Depois de um tempo, Victor pegou a garrafa e se sentou no chão se apoiando no sofá.
– Eu não lembro de transar com ela sem camisinha, isso que é o pior.
– Isso foi há tanto tempo que eu nem lembro... Mentira. Cara, ela era doida.
– Ela é doida. – Corrigi.
– Você sabe que eu realmente quis que você morresse depois que você apareceu com a porra daquele jantar para apresentar ela como sua namorada, aquilo foi a maior filha da putagem que você fez comigo. – Victor falou com a voz meio arrastada em consequência do álcool.
– Nem me lembre dessa porra, eu estava louco naquela época.
– Cara, eu conheci ela em um bar e ai a gente transou no banheiro e depois no meu apartamento e depois no meu quarto na casa do lago foi uma loucura. Nem sei como pude achar que gostava dela.
– Ok, eu realmente não quero lembrar de como transamos com a mesma mulher.
– Eu lembro da briga, porra eu jurava que um de nós ia sair morto de lá. Quantos anos tem esse seu filho? – Victor falou colocando a mão em meu rosto.
– Três anos e ainda não é meu filho. – Resmunguei.
– Ainda bem que Teresa quis fazer o exame, porque Nicole pode ter transado com qualquer um da cidade naquela época e falar que o filho é seu. Esse filho podia até ser meu. – Ele ficou sério. – Brincadeirinha. Ela me traiu com você, não pense que ela não faria o mesmo com você.
Concordei. As chances dessa criança ser minha eram quase nulas se eu levasse em consideração o histórico de Nicole. Até cogitei o que Victor falou, mas... O filho ser dele ao invés de meu. Isso iria ser demais. Ela não iria ter coragem. Victor foi pro quarto e eu dormi tentando esquecer sobre esse pensamento. Acordei no outro dia cedo e decidi correr antes de ir para a empresa. Essa era a minha rotina desde que não estava gastando as minhas energias com Teresa.
Passei pela portaria e o porteiro me entregou uma caixa que vinha da Alemanha. Andei até meu escritório e guardei em uma gaveta. Subi pra meu quarto e tomei um banho rápido para ir trabalhar. Bati na porta do quarto em que Victor estava dormindo.
– Acorda! – Ouvi seu resmungo e desci para a cozinha para tomar café.
– Vamos logo, quem sabe hoje elas não aparecem? – Meu irmão repetiu o que tinha dito nos últimos dias.
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Um Inferno Irresistível
FanfictionTeresa Rezende é uma jovem mexicana que veio ao Brasil para estudar design. Morando em São Paulo e dividindo um loft com mais duas amigas, ela ama seu trabalho, mas sonha em ter uma melhor posição na empresa que estagia. Gustavo Lários, é o CEO dest...