Capítulo 6

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Depois de um dia bem atípico, voltei pra casa exausta. Todos os dias eu era surpreendida no trabalho. É, eu acho que comecei a trabalhar no manicômio.

Quando cheguei, não vi nenhuma das meninas pela sala. Talvez Estefânia não tivesse chegado ainda e Cecília poderia estar no quarto. Fui para a cozinha pegar um copo de água e sentei na bancada distraída.

- Por quê diabos você não me contou que tinha pegado o Gustavo no elevador? - Estefânia apareceu ao meu lado me fazendo cuspir minha água.

- O quê?

- Gustavo contou para Victor que contou para mim.

Filho da puta. Merda, merda, merda. Mil vezes merda. Tentei me recompor e a sorte é que minha pele não permitia que a vermelhidão aparecesse tanto quanto uma pele branca. Minha respiração se tornou irregular e eu queria morrer. Aos poucos voltei ao normal e limpei a água que estava escorrendo na minha boca.

- Não rolou nada. Só ficamos presos porque a luz acabou. - Dei de ombros.

Ela fez uma cara de debochada e ficou me encarando.

- Não foi isso que me contaram. - Ela estreitou os olhos.

Pisquei algumas vezes.

- Sabe como isso funciona, né? É tipo telefone sem fio.

- Nada disso! Pode começar. Sabe, eu realmente achei que você não esconderia nada de mim, somos tipo irmãs.

Chantagem emocional, Estefânia sabia fazer isso muito bem.

- Eu também achei, até você começar um relacionamento com Victor Lários.

Peguei ela. Ela torceu os lábios por alguns segundos.

- São situações totalmente diferentes. - Ergui as sobrancelhas. - Ok, sem segredos. Só não contei porque eu ainda não tinha certeza.

- Eu sei, sem segredos. - Nos abraçamos.

- Pode começar.

Contei pra ela como foi, não com tantos detalhes, mas sempre enfatizando o quanto eu o odiei por ter gostado do beijo. Contei o quão babaca ele era e que eu não queria ficar com ele porque ele não passava de um playboyzinho que conseguia tudo o que queria. Estefânia perguntou de mil formas diferentes se eu não sentia nada por ele e eu apenas respondi que não, a não ser uma atração física, quase mínima, mas que isso não era minha culpa e sim do meu corpo que estava enfrentando uma escassez sexual.

Na hora do jantar, Cecília se juntou a nós e vi que não estava para papo. Me deitei cedo e, para fechar a noite, tive pequenos flashes do dia, como meu turbulento almoço, a chegada de França no meu território, a saída da França do meu território, uma cena armada e um convite para um jantar nos Lários. Merda, o jantar. Tinha me esquecido completamente. Se a intenção do filho da puta do Lários era me deixar sem dormir, o desgraçado conseguiu. Assim que me lembrei do jantar não consegui pregar os olhos, me revirei a noite inteira na cama sem saber o que fazer.

Tomei banho mais cedo para não enfrentar o congestionamento que era toda manhã. Amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e percebi que ele estava enorme. Vesti um vestido branco justo que tem um decote quadrado, um scarpin e uma maquiagem leve. Peguei um táxi e não demorei nem meia hora para chegar a empresa. Subi direto para meu andar, deixei minhas coisas em minha mesa e me direcionei para a sala de Gustavo. Me sentei no sofá azul marinho de três lugares que fica encostado na parede perto da porta.

O que eu ia fazer? O que eu estava fazendo? Tirar satisfação com meu chefe por um momento pareceu certo, mas agora vejo com clareza que era uma loucura. A razão era a única coisa que eu deveria ter nesse momento. Não iria cobrar dele nada do que o essencial. Passei cerca de meia hora olhando para a cadeira dele e se eu fechasse os olhos, iria enxergá-lo com seu terno bem desenhado e sua barba que me fazia querer passar meu rosto ao seu. Não, não, não. Mil vezes não. Gustavo era meu chefe e apenas isso. Jamais passaria disso.

- Cadê essa mulher? - Gustavo sussurrou ao entrar na sala.

Me endireitei no sofá e tentei rever tudo o que eu tinha gravado para falar a ele. Meu chefe se sentou em sua cadeira e finalmente me olhou nos olhos e quando o fez, deu um longo suspiro.

- Acho que lhe pago um salário para trabalhar, não para se acomodar em minha sala. - Seu humor estava terrível e imaginei que fosse porque eu não estava em minha mesa.

Ele deu uma olhada para minhas pernas e não me intimidei, tinha que mostrar que ele não me metia medo.

- O que ainda está fazendo aqui? - Sua voz saiu arrastada e por um momento imaginei sua voz no meu ouvido, sussurrando me fazendo arrepiar. Foco.

- Senhor Lários, estou aqui para lhe perguntar algo. Com que direito o senhor disse ao seu irmão sobre o ocorrido no elevador? - Meu tom foi um tanto desafiador e gostei como saiu.

Olhei para seu rosto e vi a ponta de um sorriso em seus lábios. E que lábios.

- O que falo com o meu irmão não é da sua conta, senhorita Rezende.

Eu não ia dar a ele o gostinho da vitória. Não mesmo.

- É da minha conta quando o ocorrido me envolve e devo relembrar que o senhor disse que deveria ser esquecido. Não me entenda mal, mas o senhor parece ter pensado muito nisso.

Agora a merda ficou séria, ele me cerrou com os olhos e um tipo de energia rodou meu corpo por inteiro. Gustavo se levantou indo até a porta, trancou com a chave e a guardou no bolso. Engoli em seco. Ele caminhou até mim e no mesmo momento, me levantei. Por azar - muita sorte, na verdade - estávamos tão perto que trocamos ar.

- Acredite, eu não penso em outra coisa. - Ele sussurrou em meu ouvido e senti minhas pernas tremerem. Agora não, não me traiam.

Suas mãos passaram pela minha cintura, me fazendo grudar em seu tórax - que merda, era maravilhosamente definido. Meu peito começou a subir e descer em uma frequência muito rápida entregando o meu desejo e nervosismo. Uma mão me segurou pelas costas e a outra tocou o meu rosto me fazendo fraquejar. Merda de homem.

- Senhor Lários eu n... - Antes mesmo que eu terminasse a frase, sua língua invadiu minha boca numa voracidade inescapável.

Passei minhas mãos pelo seu peito e envolvi meus braços pelo seu pescoço. Sem recuperar o fôlego, sentia que ia dar merda. Ele me deitou no sofá e ficou sobre mim. Tirei seu terno o mais rápido possível e tentei abrir os botões de sua camisa, mas sem paciência, abri de uma vez estragando seu traje. Ops.

- Eu realmente gostava dessa camisa. - Ele diz e eu sorri.

- Eu gosto mais dela fora do meu caminho. - Puxei de volta para o beijo.

No meio de tantos beijos, ele se sentou e me posicionou em seu colo. Meu vestido estava todo embolado na cintura. Ele levantou meu quadril e puxou minha calcinha. Olhei o pano destruído em suas mãos até ele jogar no chão e se voltar para mim.

- Achei esse vestido um pouco curto para o trabalho. Você vai pagar por me fazer ficar duro no meio do expediente.

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Até a próxima, pessoal. 🤭🤣

Um Inferno IrresistívelOnde histórias criam vida. Descubra agora